Capítulo 56

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Narrador on

E não era assim que eles pensavam em pisar em solo brasileiro. Para alguns era a primeira vez, para outros, um dia nublado, cinza e escuro.

Hoje seria o enterro e estavam todos lá. Amigos de escola, da escolinha de futebol, amigos do Skate, da lanchonete, parentes vindos de outra cidade, e principalmente seus pais

Ou aqueles que todos julgam ser os pais do garotinho.

Ao chegarem na catedral, eles preferiram ficar ao lado de fora. Nenhum tinha coragem de entrar. Nem aqueles que se acham os mais fortes. A dor de perder um enti querido era muita, eles sabiam que estariam doendo na família, mas não tanto assim igual doeu em Anny. A cada minuto naquele lugar, ela se sentia sufocada com vontade de ir embora novamente para a Inglaterra e esquecer o que aconteceu, mas era Impossível .

Agora ela se lembrava de todos os detalhes como um filme na sua mente. Ela queria ir, mas não conseguia. Não queria chamar a atenção, não queria ver sua mãe chorando e o pior, não queria chorar na frente de estranhos

Para ela, todos iriam ver o quanto era fraca

Ela chorou sozinha e no colo do namorado durante horas, perdeu suas forças, parou de comer só para demonstrar que está cansada dessa vida. Ela acha que sua vida acabou, mas apenas está começando. Isso aconteceu para ensina-la que tudo nessa vida é passageiro, inclusive as pessoas

Quando ela tomou coragem e desceu da vã acompanhada da sua fiel amiga Isadora, seu irmão Diego, o namorado e Sabrina, os olhares de todos foram para eles. A maioria das pessoas achavam que ela não iria vir, que por causa dos seus afazeres na Inglaterra ela não viria e deixaria a família de lado. Mas foi ao contrário. Depois de duas horas quando soube, eles alugaram um avião e vinheram diretamente para a pequena cidade.

-Mãe. -a garota disse baixinho e sua mãe a olhou aparentemente surpresa. ela se aproximou da mãe e as duas se abraçaram bem forte -Não queria que fosse assim. Eu juro que não.

-Eu só queria saber como isso aconteceu. -a mãe disse chorando no ombro da filha, que tinha algumas idéias em mente

Depois foi a vez de Justin, Isadora e Sabrina derem seus pêsames. Diego ficou sem jeito ao chegar perto da mãe e lhe dar um abraço, mas se sentiu bem. Mesmo ela não sabendo de nada.

Uma fúria de raiva invadiu o corpo da nossa protagonista e ela se sentou ao lado do seu pai, que permanecia de óculos e cabeça baixa

-É difícil pessoas maçônicas como você entrar na casa de Deus. -disse fria -Vocês se sentem humilhados, por que sabem que suas almas estão destinadas ao inferno e não tem salvação. -seu pai a olhou e apenas assentiu. Ela estava completa de razão -Você pode até ter o corpo fechado para a morte, mas a sua, eu quero que doa até o último minuto. Quero que seu fim seja terrível, uma verdadeira catástrofe.

-Por que diz isso?

-Acha que eu sou idiota a ponto de não saber que você estava cego de ódio pela Janette? Eu sou igual a você, o mesmo sangue ruim que corre nas suas veias também corre pelas minhas. Eu faria isso se estiver no seu lugar. Poderia muito bem ter cortado os fios do freio e fazer o carro ficar desgovernado.

A mentalidade de Ângelo naquele momento estava a mil. Centenas de perguntas passavam pela sua cabeça, inclusive uma:

-Vai me entregar a polícia?

-Não. -ela enxugou uma lágrima que escorria -Vou te deixar solto. Você vai pagar por isso vivo, estando em sociedade. Convivendo com essa dor, e sempre que você ver um homem com um filho na rua, seja comprando sorvete ou fazendo outra coisa, vais se lembrar do seu filho em que você tirou a vida. Você vai passar o resto da sua vida se corroendo por isso, e eu farei questão de esfregar isso na sua cara todos os dias da minha vida. -levantou - se e foi falar com seus antigos amigos

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