Perdoe-me,não sou tão bom quanto gostaria,não sou seu cavaleiro dourado,seu salvador. Tampouco sou perfeito. Minhas águas costumam ser traiçoeiras,falsamente mansas como um doce espelho,disfarçando uma inquietude profunda. Infelizmente não satisfaço-me com pouco. Tenho sonhado com tempestades. E perdido o sono. O caminho que estou seguindo,aquele que achei que seria o mais fácil,não revelou-se o melhor. Acumulam-se desventuras. E poemas,folhas rasgadas envelhecendo pelos cantos,falando de amores que desconheço,além do papel.
Não que eu tenha duvidado do teu sentimento,desde o começo. Apenas estou trancado do lado de dentro. E cansado de plantar amores,colher silêncios e ceifar esperanças. Nunca existiu um caminho de tijolos de ouro,como foi prometido. Apenas planícies vastas demais. Tenho carregado meus velhos demônios em minhas costas,e dançado com lobos. Obcecado por estrelas ruins. Fui um viajante desafortunado,apaixonado pela distância,pela ausência,transformei mediocridade em algo belo. E inventei amantes cuidadosos,para preencher um vazio agoniante. Escondi-me detrás de palavras. Fui um tolo rei,em meu reino de mentirinha,construí muros impenetráveis,ao invés de pontes. E acabei reinando sozinho.
Algumas vezes sinto-me um pouco melhor,como se eu fizesse parte de um espetáculo grandioso,chamado vida. Ensaio uma felicidade frágil,filhote de passarinho,quase aprendi a voar. Mas estou fadado a cair. E a vida parece sair dos trilhos. Perco o encanto. Não vejo poesia em todas as coisas. E escureço. Fico,então,tateando no escuro,procurando uma saída de um labirinto que eu mesmo elaborei e esqueci a planta de fuga. Sou prisioneiro em meu próprio abrigo. E um estranho,jogado em uma vida longe de ser como ele esperava,sitiado debaixo de nervos e ossos.
Não espero milagres,espero uma bandeira branca,um sinal de rendição nessa guerra sem armas de fogo,que é o amor. Ainda estou aprendendo. Cada passo resultou em tombos,mas não desista de mim. Eu quero fazer essa grande bagunça funcionar,quero sentar contigo e ver o sol se pôr em fogo,na cidade de concreto. Embora pareça algo bobo,mas eu sempre esperei por você, antes mesmo de conhecer-te,quando tu era somente um nome inventado,um punhado de detalhes e uma voz que escutei certa vez e apaixonei-me pelo timbre gostoso de ouvir. Fique comigo,seja meu amor. Estou aprendendo a amar.
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Ensaios sobre sangue, ferrugem e fogo
Short StoryFlores no meu jardim, enfeitam a solidão. Borboletas amarelas morrem tão rápido, quanto aparecem, no meu peito cansado. Estou tecendo histórias, escrevendo verdades e invenções,enquanto espero o amor. Ainda estou aprendendo.