Capítulo 5 (revisado)

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Acordei sentindo-me perdida e cheia de dores, olhei ao redor e tentei me situar. O que tinha acontecido? Foi então que vi uma grande mochila preta parada ao lado da prateleira de livros novos.

Eu não estava sozinha.

Coloquei a mão ao lado do casaco que eu fazia de travesseiro, procurei pela faca de cozinha que sempre esteve ali, dessa vez não estava. Estava prestes a começar a surtar quando uma voz me pegou desprevenida.

-É isso que você está procurando ?
Perguntou ele apontando a faca logo acima da minha cabeça.

Assustada, não respondi. Ele continuou.

-Só quero dizer mocinha, que se você tentar alguma coisa é com essa mesma faca que vou matar você. Entendeu ?

Engoli em seco e fiz que sim com a cabeça.

O indivíduo saiu detrás de mim e eu pude ver seu rosto inexpressivo e misterioso, seu corpo forte e definido, seus passos largos e determinados.

-Qual seu nome? Ele pediu.

Permaneci em silêncio.

-Eu perguntei qual é o seu nome -continuou inquieto.

Meu silêncio claramente estava o irritando. Ele pegou o meu braço e me levantou do lençol que eu fazia de cama. Não lembrava exatamente como tinha ido parar ali.

-Escute aqui -disse apontando a faca pro meu pescoço -Estou aqui para ajudar você, então sugiro que comece a falar.

Mas não havia nada que eu quisesse dizer então continuei sem dizer nada. Não estava com medo, era um sentimento tão comum ultimamente que já não me assustava tanto.

Ele soltou meu braço e eu me equilibrei sobre uma das prateleiras.

-Não gosto de jogos -ele disse guardando minha faca em sua mochila- Não tem nada que você queira dizer?

Pensei melhor.

-Não fique em cima do meu tapete com essas botas sujas.

Ele se virou para mim. Riu mais alto do que deveria.

-Qual é a graça? Perguntei impaciente. Tentava manter a postura séria para não passar uma imagem frágil depois de um comentário tão tolo.

-O mundo se ferrando todo lá fora e você toda patricinha reclamando das minhas botas sujas em cima do seu tapete.

Cruzei os braços.

-Olha aqui, eu não sei quem você é e o que veio fazer aqui, mas sugiro que vá embora- reclamei- E pra sua informação, eu durmo aqui. Procuro manter limpo.

Ele me encarou como se eu fosse inacreditável.

-O que pretende fazer comigo se eu não for embora? Chamar a polícia? -ele me encarou -Bom...Tente a sorte.

-Eu cheguei aqui primeiro-argumentei.

-E eu não ligo- disse ele fuçando na mochila.

Me levantei devagar e passei pisando firme por ele. Andei em direção a porta.

-É melhor não abrir- ele sugeriu.

Ignorei seu conselho e segurei a maçaneta passando a mão pelas chaves em cima da mesa e a colocando na porta. Um instante depois ele já estava do meu lado, seu rosto colado no meu, uma de suas mãos segurava a porta e a outra pairava no ar.

-E por que eu obedeceria a você?

Ele não precisou responder. Os gemidos do outro lado da porta disseram tudo. Estávamos encurralados.

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora