Um pequeno grande terrível desastre

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Um recado da autora antes: Gente do céu esse cap ficou muito massa. Tem uma pitada de terror. Um pouco de ação e algo mais... Fiquem loucos ansiosos pelo próximo!
×××

O que eu posso dizer? Que o que aconteceu mais tarde foi um simples acidente? Não, aquilo foi proposital. De algum jeito uma delas tinha planejado aquilo.

◇•°•◇

As irmãs iguais não gêmeas me guiavam à loja de tecnologias Externas. A de cabelos longos tinha um sorriso sombrio nos lábios, a outra olhava para as pessoas com atenção, como se as temesse. Uma hora a de cabelos curtos sussurrou para a outra, não baixo o suficiente para que eu não escutasse.
- Por que estamos tomando esse caminho? Assim vamos parar...
- Shhh - a outra a silenciou e a de cabelos curtos estreitou mais os olhos para ela, irritada e desconfiada - Eu vou ver o que eu quero.
A de cabelos curtos bufou e continuou a andar emburrada e observando todos. Eu já estava cansada, as ruas estavam vazias, minhas pernas doíam, sem falar de meus pés que voltaram a latejar depois de um tempo. Eu tinha certeza que a loja não era tão longe.
Eu encarei as construções, eram mais velhas e mesmo quase no meio dia eram escuras. Deveria ser um bairro pobre, eu não tinha pensado que haveria algum naquele lugar mágico, mas existia. Uma mulher que passava me lançou um olhar terrível e repleto de ódio, como se eu fosse a causa de tudo de ruim na vida dela, o que me fez encolher e me aproximar mais da chinesa de cabelos curtos. Ela também parecia receosa, já a outra que ia à frente parecia animada, eu não via seu rosto, mas a imaginava sorrindo.
As ruas se tornaram sujas e as pedras brancas, cinza. As casas passaram a ser um amontoado, eram muitas e praticamente umas sobre as outras.
- Eh... Min? - A vampira ao meu lado me encarou. - Acho que não estamos no caminho certo.
Ela olhou para a irmã.
- Eu também acho, mas quem sabe andar nessa cidade é a Lan, eu não sou boa em me localizar.
Pronto, já sabia qual era qual. A de cabelos curtos era Min, a de cabelos longos era Lan. Estendi meu braço para tocar o ombro de Lan. Porém um sorriso macabro me paralizou. Abri muito os olhos enquanto a risada ecoava. Meu coração acelerou, senti cada célula do meu corpo. Meu cérebro gritava corra! Mas nenhuma mensagem chegava aos membros os fazendo se moverem. Escutei Min sussurrar droga. Eu não conseguia me virar para trás e ver o que cheirava tão mal. Minha cabeça girava. Lan se virou e o sorriso se desfez, a expressão de pavor não ajudou muito em meu estado. A risada sombria continuava. Era como o bater de ossos, ou algo duro, ruidosa e seca. Eu olhei para trás pelo canto do olho, finalmente adquirindo mobilidade, virei meu rosto apenas um pouco somente para ver a figura fina e escura, parecia um cadáver, fios brancos e crespos espetavam de pontos isolados na cabeça de pele rugosa e quase preta, não tinha lábios e exibia as gengivas e dentes amarelos, pontudos, aquela merda tinha dentes pontudos. O ser em si era esquelético, fino e não havia um pedaço de pano sequer que o cobrisse, o tornando ainda mais assustador. Eram restos mortais que se moviam. Ele ergueu a mão esquelética com unhas enormes e meus membros resolveram que era hora de agir, eu finalmente consegui correr.
Não fui muito longe. Diferente das irmãs vampiras eu não tinha super velocidade, na verdade eu segui apenas alguns poucos metros quando fui derrubada pela criatura, caindo de cara no solo coberto de dejetos e sujeira. Dei um impulso para levantar. E a poucos centímetros do chão já corria. O céu se tornou escuro. Eu não olhava para trás, minha respiração ofegante era tudo o que eu escutava, tropecei várias vezes, mas evitando cair com a ajuda das mãos. Bruscamente meu ombro foi agarrado por mãos compridas e eu fui jogada para o lado, colidindo minhas costas no chão e perdendo o ar. O ser putreo caminhava em minha direção vagarosamente. Do outro lado eu vi as duas vampiras encolhidas e abraçadas, elas me encaravam, ainda estavam ali, apenas para me ver morrer nas mãos de um cadáver, ele também sabia que não as pegaria, eram rápidas, diferente de mim. Elas também não iriam sequer tentar me salvar. O bicho já estava aos meus pés. Ele se agachou e envolveu meu pescoço com uma mão e me elevou. Eu não alcançava o chão, ele apertava meu pescoço e eu estava sem ar. Me debatia à toa, tudo começou a escurecer, meus pulmões ardiam, minha visão embaçava, senti meu corpo pender.
Não pode permitir.
Era a voz do homem, a mesma que me sussurrou a poucos dias perto dos trilhos.
Se você usar seu poder vai derrotá-lo. Queime-o.
Eu não tinha forças, realmente estava zerada. Talvez até morta. Mas então meus olhos abriram e eu encarei o ser medonho e sorri. Não era eu, parecia que meu corpo tomava o controle sobre minha mente, era como se fosse outra pessoa. Senti o calor já conhecido e vi as chamas se alastrarem até o corpo escuro. O aperto em meu pescoço se desfez e então voltei a ter o controle. Eu caí de joelhos me apoiando no chão ainda em chamas buscando ar. Minha garganta e peito doíam. Eu só conseguia pensar em respirar. Escutei um grito horrendo e olhei para a frente. O fogo era verde e o bicho se encolhia e contorcia enquanto queimava. Observei aterrorizada enquanto ele gritava de dor, se é que sentia dor. Sua existência foi reduzida a cinzas e foi aí que percebi que não era apenas ele que virava cinzas, as casas atrás de mim incendiavam. Pessoas gritavam e saiam às pressas das casas. Outras se aproximavam para ver e outras jogavam baldes, copos, panelas, qualquer coisa que carregasse um pouco de água. Alguns dos curiosos me viram e apontavam para mim dizendo foi ela, uns deles percebiam as cinzas e um bolo do que restara do bicho à minha frente e exibiam olhares aterrorizados. Uma mulher se aproximou correndo aos gritos, dizia que tinha encontrado um corpo mais longe de uma mulher. Ela dizia que não tinha partes do corpo. O fogo foi apagado, tinham jogado água em mim também. Eu continuava ao chão, encarando os restos com a cabeça vazia. Talvez por não saber o que pensar, ou por ser o melhor, para não sentir a culpa de matar e o pior, o alívio por tê-lo feito. Por mais que fosse para me salvar, a ideia de matar nunca havia passado por minha cabeça e agora tinha as cinzas de uma criatura desconhecida à minba frente. Eu era uma assassina.

×××
Ok. O q vcs acharam? Eu adorei escrever esse. Senti ele completamente, como se o bicho estivesse ME perseguindo. Aiiii tão ansiosa para saber o q vem a seguir, imagine vcs. Hehehe
Espero que estejam gostando.
Brighid
P.S.: se tiverem perguntas que eu possa responder ficarei mais que felicíssima em responder.

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora