Ela sorriu exinbindo as presas.
- A sorte está ao meu favor.
Liang olhou para Claren, eu vi os olhos da bruxa brilharem.
- Claren, é bom ver que está de volta. Vá ao meu restaurante, terá uma refeição por minha conta. - Ela piscou um olho. - Mas será que posso roubar esta jovem de você?
Claren sequer piscava.
- Claro que sim. Ela é toda sua.
Mais uma vez uma negociação por mim sem me envolver.
Liang sorriu e se colocou ao meu lado, passando um braço sobre meus ombros e se inclinando levemente em minha direção.
- Eu preciso de sua ajuda.◇•°•◇
Eu encarei o pequeno garoto. Os cebelos negros desgrenhados, os olhos negros e um pouco puxados, as maçãs rosadas, ele era uma criança do tipo que dava vontade de apertar, abraçar e guardar em uma estante no seu quarto para sempre.
- Então você quer que eu fique com ele?
- Só enquanto eu lido com as irmãs dele. Elas chegam hoje e vai ser um estardalhaço, aquelas meninas são muito agitadas. Preciso que alguém fique com ele enquanto eu vou buscá-las e alojo elas por aqui.
- E quem são elas?
- Minhas sobrinhas, filhas do meu irmão, Min e Lan, esse é o pequeno Gui.
- Por que eles vêm morar com você?
Um dos meus defeitos é a curiosidade, outro é não conseguir segurar a língua. Quem me respondeu foi o pequeno.
- Mamãe morreu.
Eu prendi a respiração e olhei para o garotinho aterrorizada, eu o tinha feito falar que a mãe tinha morrido. Quando eu era pequena e finalmente entendi a morte de meu pai eu tive grandes acessos de choro sendo que jamais o conheci, o que eu não tinha feito a aquele menino?
- Não fique triste. Ela não era minha mamãe mesmo.
Liang abriu bem os olhos.
- Gui! É claro que Fei era sua mãe.
Ele fechou os olhinhos e negou.
- Eu sou impuro. Lan e Min são puras. Eu sou igual ao papai, então a mamãe não era minha mãe.
Liang apertou a ponte do nariz e se agachou.
- Fei é sim a sua mãe e mesmo que não tivesse sido ela quem o gerou ainda foi ela quem o amou e criou. Ela é sim a sua mãe. Entendeu?
Ele confirmou e ela se levantou em um suspiro. Logo ela sorria novamente.
- Enfim, meu irmão viaja muito, por isso as crianças vão vir ficar comigo. Você pode levá-lo à doceria, o que ele ou você quiser.
Ela pegou uma bolsinha de cima da mesa baixa que ficava no meio da sala de entrada da casa dela e me entregou.
- Gastem tudo. Não quero ver uma moeda quando voltarem.
Eu sorri agradecida. E me agachei para o garotinho.
- Olá Gui! Eu sou a Ti- parei me lembrando de onde eu estava e me corrigi - Maika, o que acha de passar a manhã comigo?
Ele continuou sério, mas confirmou. Eu dei meu melhor sorriso e estendi a mão para ele, que a agarrou com força. Eu nos guiei casa afora.◇•°•◇
Estavamos em uma rua nova para mim. Era mais agitada e tinha muitas mães com crianças. Quem me guiava era Gui, ele sabia andar pela cidade, diferente de mim, uma oferenda completamente perdida no labirinto do minotauro. Ele me carregava entre a multidão, as vezes parava e observava outras crianças brincando, quando eu perguntava se ele não queria se juntar a elas ele simplesmente voltava a andar. Em um momento eu parei, me agachei e o puxei para mim, permiti que minha criança interior saísse e passei a pensar em tudo o que eu mais gostava quando tinha a idade dele.
- Por que não seguimos o conselho de Liang e vamos a uma doceria?
Os olhinhos dele brilharam. E ele confirmou.
- Você pode nos levar? Eu não sei andar por aqui.
Ele respondeu com um piscar de olhos e voltou a caminhar, dessa vez com um lugar específico como destino.
A loja era enorme. Tinha doces de todos os tipos, jeitos, sabores e com tantas coisas diferentes que pensei estar no paraíso de açúcar. Gui ia de uma estante a outra, olhava rápido e já estava na próxima. Uma atendente veio a nós, ela era ruiva e tinha brilhantes olhos verdes, me parecia bastante jovem.
- Vão querer alguma coisa?
Eu sorri olhando para Gui.
- O que ele quiser.
Ela olhou dele para mim.
- Claro. - Ela seguiu para ele. - Então, bonitão, o que vai querer? A moça ali disse que pode pegar o que quiser.
Ele se mantinha sério, mas o olhar dizia tudo sobre sua felicidade. Ele apontou doces específicos e a atendente os colocou em um saquinho. Eu fui ao balcão.
- Serão cinco wes.
Peguei a bolsa e tirei duas moedas, eram de bronze, uma tinha um I gravado e outra III, procurei outra de I e entreguei as três para a atendente. Não tinham muitas moedas na bolsa. Uma de L, outra de XXX e mais algumas de valores menores.
Saímos da doceria e Gui parecia mais feliz. Ele me estendeu o saquinho e eu peguei um dos bombons estranhos. Era verde e parecia uma moeda. O coloquei na boca e imediatamente senti como se minha boca congelar e um ardor muito forte. Inspirei pela boca rapidamente. E escutei uma gargalhada. Olhei para Gui.
- Do que - Arde, arde, arde. - esta rindo?
Arde! A risada dele era gostosa como a de toda criança.
- Não sabia que ele ardia!
- Não tem - arde, arde. - graça!
Ele continuou a rir.
Depois de grande parte do ardor passar, mas minha boca continuar congelante, continuamos a caminhar. Gui parou em frente a uma loja com muitas pelúcias e ficou encarando um lobo negro, que me lembrou do lobisomem da noite anterior.
- Você o quer?
Ele não me respondeu, apenas me encarou momentaneamente e voltou para o lobo. Eu sorri e segurei sua mão.
- Venha.
E o levei para dentro da loja.×××
Avisando que amanhã não terá cap.
Espero que estejam gostando.
Eu achei o Gui tão fofinho. Hehehe. Crianças como ele são ótimas.
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...