Tanto barulho, espumas de rebentação.
Talvez seja o acúmulo de palavras.
Ou a minha revolta borbulhando,debaixo da pele. Encontro tuas máscaras pelo caminho de casa, meus olhos vermelhos ardem, mas tento segurar transbordamentos. Tão fundo, tão fundo possa haver de mim,não aceito essas marés. Sou a âncora de um navio naufragado. Que serventia tem o medo se eu sou o único a voltar pra casa com o coração quebrado?
Pensei que te odiando e fechando meu peito eu sairia ileso, mas uma ferida aberta, sem cuidados, só tende a apodrecer. Procuro saídas e desculpas. Mas no final do dia não tenho pra quem fingir. Não tenho platéia e a luz se apaga. Não há um manual preciso de como curar-se de coração partido, apenas a certeza de um árduo caminho de reconstrução,destruição e nascimento.
Talvez seja o destino. Talvez fosse um erro. Uma cegueira acentuada. Não haviam borboletas amarelas, apenas o escuro espaço entre a espera de um abraço, a espera de uma ligação e migalhas de algo que nem ouso pôr um nome. Não sei como pude deixar tu amordaçar a minha alma e brincar com os meus sentimentos. Tal tolice custou meu coração jovial e leve. E agora que todo cordeiro parece lobo travestido, como irei reencontrar frescor na entrega ao amor?
E no final das contas, nem sei onde começo a reerguer paredes, muros, ou se simplesmente aproveito que não há nenhuma pedra, nenhum tijolo, nada, impedindo que eu enxergue a paisagem.
Tenho que me manter firme, sei que mar calmo nunca fez bons marinheiros e que certas tempestades assustam mesmo, é normal. O que irá me definir nunca foi o fato de ter caído mas o modo como irei encarar o tombo. Sei que tenho um longo caminho. Mas estou seguro de finalmente estar encontrando a minha verdadeira voz.
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Ensaios sobre sangue, ferrugem e fogo
Historia CortaFlores no meu jardim, enfeitam a solidão. Borboletas amarelas morrem tão rápido, quanto aparecem, no meu peito cansado. Estou tecendo histórias, escrevendo verdades e invenções,enquanto espero o amor. Ainda estou aprendendo.