Capítulo 35

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Acordei em um lugar estranho e eu estava em movimento, o que era aquilo? Tinha médicos e enfermeiros ao meu lado. Eu estava em uma maca. Não estava ouvindo direito o que eles diziam mas uma enfermeira percebeu que eu acordei e eu ouvi ela dizer algo.

- Olha, ele acordou! - Ela dizia ainda ajudando empurrar a maca.

Meus olhos mal conseguiam se abrir direito e minha vista começou a escurecer e eu apaguei novamente.

Quando acordei estava dentro de uma máquina que fazia um barulho insuportável, queria me levantar daquilo mas era impossível e a dor de cabeça que eu estava sentido era horrível. Me tiraram de dentro da máquina e eu perguntei onde estava e o que eles estavam fazendo comigo. A enfermeira explicou calmamente que estava fazendo uma ressonância magnética pra ver se eu tinha alguma lesão no cérebro. Me levaram pro quarto e meu irmão estava lá, preocupado.

- Miguel, você finalmente acordou.
- Tiago, o que houve?
- Você teve uma briga com o Cadu.
- Nossa.. Minha cabeça dói.

Tiago se levantou pra pegar um espelho e trouxe até a mim. Quando vi meu rosto fiquei pasmo, estava inchado e roxo, cheio de hematomas. Meu corpo inteiro doía.
Depois de conversar um pouco com o Tiago, eu adormeci por causa dos remédios. Quando acordei, a Geovanna estava sentada do meu lado segurando a minha mão. Ela abriu um sorrisão ao ver que eu tinha acordado.

- Oi.. - Digo sonolento.
- Oi, mi.. Como você se sente? - Ela diz passando a mão em meus cabelos.
- To péssimo. Minha cabeça dói pra caramba e o Cadu, bem.. O Cadu nunca mais vai querer falar comigo.
- Eu que não quero saber dele. Você poderia ter morrido!

Suspiro e fico em silêncio. Ela continua a mexer em meus cabelos.

- Desculpa pelo transtorno. Eu não quero te causar mais problemas.
- Miguel, para! Eu ja tinha explicado pra ele, e enfim... A gente nem combinava mesmo. Ele foi um babaca de ter te batido.

Sorri sem graça. Ficamos ali conversando e a Geo não saía do seu lado por nada, quis me dar a sopa do hospital e por mais que fosse horrível só pelo fato dela estar me dando na boca, a sopa ficava deliciosa.

- Eu te amo, Geovanna.
- Eu te amo mais, encrequeiro.
- Eu?
- Você. Ridículo!
- Feia.

Demos risada e o médico que estava cuidando do meu caso entra no quarto.

- Desculpa interromper, senhores. Miguel, como se sente? - Ele falava sério.
- Estou melhor, doutor. Ja estou me recordando do que me fez parar aqui desse jeito. - Sorrio sem graça. - Que bom! O resultado da sua ressonância vai sair daqui dois dias e amanhã você vai fazer mais alguns exames.
- Mais???
- Sim, não sei se você viu sua barriga... - Ele disse se aproximando e subiu a minha blusa. - Ela está cheia de hematomas. - Ele disse fazendo uma cara feia.
- Doutor, eu não tenho nada grave ne?
- Vamos saber amanhã se você fraturou alguma costela ou alguma outra coisa. Sua barriga está bem machucada mesmo.
- Eu sinto dores ao rir e ao respirar. - Iremos investigar isso aí Ok? Pode ficar tranquilo. Qualquer coisa manda me chamar.
Sorri e assenti com a cabeça.

Olhei um pouco preocupado pra Geo e ela me olhava com pena e culpa. Desceu uma lagrima dos seus olhos.

- Geo, não fica assim. Eu vou ficar super bem, prometo.
- Nunca pensei que ele faria isso com você.
- É, eu também não.
Suspiramos juntos.
- Mi, eu vou em uma lanchonete aqui perto comprar algo pra comer. Quer alguma coisa?
- Não, linda. To bem...
Ela me deu um beijo na bochecha e saiu.

Fiquei ali olhando pra aquele quarto de hospital e lembrando dos meus pais. Eu fiquei órfão de pai e mãe cedo, tinha 10 anos quando tudo aconteceu. Meus pais viajaram pra o Rio Grande do Sul à negócios, deixaram o Tiago tomando conta de mim. Afinal, só era nós dois, ele tinha 15 anos na época. Chovia na pista e o carro do meu pai foi sabotado pelo meu tio que o invejava por ele ter sucesso nos negócios. Ele tirou os freios do carro e meus pais perderam o controle em uma curva, morreram na hora.
Como eu tinha saudades deles, a minha mãe era uma mulher tão doce e calma. E meu pai era durão mas era muito carinhoso comigo e com o Tiago. Depois de tudo isso, fomos morar com meus avós, que nos trataram muito bem. Mas depois de dois anos, meu avô morreu de infarto. Minha vó não ficou mais a mesma e morreu de desgosto.
O Tiago fez de tudo pra nos manter, trabalhou em tudo que pôde. Até de lavador de chão. Um homem muito rico o conheceu e convidou pra trabalhar na metalúrgica dele, o Tiago nem sabia de nada mas o homem ensinou tudo que sabia pra ele com muita calma. O senhor também se dispôs a pagar as melhores escolas pra mim e foi um pai pra nós o tempo todo. Quando morreu, deixou toda a sua fortuna para o Tiago e pra mim também.

Que saudade que eu tinha dessas pessoas!

Alguém bate na porta e eu peço pra entrar. Era a Manuella.

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