Cinzas

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Apenas o silêncio e cinzas.
Cobrindo o meu peito cansado, espumas de rebentação. Pequenas asas amarelas de borboletas esmagadas no concreto. Vejo pássaros voando para longe, e penso que o amor é como eles, escoando entre os meus dedos. Talvez eu seja um tolo, talvez eu não mereça o teu amor, ainda mais agora que ando tão cansado de carregar defuntos que nem merecem funerais dignos. Um pensamentozinho invadiu meu quarto, pela janela que esqueci aberta. Eu estou vazio. Algo devorou o meu coração sem graça e deixou um buraco em seu lugar. Tem sido difícil arrancar cada pedacinho teu e reconstruir minha força. Só sei que não restou amor, apenas uma sensação de afogamento silencioso. Enquanto eu vou afundando no cotidiano e esqueço de mim.

Ensaios sobre sangue, ferrugem e fogo Onde histórias criam vida. Descubra agora