Segure a minha mão.
Eu sinto o vento frio. E vejo a tempestade vindo. De longe. Meu pequeno barco afundando avança contra ondas violentas e escuridão.
Onde tu costumava estar,sobrou ausência. Eu padeço a olhos vistos. Meu forte e selvagem coração foi domado. E tudo tem sido uma fuga.
Dizem que o amor verdadeiro não machuca,que quem ama nunca abandona. Eu acho que o amor é um bastardo,brincando com nossos pobres corações.
Segure minha mão,como tu costumava fazer,quando éramos crianças engatinhando juntas. Eu vejo fogo e chuva. Tenho barulho demais aqui dentro. Rezo para que essa tempestade passe logo. Estou abraçado na frágil esperança de dias melhores.
Queria que as águas levassem esse peso em meu peito,tanta ausência morando em mim,todos os amores idos que tenho carregado até o túmulo,estou cansado de ter esse coração elástico e essa pele dura. Esse coração teimoso que não entende muito sobre amor,aprendiz desatento.
Segure a minha mão,enquanto as ondas engolem meu pequeno barco,e eu choro espuma de rebentação. E seguro-me na esperança de consertar meu coração quebrado.
Segure a minha mão e leve-me para casa. Estou cansado de lutar.
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Ensaios sobre sangue, ferrugem e fogo
Short StoryFlores no meu jardim, enfeitam a solidão. Borboletas amarelas morrem tão rápido, quanto aparecem, no meu peito cansado. Estou tecendo histórias, escrevendo verdades e invenções,enquanto espero o amor. Ainda estou aprendendo.