Eu tinha acabado de me sentar e encolher quando escutei uma grande comoção. Me levantei apoiando no pé bom, estiquei-me ao máximo tentando ver além do paredão, mas não podia ver muito além. Gritos ecoaram, fiquei ansiosa e nervosa. E se estivessem lutando ali?
Um rugido bem alto me espantou, era um leão e pelo tom que alcançou era ou muito forte ou grande. Fiquei curiosa. Aquele lugar era sim um zoológico, mas ele com certeza era abandonado, exceto pelos impostores, mas toda aquela estrutura era antiga, não tinha como ter um leão saudável assim ali.
Eu escutava a agitação, mais rugidos e comecei a ver brilhos, como se estivessem acendendo luzes e as apagando. Fiquei na ponta dos pés, mas não via nada. Fiquei angustiada. Não podia fazer nada.
- Agora é sua hora.
Escutei a voz da garotinha e logo ela estava à minha frente.
- Como essa pode ser minha hora? Estou presa.
Ela sorriu e apontou para minha lateral, acompanhei seu dedo e vi que ela indicava a abertura que antes estava bloqueada pelas barras.
- Mas ainda deve ter outra grade, alguma coisa impedindo.
Ela começou a pular para a passagem.
- Eu vou te ajudar.
Decidi que teimar com ela não ajudaria em nada então a segui.
Tive que me abaixar para passar e me deparei com um longo corredor inclinado e estreito. Ela subiu até o topo e eu a segui, evitando ao máximo forçar o pé machucado. Ao chegar ao final havia mais barras de ferro bloqueando a liberdade, ali no chão havia um prato de comida, o ignorei, apesar de minha barriga protestar. A garotinha apareceu do lado de fora.
- Eu disse. Não tem como.
Ela sorriu.
- Derreta as barras.
Fiz uma careta.
- Mas não estou conseguindo fazer o fogo, me sinto fraca. E mesmo se pudesse isso é de ferro. Não tem como usar inscius ou qualquer magia em ferro, ele bloqueia tudo.
Foi a primeira coisa que Tarsa disse no segundo dia de aula: ferro é a fraqueza de todos, não adianta lutar contra ele, é só desperdício de energia.
A garotinha aumentou ainda mais seu sorriso.
- Eu disse que ajudaria. Seu fogo vai acender. Tente!
Mais uma vez resolvi escutá-la, não tinha nada a perder. Ergui as mãos e agarrei duas barras no topo. Procurei as linhas e mais rápido que nunca as encontrei, eu sentia que eram várias, tantas que fariam uma grossa e forte corda. Mentalmente puxei uma e senti o calor em minhas mãos.
- Você tem que aprender a controlar desse jeito. - Disse a garotinha - Ou vai desperdiçar muito poder e energia, precisa focalizar. Dessa vez quem está limitando sou eu, mas como eu disse, não estarei aqui para sempre.
O ferro rapidamente ficou líquido e pingou até que minhas mãos não envolviam mais nada. Fiquei impressionada, atentei minhas mãos um pouco observando principalmente a marca que brilhava levemente, era incrível. Voltei a trabalhar nas outras barras até que pude sair. Inspirei fundo e dei um passo em direção à confusão, mas parei quando vi o tumulto concentrado em um único lugar. Vários Shuns lutando contra um leão gigante, um elfo e outro Shun.
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...