Não aguento mais o péssimo gosto musical de Ozônio. Entre tantas coisas superficiais que eu poderia detestar, esta é de longe a que mais odeio. Estamos viajando à três dias, Atlanta está perto, finalmente. Apesar de não ter sido uma distância tão grande, os mortos dificultaram o processo, tornando os dias que seguiram a morte de Maria, ainda mais insuportáveis. Mas atirar na cabeça deles tem sido um alívio, é bom poder descarregar um pouco de raiva em alguém que realmente merece.
-Isso é One Direction? Pergunto ao garoto -Espere, espere. Se você disser que sim eu te expulso do carro.
Ele ri.
-Você não faria isso- pergunta ele duvidoso.
Encaro-o com olhos semicerrados.
Ele engole em seco.
-Se bem que você é o Dixon, estou aprendendo a não duvidar de nada que você ameace fazer.
Da última vez em que duvidou de mim, três dias atrás, o deixei pendurado por um único pé em um árvore por meia hora.
-Como você sabe que isso é One Direction? questiona.
A lembrança de Maria murmurando aquela música enquanto esperávamos no trailler me veio a mente, mantive esse pensamento para fora de alcance.
-Isso mesmo, eu sou UM dos Dixon, você não vai sobreviver com dois de nós.
Ele desvia os olhos da direção e me encara.
-Você está brincando não é?
Apenas continuo passando a língua pelo palito de dentes em minha boca. As pontas tem um leve gosto de menta.
-Preciso de um cigarro- comento vinte minutos depois, cansado do silêncio que me faz pensar nela.
-Você nunca fumava perto de Maria, não enquanto estive com vocês, mas depois que ela se foi você...
-NÃO TOQUE NO NOME DELA- repreendo-o.
Ele fecha a cara, culpado e por alguns instantes não fala mais nada.
-Desculpe- pede.
-Não desculpo- digo roubando a frase de Maria, que nunca tinha o hábito de perdoar. Coisa esta que não é do meu feitio também. Na maioria das vezes ela me desculpava por um ou outro comentário infeliz silenciosamente, mas era na natureza dela fazer charme antes de dar o braço a torcer- Ela está MORTA, e nada vai trazer ela de volta.
-Ela não está MORTA, Daryl. Você não a matou, não atirou nela, você permitiu que ela voltasse para sofrer eternamente.
As palavras dele me acertam em cheio.
-Ela QUERIA ISSO-argumento -Ela me pediu pra deixar isso acontecer.
-Ela estava doente, delirando, não sabia o que queria, você não fez o que era melhor pra ela. Você fez o que você quis.
Ele estava me enfrentando como nunca antes e isso me irritava de uma maneira absurda.
-Você não sabe o que era melhor pra ela, você não a conhecia.
-E você a conhecia? Questiona ele. -Porque eu sei que ela não conhecia você.
A expressão em meu rosto responde por mim.
-Você só pensa em si mesmo Daryl, em mais ninguém- ele cospe as palavras.
Tiro a carteira de cigarro do bolso e saco o isqueiro, a fumaça me fara esquecer, meu silêncio responderá por si só.
Vejo Ozônio me encarando pelo canto dos olhos. Óxido, nos observa do banco de trás.
-Você só cala a boca quando reconhece que está errado não é?
-Cale a droga da boca- grunhi, chegava ao fim mais um momento de trégua- Não estou com paciência para você hoje. Aliás nunca tenho paciência com você. Só não te chutei ainda porque não quero ter a sua morte em minhas mãos.
-Viu só. Você é tão previsível- resmunga ele me levando ao limite- Acha que só você é capaz de sobreviver. Não é porque eu tenho sentimentos que sou vulnerável, eu dou conta. Eu me viro.
-Já mandei calar a boca.
-Muito diferente de Maria- murmura.
Meus olhos enxergam apenas um borrão quando meus punhos acertam seu queixo com violência.
De repente o carro perde o controle e sai da estrada.
Tudo que eu vejo durante um instante é a aproximação de uma árvore, o peso da batida sobre meu corpo e então a fumaça do cigarro. Ou seria do carro...
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DIXON - No Fim Do Mundo
Fanfic"Quando o mundo caiu as máscaras caíram com ele. As pessoas não precisavam mais esconder seus medos nem seus desejos mais profundos. Quando o mundo caiu nós só tivemos a certeza de que os verdadeiros montros estavam realmente dentro de nós e não era...