Capítulo 96 (revisado)

194 18 1
                                    

As vezes mesmo diante do silêncio a vida parece ganhar uma trilha sonora. E a da vez era eigteen da one direction, uma canção profunda e feliz, exatamente como me senti quando Rony mostrou-me o berço nos fundos da loja. Alguém criava um bebê ali no escritório/depósito enquanto trabalhava. A sensação era maravilhosa, pois era um futuro muito parecido com o que eu pretendia ter, embalando meu bebê e sempre alerta as minhas tarefas, mesmo que elas consistissem em doar sangue e responder perguntas. Abracei Rony ao som imaginário de Little Things, eu tinha um amigo afinal. Alguém que ainda estava em pé e ao meu lado.

-Podemos levar- afirma ele sorridente- É fácil de desmontar e podemos remonta-lo no seu apartamento.

Só consegui sorrir para ele.

-Tem varias dessas coisas que fazem barulho- diz ele balançando um chocalho- Não que a gente queira esse sersinho bagunçando por ai, mas é parte do processo, enlouquecer com o barulho. - Diz ele colocando as mãos nos ouvidos.

-Você teve filhos? Pergunto. Para meu alívio ele nega com a cabeça. Conheço Rony, ele anda sozinho, falar de família e filhos seria só uma história triste para contar.

-Mas tive irmãos mais novos e muito irritantes- brinca.

Rony é o mais próximo que tive de um irmão mais velho, e isso me faz sentir saudades dos meus irmãos de verdade. Eu era muito protetora com relação a eles, e sufocar a falta que faziam era uma tortura. Daryl me acordava as vezes, de pesadelos horríveis no qual meus irmãos eram devorados, e eu só podia ter a esperança de que esse não fosse o destino deles onde quer que estejam.

-Vamos levar- afirmo sorridente abafando as lágrimas e o nó na garganta.

Photograph. É a melhor trilha sonora para quando a vida passa diante dos olhos ao olhar pela janela do carro. Estou no limite, não aguento mais sentir falta das pessoas. São tantos nomes que já se foram até das minhas lembranças. Por que então ainda permaneço aqui?

-Nada de nostalgia- comenta Rony segurando minha mão- Só pensamentos bons okay?

Assenti para ele porque não podia prometer de verdade.

Depois de descarregar mantimentos na central Rony seguiu comigo para o apartamento e cochilou no sofá enquanto eu enrolava capeletis na mão, uma habilidade aprendida hà muito com minha avó. Em que dia da semana estamos?? É sensato querer ver o tempo passando?? Pelo menos ocupa a cabeça. E meus pensamentos iam e vinham de Daryl, como ele poderia com todo aquele perigo se arriscar assim. Arriscar o que mais amo no mundo pela vida de quatro adolescentes. Mas afinal era assim que ele era, e é como as coisas funcionam entre nós. Nós protegemos as pessoas, e não poderíamos deixá-los para trás. Me sinto louca só de pensar que estou falando dos garotos que ameaçaram minha vida em troca de um pouco de luxo na vida deles.

Uma batida à porta. Não posso esperar que seja alguém bem-vindo quando sei que tanto Alec quanto Louis estão no hospital com os meninos em recuperação.

É Carol. E sua cara não é nada boa. Só de vê-la uma ruga se forma em meu rosto.

-O que foi? Pergunto.

-Receptiva como sempre- desdenha ela.

Meus enjoos voltam com o som da sua voz.

-Fala logo.

-Ozônio está esperando para ver você na ala médica.

-Nao é um bom momento para passeios- respondeu Rony que já estava em pé ao meu lado.

Ele me conhecia bem demais, sabia quando eu estava ou não afim de algo. E no momento eu só queria ficar ali. Mesmo que não atender a um chamado de Ozônio fosse dolorido.

Carol se foi com a mesma cara amarrada de sempre.

-Não da pra agradar todo mundo Maria- disse Rony fechando a porta com uma mão e afagando meu ombro com a outra.

-Ah mas eu nem tento- respondi dando de ombros.

-Se engana se acha que não- resmungou ele tornando a ocupar o pequeno sofá- Só o que você faz é ser condecendente com todos, colocar necessidades alheias como prioridade e dar o seu melhor sem nem estudar se as pessoas merecem ou não.

-Não funciona assim!

-Funciona- afirmou- E o fato de você não perceber isso só te torna mais nobre.

Abri um sorriso idiota mas inevitável e joguei uma almofada nele. Pelo menos ele ainda estava ali, não importava o quanto viesse com essas conversas fiadas. Nem mesmo Daryl pôde se aquietar e ficar ao meu lado, mas Rony sim.

-Gostaria de ter algo mais emplogante para te oferecer como passatempo enquanto Daryl está fora, mas só o que posso dizer é que você tem um ultrassom amanha. Vamos saber finalmente com quantas semanas você está e talvez até descobrir o sexo.

Eu estava radiante. Dane-se o Daryl, era problema dele perder isso. Eu ia saber finalmente algo mais a respeito do meu bebê.



NÃO ESQUEÇAM DE DEIXAR SEU VOTO <3

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora