Ensaios sobre sangue, ferrugem e fogo

Reflexo(2)

       Esse meu reflexo no espelho.
       Pequenas estrelas que adormecem, luzes apagando-se lentamente. Estamos sempre na corda bamba,esquivando-se de tropeços maiores e nem imaginamos isso.
       Esse meu rosto cansado, pele descuidada, meus olhos abatidos. Eu sou prisioneiro do tempo. Sobrevivo na urgência de viver. E os minutos escorrem, livres.
       Quando percebo já nem sei o tempo que me resta. Eu fiz tudo o que era preciso, mas isso não serve de conforto.
        Encaro esse menino que tinha sonhos de mudar o mundo. Sonhos tão fortes, que tinha uma alegria tão contagiante e ainda acreditava no amor. Ainda esperava alguém.
        A vida tende a ser dura. Ela testa nossa coragem, nossa força,e principalmente, nossa capacidade de continuar acreditando,mesmo que tudo se torne muito difícil. Ela nos dobra, retorce, mastiga e cospe os pedaços fora. Perdemos o chão e a habilidade de voar.
         Então temos que recomeçar. Quantas vezes forem preciso. Um dia tudo ficará bem. Sempre teremos algo para se amparar. Mas se nós perdermos a esperança, a fé e os sonhos, então perdemos tudo.