Capítulo 42 (revisado)

901 105 25
                                    

Como bom rastreador, Daryl Dixon procurou inicialmente pelo óbvio. A trilha na floresta por onde fugiram do governo dias atrás foi o início da busca. Maria, se estivesse viva e ferida teria tentado voltar por ali para encontrar Daryl, ele concluiu. Mas ao chegar em certo ponto ele sabia que Maria não tinha voltado para lá, nada na vegetação havia mudado e o zumbi que a mordera quando tropeçou e caiu ainda estava morto naquele mesmo lugar ao lado da grande nogueira. Lembrou-se de tê-la visto resfolegar várias vezes antes de seus olhos ficarem fundos e ela cair, por azar naquele fatídico momento, na boca do animal semi vivo, viu novamente a imagem de Ozônio o guiando enquanto ele a carregava nos braços, Óxido, que antes estava latindo desesperadamente pela cena que havia presenciado, agora andava atento ao lado de Daryl como os dois bons caçadores que eram. O homem chutou o cadáver que havia matado com a própria faca mais uma vez antes seguir em frente. O barulho sombrio do rio o deixou em alerta, sons, por mais insignificantes que sejam sempre atraem os zumbis e ele não se surpreenderia com um grupo deles perto do barco em que haviam ficado. Porém o local estava estranhamente vazio e a embarcação havia sumido, o cheiro pútrido no ar e os grunhidos abafados pelo som do vento na floresta indicavam que eles não estavam longe dali, não estavam longe de Daryl Dixon.

Sozinho pela areia encharcada na beira do rio, o rastreador manteve os olhos fixos na ponte e em seus carros abandonados quando um ruído chamou sua atenção. Sempre cuidadoso e atento, Daryl olhou em volta e viu que estava só, o que era ao mesmo tempo, bom e ruim. Gostava do silêncio e da floresta, antes de conhecer Maria não tinha medo de nada, agora agarrava-se a necessidade de não perde-la, mas para isso precisava encontrá-la. Perdido em seus devaneios, ele levou algum tempo para perceber que Óxido, o cachorro de Ozônio, havia sumido. Procurou em volta por suas pegadas até que encontrou sinais da saída discreta do cão. Seguiu-as até a borda da floresta e ouviu latidos distantes, não podia perder qualquer sinal de que Maria tivesse passado por algum lugar mas também não podia deixar de ajudar o animal de Ozônio, desgraça por desgraça, logo os dois estariam quites.

Em direção aos latidos notou que estava descendo o rio exatamente por onde o corpo de Maria descera, seguiu por uma velha trilha da floresta e encontrou o cachorro na beira da água. Nas margens, mais apodrecida do que ele se lembrava, estava atracada a maca improvisada de Maria. Para sua alegria ela estava vazia. Antes de notar as marcas de que alguém havia sido carregado dali ele notou as duas pessoas que tentavam retirar o cachorro preso entre os galhos quebrados de uma árvore, a lama e o rio, apontou a besta e então o cachorro começou a latir ainda mais. Os desconhecidos se viraram para Daryl e ergueram os braços na defensiva, eram só dois adolescentes escondidos pela sombra da noite, um garoto e uma garota.

-Tenha calma- disse o menino -Só queremos ajudá-lo. Ele é seu ?
Pediu apontando para o cachorro.

-É de um amigo- respondeu Dixon. Bom, não necessariamente um amigo. 

-Eu sou o Carl, está é a Enid, e nós todos temos que sair daqui.

Seus olhos foram direto para os movimentos sombrios saindo da mata.

-Nós temos mesmo- disse Daryl sem se virar. Então baixou a besta, soltou o cachorro e saiu sem se virar.

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora