O plano foi repassado e repassado. Cada palavra decorada, a voz de Serafine ainda ecoava.
- Ainda não concordo com isso.
Serafine bufou para Adam.
- Temos outra opção, senhor lobo que morde e rosna?
- Podemos esperar até amanhã a noite...
- Quando você puder se transformar? Isso é, se eles não decidirem se livrar de do inútil antes.
Adam estava ficando ainda mais enfurecido com Serafine, aquilo não era bom. Fui até ele.
- Tudo bem, Adam. Eu posso fazer isso.
Não posso não.
Ele suspirou longamente e me olhou nos olhos. Era estranho não ver aquele brilho dourado, nem o cabelo dele reluzir em prata, mas daquele jeito, mais humano, ele era acolhedor, me lembrava de quando não tinha que me preocupar com criaturas sombrias sequestrando pessoas.
- Você parece discordar disso tanto quanto eu.
- Mesmo assim eu vou fazê-lo.
Por mais que não quisesse matar mais nada, nem carregar a culpa depois. A imagem do wendigo carbonizado ainda aterrorizava minha mente.
Ele agarrou uma barra e encostou a testa em outra.
- Se não fosse lua nova...
Ele estava se culpando. Percebi que ele provavelmente se culpava por termos sido capturados, um lobo perceberia qualquer aproximação à metros de distância, mas um humano não. Não queria que ele ficasse daquele jeito, a culpa também era minha, se eu não fosse tão sedentária ou se eu o tivesse obrigado a ficar ele não estaria ali. Mesmo discutindo comigo direto desde o início da noite ele continuava sendo o mesmo cara que tentou me proteger da fúria de lobos, o mesmo que me fez companhia nas últimas noites, ele era meu amigo. Sim. Podia dizer aquilo, depois de todas as conversas, gargalhadas, segredos.
Envolvi a mão dele na minha. Ele levantou os olhos para mim.
- Vou nos tirar dessa.
Exibi o melhor sorriso que podia oferecer naquele instante. Ele apenas me olhou de volta, eu esperei. Esperei sentir que estava tudo bem para ele. Ou teria se não tivesse sido surpreendida por uma voz que mentia ser de uma certa raposa.
- O que é isso? - me virei e lá estava ele, em um terno todo branco - Não sabia que o humano tinha conquistado a híbrida. - Ele gargalhou. - Talvez não devesse ter colocado os dois lado a lado.
Ele olhou para as jaulas exibindo um sorriso que acabava com a beleza de Shun. Soltei a mão de Adam e me virei para o impostor, inspirando fundo para reunir coragem ou ao menos parecer que tinha alguma. Ele andou para mais perto.
- Acho que vou ter a chance de brincar mais com algum de vocês. - ele passou os olhos por nós três parando em Adam. - Mas não quero você. - Olhou para Serafine depois para mim. - Uma das duas parece mais interessante.
Ele andou entre nossas jaulas.
- A ousada? - ele olhou Serafine de cima a baixo. - Ou a quieta?
Ele sugou o ar fazendo um som que parecia um s prolongado.
- Você não tem poder para tomar nenhuma das duas.
O garoto surgiu das sombras. Me incomodava como aquele lugar era escuro. O Shun impostor girou para se voltar para o Marco impostor.
- Tem razão. Mas não deixo de querer. O que acha? Qual escolheria?
Ele indicou nós duas com uma mão. O impostor menor olhou rapidamente para nós duas.
- Nenhuma. Também não tenho o ppder.
- Você realmente é um chato.
- Infelizmente, é por isso que tenho que trabalhar com alguém como você.
- E quando demonstra alguma emoção é algo como isso. - Ele se virou para Serafine - Vê, loirinha? É com esse tipo de coisa que eu tenho que lidar diariamente. Não sente pena de mim? Não tem vontade dd me consolar?
Serafine fez algo que eu só percebi que tinha feito quando enfrentou as consequências. Ela estava bem próxima das barras e quando o impostor terminou de falar ela cuspiu na cara dele. Certeira no olho. O impostor ficou parado por um segundo. Depois limpou o olho com uma mão e mais rápido que eu pude acompanhar agarrou o pescoço de Serafine e a ergueu do chão.
- É por isso que eu não gosto das ousadas. Elas sempre fazem coisas erradas.
Serafine agoniava. Eu corri para as barras e estiquei meus braços me juntando a Adam em ordens enfurecidas para que ele a soltasse. Nesse instante eu quis verdadeiramente que aquela coisa morresse, que ele queimasse até que mesmo as cinzas deixassem de existir. Eu senti a fúria, senti o poder, senti todas as cordas de que Shun falara nos trilhos. Mas quando tentei puxá-las, nenhuma veio.
O impostor soltou Serafine, ela caiu no chão tossindo e envolvendo o pescoço enquanto tentava respirar, ele olhou para mim com um sorriso cínico.
- Acho que eu ficaria com a quieta.
Eu olhei para ele pasma. Ele era horrível, seria um favor a existência se aquela fosse apagada. Foi quando eu decidi que aquela morte seria merecida e que eu jamais carregaria a culpa por ela.
- Vamos cuidar logo disso!
O impostor olhou para o menor.
- Sim, tem razão. Mas onde estão os outros?
O menor apenas olhou para algum lugar e o maior pareceu entender.
- Aqueles miseráveis não trabalham e ainda são os primeiros a serem honorados.
Ele colocou a mão num dos bolsos e tirou um molho de chaves. Ele começou a as levar à fechadura de minha jaula. O mundo parou por alguns instantes. O plano não seria o suficiente. Não. A morte não era o suficiente, ele tinha que sofrer. Então eu tracei um novo plano.
A chave entrou na fechadura e rodou. Eu estava pronta.×××
Momento Sherlock Holmes de Tirya. Kkkkk.
Não tinha planejado do jeito que vai ser, mas vai ser.
Próximo cap. : Quando Tirya luta pela primeira vez.#81 em fantasia
Muito obrigada pessoal, vcs são demais! Eu dei meu gritinho de emoção aqui quando vi isso. Realmente muito obrigada.
É o rank mais alto desse livro, gracas a vcs, Amados leitores amados. *lagrima de emoção escorrendo.* Abraço virtual.
Vcs são demaisu!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasia" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...