Capítulo 6 (revisado)

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-O que você está procurando aí afinal ?

Daryl Dixon parece impaciente com os incessantes sons vindos do outro lado da porta.

-Uma coisinha... hum...importante- respondi desviando-me do assunto.

Procuro meu inalador dentro da mochila mas ele não está aqui. E aparentemente não está em nenhum outro lugar também.

-Mais cedo ou mais tarde a gente vai precisar sair daqui. Você SABE disso, não sabe? Ele questiona.

-É claro que eu sei. Estamos quase sem ter o que comer ou beber e eu também preciso de algumas outras coisas.

-Que tipo de coisas? Perguntou curioso.

Penso por um instante. Não quero falar sobre meus problemas de saúde para esse estranho, não quero que pense que sou fraca por isso. Deus sabe que não sou fraca por nada.

-Coisas de mulher- respondi com a primeira ideia que me veio a mente.

Ele fez uma careta.

-Não estou falando de sair para buscar suprimentos. Estou falando de sair daqui.

Paro de revirar a mochila.

-Você disse que está assim por todo lugar. Não há para onde ir.- rebati. Não gostava nada da hipótese "sair", ainda mais depois da última vez. Imagine da hipótese de sair definitivamente.

-Bom, está bem ruim em todo lugar mesmo, mas alguns estão melhores que outros.

-Como assim?

-Eu planejava ir pra outro lugar antes de parar aqui.

-Que lugar? Questiono curiosa.

-Não sei dizer ao certo. Ouvi no rádio que estavam montando acampamentos perto de cidades maiores.

-Então você estava indo para algum desses lugares?

-Estava. O Merle disse que iríamos conseguir sobreviver na mata ou em cidades menores. Eu concordei, isso nunca foi problema pra nós.

Olho para a crossbow posicionada em cima da mesa de leitura, ele não é simplesmente um homem armado. Ele respeita a arma.

-Só que encontramos uma mulher com dois filhos, eles queriam muito chegar até uma cidade fantasma. Um lugar onde as pessoas iam visitar aqueles casarões antigos. Então a gente concordou em levá-los. O Merle ficou tão encantado com a mulher que iria atrás dela em qualquer lugar. Ele geralmente não é tão burro, mas era capaz de algumas coisas estúpidas em troca de uma transa.

-Então vocês pararam aqui por quê?

Ele pensou um pouco.

-Na verdade não foi aqui. Nós tinhamos só uma moto e não podíamos levar mais três pessoas na garupa. Então pegamos o primeiro carro abandonado na rua e nos preparamos pra ir. O carro não andou muitos quilômetros antes de acabar a gasolina. Isso nos trouxe até uma das cidades próximas. Quando fomos cercados uma noite na casa onde estávamos um dos filhos da mulher foi mordido enquanto ela trepava com o Merle. Ela jogou a culpa nele e então ele decidiu que era hora de deixar partir.

-E você concordou?

-Não a princípio. Mas enquanto dormíamos ela roubou tudo o que pode e deu o fora com a nossa moto, deixou o carro para trás porque não funcionava.

Não consegui controlar o riso.

-Não ria não. Foi a primeira e última mulher que passou a perna no Merle. Andamos pela rodovia principal a pé por mais quarenta quilômetros antes de encontrar a moto.

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora