Parece Amor

Capítulo 59

Terminei de escrever e até me admirei do que tinha escrito. Pensei em entregar pra Geovanna mas com certeza ela não iria querer aceitar. Então tive uma idéia, iria entregar pro Cadu e ele entregaria à ela pra mim.

No outro dia na faculdade, estava confiante. Vi o Cadu na entrada, expliquei tudo que ele tinha que fazer, ele me disse que iria entregar com toda certeza. Então fiquei confiante e ansioso pelo intervalo, ficava batendo os pés e olhava pro relógio toda hora.

Pietra percebendo a minha inquietação, olhava pra mim preocupada.

- Miguel, você ta legal? - Ela cochichou pra mim.
- To otimo. Fiz um poema pra Geo. - Disse sorridente e cochichando.

Ela revirou os olhos e voltou a prestar atenção. Quando bateu o intervalo fui correndo para o pátio e vi o Cadu entregando um papel a Geovanna. Mas a cara que ela fez não foi a que eu esperava.

Me aproximei mais um pouco dos dois e pude ver melhor a expressão em seu lindo rosto. Ela não estava com um sorrisinho no rosto, ela estava brava e ao mesmo tempo triste. Empurrou o Cadu e me achou no meio da multidão de alunos que saía para o intervalo. Ela veio pisando forte pra minha direção e pude perceber que lágrimas caíam do seu rosto.

- Qual é o teu problema?
- Você não gostou?
- Você é um imbecil. - Ela me deu um tapa forte no rosto deixando marca.
- Pelo visto não. - Disse baixo e com a mão no lugar que ela bateu.
- Miguel, você nunca mais chegue perto de mim, fale comigo ou mande recados. Eu não quero saber de você, eu não quero ver você, eu quero que você suma.
- Geovanna, eu só queria te agradar. - Eu disse triste.
- Olha o que eu faço com o seu "agrado". - Ela fez sinal das aspas com a mão e em seguida começou a rasgar o papel em vários pedacinhos.

Não tive mais palavras pra dizer a ela depois dela ter sido tão rude. Eu não conseguia entender o porque dela ter ficado tão brava. Eu nunca chorei por uma garota, mas essa me fez ter uma vontade imensa. Eu segurei pra não parecer fraco.

Ela ja tinha saído de perto de mim, quando de repente ela decidiu voltar.

- Ah, eu esqueci de mais uma coisa. Não mande recados pelo Carlos Eduardo, ta me escutando? - Ela gritou.
- Ta. - Falei baixo.

Ela me encarou por algum tempo, mas a presença dela ja me fazia mal depois de tudo isso. Eu me retirei educadamente e fui pra minha sala, Cadu veio atrás de mim.

- Eu não entendo a Geovanna não, cara. Você fez uma parada tão bonita pra ela. - Cadu disse enquanto dava tapinhas na minhas costas.
- É... - Deitei com a cabeça na carteira da sala.
- Qual é, cara. É só uma garota, você vai superar. Ela é maluca!
- Ela não é qualquer garota, Cadu. Ela é a dona do meus pensamentos, dona do meu coração, o amor da minha vida.
- Cara, não exagera. Isso aí é porque você não superou. Depois que você superar, ja era.
- Cadu, me deixa quieto. Por favor?

Ele se retirou e eu continuei com a cabeça baixa. As palavras grotescas da Geovanna ficavam martelando na minha mente, o pior é que intercalavam com os momentos bons.

Depois de algumas semanas...

Estava evitando de todos os jeitos de ver a Geovanna na faculdade ou nos lugares que nós dois frequentamos muito.

Era quinta-feira e estava fazendo muito frio, voltava da faculdade a pé e estava concentrado nas matérias que tinha que estudar. Quando cheguei no meu prédio, a Luiza estava lá sentada na recepção.