Capítulo 98

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                              DARYL

Maria conseguia ser ainda mais bonita pela manhã quando eu a acordava. Ela tinha os cabelos levemente desgrenhados e o lado direito do rosto amassado de tanto dormir. Mas era um alivio saber que ela pelo menos dormia bem. Eu passava a maior parte da noite esperando algum tipo de ameaça invadir o pequeno mundo que ela criou para nós.

-Estou acordada- resmungou ela virando-se para me olhar nos olhos. Mas ela podia dormir, eu só precisava beijá-la.

Ela retribuiu o beijo mesmo assim.

-Que horas são? Perguntou. Mas quem marcava as horas no apocalipse? Eu só tinha certeza de que era bem cedo.

Não respondi. Só retribui seus beijos que ficavam mais intensos. Em alguns segundos ela estava em cima de mim.

-Ninguém manda você brincar com meus hormônios de grávida- disse ela deslizando a mão para as minhas costas. Eu segurei firme sua bunda entre minhas mãos, ela estava só de calcinha, e os seios tocando meu peito eram um tentação. Estavam cada dia maiores. E nunca foram dos mais pequenos. Minha intenção não era acordá-la, não era pelo sexo. Eu só estava com saudades de tê-la por perto. Mas tinha acabado de ativar o modo fera. E aquilo não era ruim de forma alguma.

-Eu preciso- pediu no meu ouvido.

Implorar era me quebrar inteiro. Havia muitas coisas que eu queria fazer com ela. Coisas que eu daria tudo para fazer. Mas com um bebê crescendo dentro dela nós tínhamos algumas limitações. Só era confortável até certo ponto. E eu não queria machucá-la.

-Você precisa acordar primeiro- respondi sentando-me recostado na cabeceira e puxando-a para o meu colo.

-Me acorde- disse ela sonolenta.

Deslizei a boca para o seu mamilo e o acariciei enquanto ela enrolava mechas do meu cabelo.

-Mais tarde vamos conhecer o seu colega sanguinário- comentei.

-Duas coisas- disse ela ao pé do ouvido- Não tenho nem ideia do porquê estamos falando disso agora. E sanguinário, soa BEM exagerado.

-Eu já disse inumeras vezes que não sou bom com palavras- murmurei mordiscando o canto de sua boca.

-Graças a Deus! Assim sobra tempo de você ser excelente em muitas outras coisas.

Nós rimos. Eu também não queria conversar. Ficamos na cama até perto da hora de sair e ainda acabamos nos atrasando por conta dos enjoos de Maria. Mas ela estava especialmente de bom humor.

-Boa novas- disse Rony ao bater na porta. Harry saiu do coma induzido e está acordado.

Os olhos de Maria encheram-se de lágrimas ao ouvir isso. Eu a abracei, senti que precisava. Foi como se um peso tivesse saído de cima dela, com Ozônio e Harry se recuperando ela tinha tempo para se concentrar em outras coisas e não na culpa que sentia. Mesmo que a pessoa mais inocente da história toda seja ela.

-O Dr. H e o General Kalife concordam que é melhor que os dois fiquem no mesmo quarto, assim as visitas de Maria até a ala médica serão com menos frequência e maior duração, e acho que todos concordamos com isso.

Especialmente ela. Maria estava radiante com a notícia.
Infelizmente eu não imaginava ela tão feliz assim depois de nosso encontro com Jonny, o segundo portador do sangue raro que encontramos. Se Maria era a descrição perfeita do que era empatia e bondade, o cara era totalmente o oposto e eu não estava afim de envolve-la com mais pessoas desagradáveis, ela já participava de vários conflitos com pessoas que não compartilham da mesma sensatez que ela.

-Você parece nervoso- comentou ela segurando meu braço enquanto decíamos a escadaria do prédio. A energia agora era restrita a coisas essenciais e elevadores estavam bem no fim dessa lista, já que os hospitais foram transferidos para ginásios de um único andar, para agilizar os atendimentos. Eu queria poupá-la do exercício desnecessário, mas ela não aceitou ser carregada, usou muitas vezes a palavra exagero na mesma frase. E não era comum vê-la repetindo várias vezes a mesma coisa.

-Estou ansioso- admiti. Ela pareceu ficar sem reação diante de uma situação onde eu admiti uma fraqueza. Me incomoda que ela ainda fique sem graça quando eu me abro com ela, quando isso era tudo o que ela claramente esperava de mim.

-Ele é tão difícil assim de engolir? Perguntou apoiando-se em mim e diminuindo o ritmo da descida, mesmo no início da gravidez já era muito difícil para ela acompanhar a velocidade com que tudo acontecia.

-Você vai descobrir por si só- foi tudo o que consegui dizer.

-De qualquer forma, depois dessa reunião eu vou até o hospital ver Harry e Ozônio, então não vai ser um embuste desses que vai estragar meu dia.

-Te conhecendo bem- intrometeu-se Alec que andava lentamente atrás de nós- É bem mais sentato dizer que você é quem pode estragar o dia dele.

Nós rimos. Maria não pareceu se ofender e tampouco deixou que o  comentario brincalhão a abalasse.

-Vocês fazem um péssimo julgamento de mim- devolveu ela com uma piscadinha. 

《                                                               》

                            MARIA

Eu não podia imaginar o quanto estava enganada sobre o tal Jonny Rider não estragar o meu dia. Redondamente enganada. Ele foi diretamente para o topo das minhas pessoas menos favoritas do apocalipse e isso é bem impressionante considerando que ele ultrapassou muitas pessoas realmente detestáveis. Para começar ele não se dirigia a mim pelo nome, apenas me chamava de colega como se eu dançasse strip com ele na noite. Ele bem que tinha cara de quem dançava strip. O dia todo.

-Mas você não podia esperar para engravidar? Foi a pergunta que me tirou do juízo perfeito. Mas diferente de mim que ri de nervoso, Carol riu de deboche. Ela bem que estava satisfeita com o modo como Jonny me tratara desde a minha chegada.

-E você não podia esperar pra começar a ser indelicado? Devolvi, mas ele nem se abalou, apenas fitou as unhas e desdenhou.

-É da minha natureza ser sincero.

-Então eu mal posso esperar pra te mostrar qual é a minha natureza- ofereci a ele um sorriso ameaçador.

-Voltando ao assunto- continuou ele revirando os olhos cinzas que estampavam o quanto ele se sentia especial- Você não podia ter ficado de pernas fechadas até estudarem você?

-Tirem Daryl daqui. AGORA -Ordenou Abraham. Daryl já estava a centímetros de pôr as mãos em Jonny. Não foi fácil vê-lo ser arrastado para fora da sala.

Mas eu achava até melhor lidar com Jonny sem a presença dele. Assim ninguém poderia impedir que eu agisse como bem entendesse.







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