O que fazer? O que fazer? Ia acontecer na lua nova, ele não poderia se transformar para se defender. Adam estava em apuros. Precisava falar com Chris e Serafina, mas como? Não tinha aula naquele maldito dia, não sabia como encontrá-los e mesmo que soubesse não iria chegar lá sem alguém para me levar, provavelmente me perderia. Maldito dia!
- O que faz aí?
Olhei para cima, Britta estava na porta, o protetor ainda fechado, os cabelos desgrenhados praticamente para cima e os olhos estreitos devido a luz. Ela coçou um olho e bocejou, ainda estava cedo, bem cedo e Britta sempre levantava o mais tarde que podia.
- Pensando.
Ela abriu o protetor e veio para a varanda que dava para seu jardim, sentou ao meu lado no balanço e jogou a cabeça para trás.
- Em que?
Deveria contar? Ela era quem me acolhia ali, quem me protegia à própria maneira. Contar não seria difícil, o complicado era a reação. Será que ainda poderia partir atrás de um monstro naquela noite se eu a contasse? Não. Melhor não.
- Conto amanhã.
Sim. Amanhã seria melhor, contaria depois que tudo estivesse resolvido. Mas aí veio a questão: amanhã tudo estaria resolvido?
Britta lançou um olhar lateral enquanto erguia uma sombrancelha sugestivamente.
- Certo... Mas mudando de pergunta. Como foi a noite?
- Aterrorizante.
Ela riu.
- Eu já lidei com um Furler, são barra pesada.
- Oh! São sim. A mãe uma manipuladora, o pai frio e o irmão nem apareceu.
- O mais novo dos Furler tem apenas catorze anos.
- O que tem isso?
Ela apoiou a cabeça em uma mão.
- Os menores não têm permissão para participar de eventos sociais, nem os privados.
- Mas... Adam estava lá.
- Isso porque o motivo do jantar era ele e você. Mas ele deve ter pedido para participar.
- Nossa!
Aquilo era estranho. Uma família que não aparecia junta. Deveria ser difícil, lembrei de todas as exposições que minha mãe me levava, como eu conversava com os adultos, da vez em que bebi vinho pensando ser suco, eu extraguei uma pintura quando cuspi tudo, minha mãe comprou a tela e a pendurou na sala, disse que antes ela nunca olharia mais de uma vez para aquele quadro, mas que depois do meu toque, ou cuspida, o vinho deixou ela bonita, aquela tela ainda deveria estar na sala que agora estava vazia. Olhei para minhas mãos sob o colo, encarei os padrões em meu indicador, os espinhos espiralados, se minha mãe era a mesma coisa que eu deveria ter algo daquele jeito nela, mas não me lembrava de ela ter nenhuma tatuagem, se bem que ela usava roupas que cobriam bastante o corpo, uma sensação de que ela tinha uma vagava um pouco distante, mas existia, devia haver. Quando a visse novamente tinha que perguntar.
- Não vai se trocar?
Olhei para o vestido amarelo, aquela coisa ainda estava em mim.
- Pelo visto você não dormiu.
Confirmei e olhei para Britta.
- E parece que você não dormiu o suficiente.
- Nunca é o suficiente. Se pudesse eu rolava na cama pelo resto da vida.
Ela falou tão séria que eu ri.
- E por que acordou tão cedo?
Ela suspirou.
- Hoje o conselho vai se reunir.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não conte a ninguém, isso é extremamente confidencial.
Acenei, séria assim como ela.
- Pelo visto um Deus desapareceu.
- Qual?
Deus desaparecendo, isso parece mais uma espécie de brincadeira.
- Camaxtli, um deus asteca, ele é das antigas. É meio suspeito que ele tenha desaparecido.
- Por que?
Britta fez uma careta.
- Os deuses mais antigos são muito fortes, poder puro. Se ele desapareceu algo ruim pode estar solto por aí.
- Será que ele realmente desapareceu? Pode ter só se isolado ou algo assim.
- Já fazem mais de três semanas que ele foi visto. Todos os deuses têm a obrigação de se encontrarem toda semana no castelinho deles. Ele não foi em três.
- Espero que não tenha mais nada ruim a solta...
A imagem do monstro me veio à mente.
- Realmente. Já basta esses desaparecimentos e um wendigo ter entrado na cidade...
Ficamos em silêncio por segundos congelantes então Claren irrompeu pela porta e encarou Britta.
- Você vai se atrasar!
- O mundo não vai cair em caos por causa disso!
Claren ficou vermelha de raiva e Britta bufou.
- Certo. Estou indo. Estou indo. - ela se levantou e ergueu as duas mãos enquanto passava por Claren - Vê? Não precisa ficar nervosa. Calma!
Depois de Britta entrar Claren voltou sua atenção para mim. Engoli em seco.
- E você ainda está desse jeito? Não dormiu?!
Dei um sorriso nervoso enquanto seguia os passos de Britta.◇•°•◇
Britta se arrumou e saiu, sem tomar café da manhã. Claren preparou panquecas para nós duas. Me deliciei um pouco com as delícias que ela preparava na cozinha.
- Então...?
Engoli o que tinha na boca.
- Então o que?
Claren juntou as louças dela e levou para a pia, ficando de costas para mim.
- Como foi o jantar?
Ela tentava soar indiferente, mas Claren não é indiferente, Claren é interessada em cada detalhe de tudo, por isso a cozinha parecia reluzir de tão brilhante, mesmo a madeira que antes era opaca agora estava lustrosa.
- A sra. Furler foi o mais receptiva que ela podia.
- E o sr. Furler?
- Ele não se juntou a nós por muito tempo.
- E o... - ela pigarreou - seu amigo?
Dei de ombros enquanto colocava mais um pedaço na boca. Depois de engolir a respondi.
- Bem.
Ela fechou a torneira e se virou para mim.
- Qual o relacionamento de vocês? Tirya... se você foi chamada por causa dele os pais, ao menos, devem achar que tem alguma coisa... a mais do que simples conversas.
Eu ri.
- Nenhum, apenas conhecidos que conversam.
Ela não parecia satisfeita.
- Claren, eu prometo contar tudo, sério. Mas não hoje. Amanhã.
Ela ergueu as sombrancelhas prateadas.
- Por que só amanhã?
- Você vai saber.
Ela suspirou.
- Certo. Mantenha seu segredo. Mas amanhã vai contar tudo. Não posso aguentar ficar assim. Já basta os segredos que Britta guardava com sua mãe e Liang quando eu era menor. Não quero ficar fora da aventura agora. Já tenho tamanho e conhecimento.
Ela deixou escapara algo.
- Aventura? Segredos?
Ela voltou à louça.
- Sua mãe realmente não contou nada?
Neguei.
- Bem... Quando ela esteve aqui-
Ela parou de falar quando uma batida forte e impaciente soou. Tinha alguém à porta.
Claren secou as mãos em um pano e seguiu para a sala e então a área em que a porta anterior da casa ficava. Parei de comer e fui até a sala. Era uma voz feminina.×××
Brighid is back!
Kkkk sentiram minha falta? Eu estou felicíssima por estar em casa e pq realizei um pequeno sonho.
Então... Falando sobre o livro: esse cap realmente tem uma pista importante, mas não só uma na verdade. Enfim, boa sorte.
Durante minha viajem escutei muitas músicas e sempre que escutava Fireproof de Against the Current só pensava na Tirya, apesar de não pensar no ela de agora, mas num ela do futuro.
Alguém já leu Trono de Vidro? Bem, essa série é mais ou menos como ele, o primeiro livro apenas mostra os personagens e as personalidades, no próximo teremos algumas dicas melhores sobre o geral da história. O próximo vai ser de arrasar. Estou ansiosa. Querem o nome?
No próximo cap coloco. Hehehe
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...