Engoli em seco. Suor escorreu por minha testa, senti a franja grudar em minha pele. Apertei minhas mãos e nada. Aquela vela idiota não acendia.
- Talvez o problema seja a vela.
Britta cruzou os braços e me lançou um olhar autoritário.
- Já trocamos de vela três vezes. O problema definitivamente não está nas minhas velas.
Suspirei e voltei a encarar a cera em tubo. Britta repetia que eu tinha que voltar ao campo e encontrar o buraco, era nele que estava o poder. Imaginei o lugar, imaginei a cratera, mas não acontecia nada. Era o segundo dia que fazia aquilo e o teste para a academia Unique era amanhã, eu falharia. Eu queria tanto estudar com Shun...
- Oh! Está acendendo!
- Mesmo?
Cheguei bem perto da vela e vi o fio ficar dourado, mas nada além disso. Suspirei frustrada.
- É, eu tenho que ir para a loja.
Britta pulou do balcão da cozinha.
- Não incendeie a casa!
Ela saiu.
Me encurvei. Mais uma tarde sozinha com uma vela apagada. Me levantei do chão e coloquei a vela na mesa redonda da cozinha e saí para o jardim.
Me apoiei sobre o portão e encarei a floresta, ela estava azulada, o sol não era forte naquele dia e estava coberto por nuvens. Deveria ser linda de perto. Escutei um piii distante, era o trem, me ergui, a primeira vez que via um trem passar por aqueles trilhos. Era enorme e de modelo antigo, com fumaça e vagões metálicos cheios de pessoas e mercadorias. Abri o portão e me sentei na grama, observando o trem passar. Imaginava que tipo de pessoas estavam naqueles vagões. Haveria alguém como eu? Teria vampiros e lobisomens? Talvez serieas e fadas.
O segundo capítulo daquele livro Identificando os portadores era sobre sereias, a ordem dele era muito estranha, dizia que eram mulheres belas e todas tinham cabelos ruivos, a pele macia e dura, quando na água mortais e na terra apenas encantadoras, elas se alimentavam de carne humana no passado e com a mudança para as cidades construídas pelas bruxas ela passaram a comer outras carnes. Imagino se cruas. Suspirei, para mim sereias eram como a Ariel, não comedoras de humanos. De certa forma tudo era real e distorcido ali. E assim como eles eu era. Só que eu estava em uma situação pior, não sabia nem o que eu era. Talvez uma alf. Mas Dara tinha dito que éramos diferentes, talvez alguma nova espécie. Meio-alf. Não me parecia tão mal. Era definido e simples, não um grande mistério. Meio.
Percebi que eu não sabia o que meu pai era. Ele podia ser de uma espécie diferente. Talvez eu realmente fosse mestiça. Me levantei e analisei minhas memórias. Não tinha nada dele, nem mesmo Dara falando sobre ele. Apenas palavras de ter sido um bom homem. Ele estava morto, disso eu sabia, mas e os pais dele? Talvez eu pudesse conhecer eles. Tinha que perguntar para Britta.
Entrei correndo na casa e subi as escadas apressada. Rapidamente encontrei um par de sapatos e calcei meus pés. Peguei meu caderno e anotei avós, logo abaixo do que a dríade tinha dito. A folha já estava cheia das pervuntas que carregava comigo. Eu andava pelo quarto de um lado para outro, relembrando como chegar na loja, mas minha cabeça era um turbilhão de pensamentos.
- Para que toda essa agitação?
Parei em frente a janela e do outro lado estava Shun. Meu coração disparou ao vê-lo. Ele não aparecia desde o dia em que eu acordei. E agora ele parecia apenas mais bonito. Estava na forma humana, o que me entristeceu um pouco, eu adorava aquelas orelhas peludas de raposa, algum dia ainda ira tocá-las.
- Estava tentando me lembrar como chegar na loja de Britta.
- Por quê?
- Eu quero perguntar - me lembrei que ela achava que eu era órfã, abrigada por Britta e sua família. - Sobre meu poder. Ainda não consigo usá-lo.
Ele riu. Aquela risada fazia meu coração derreter e me deixava sonhadora.
- É claro. Demora muito para conseguir. Ela tem te cobrado não é?
Concordei.
- Se quiser te ajudo, mas não é nada garantido.
Eu fiquei estremamente empolgada. Eu podia perguntar sobre meu pai depois.
- Quero sim! Uma bruxinha irritada e impaciente não é uma professora muito boa.◇•°•◇
Ele tinha me chamado para o gramado perto dos trilhos. Tinha um monte de madeira na minha frente.
- Lembre-se, não é imaginar. Você tem que entrar em sua mente e descobrir onde o sei inscius está. Depois tente puxá-lo para si. Tire um pouco da energia no seu poço e a expulse do seu corpo, focando na madeira.
Fechei meus olhos e obedeci. Fiquei em um monólogo mental. E agora? Eu estou pensando, mas é só isso? O que eu faço? Vamos lá inscius.Você nunca vai conseguir assim.
Era ela. A menininha ruiva dos meus sonhos, mais uma vez ela aparecia enquanto estava acordada. Eu abri meus olhos e lá estava ela a minha frente, mas não no breu, ela estava na minha frente no meio do campo, com um monte de madeira entre nós.
- Para usar o que eles chamam de inscius, você tem apenas que querer, que sentir. Não é tão complicado como eles dizem. Você é diferente. Até porque aquele poço não era seu. Para usar aquela energia apenas sinta. Sinta tudo ao seu redor. Sinta o que você roubou. O que agora está em você.Ela sumiu e eu voltei a madeira, mas algo estava diferente. Era como se o mundo ganhasse uma nova consistência, algo emanava de tudo ali, e eu senti, senti que tinha algo em mim. Eu puxei esse algo e ele escapuliu de minhas mãos. Então eu estava pegando fogo.
×××
Mudei denovo.
Mas o prox cap vai ser mesmo o O teste. Na verdade esse ia ser Em chamas, mas aí lembrei do filme kkkk
A Tirya é bem diferente da Katness gente.
Um pandabraço
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...