Capítulo 27 (revisado)

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-Não há muito o que fazer- diz ozônio- Uma vez fora dessa mata estamos livres pra muitas direções.

O observo enquanto ele anda a minha frente. Alto, loiro, magrelo, nada sedentário, ele se move com agilidade e é bom observador. Pode ser um rastreador tão bom quanto Daryl. Num estilo meio nerd. 

-Quais são nossas opções? Pergunto.

Ele para de andar e olha em volta. As mochilas em suas costas podem até ser pesadas mas ele não da sinal de cansaço.

-A interestadual fica a três quilômetros indo para o oeste. Depois podemos pegar um carro e ir para longe.

-Os mortos continuam nos seguindo- comenta Daryl.

-Sim. Mas a maioria deles ficou nos muros do presídio. Os que vieram atrás de nós vão se dispersar assim que não acharem mais nosso cheiro.

Continuo olhando fixo para ozônio. Suas palavras me prendem a ele de um jeito fascinante. Pessoas inteligentes me atraem. Mas pelo visto o jeito bruto e insensível de Daryl me atrai ainda mais. Mas é divertido ter outra coisa com que me ocupar, além de alguém com um humor tão instável. 

-Vamos. Se formos rápidos chegaremos lá em menos de uma hora- ordena Ozônio mostrando a trilha. Ele conhece muito bem a floresta. 

Daryl lança um olhar discreto em minha direção quando Ozônio fala sobre rapidez. Ele sabe que meus pulmões de araque são um atraso.  

Ser rápidos é um problema para o nosso pequeno grupo.

-Podemos ligar as lanternas? está ficando muito escuro- pergunta Ozônio.

-Não -interrompe Daryl -A luz vai atraí-los para cá. Está escuro demais para um confronto no meio da floresta.

-Ok. Nada de lanternas então, posso ser bom em muitas coisas mas confrontos mano a mano não é uma das minhas habilidades.

Daryl revira os olhos.

-Eu vou na frente- diz. -Me sigam de perto.

Daryl passa para a dianteira e Ozônio se aproxima. Óxido fica a centímetros de seus pés, mesmo solto ele se posiciona ao lado do dono como um cachorro fiel. 

-Ele é obediente- digo apontando para o cão.

Ozônio sorri.

-Ele é valente também.

Concordo com a cabeça.

-É seu ?

Ele assente.

-Foi um presente da minha mãe.

-Ela estava com você? Digo, no presídio ?

Ele nega.

-Ela morreu antes disso tudo.

Engulo em seco. Sinto uma repentina dor no peito pela perda de minha família. Ainda por cima fugi de Gabriel sem respostas.

-Sinto muito- coloco minha mão em seu ombro como gesto de condolência.

-Tudo bem. Ela era tão boa, não merecia ver no que o mundo se tornou. Ela acreditava na bondade.

-Mas ainda há bondade Ozônio- afirmo e parte de mim quer acreditar que ainda há.

-Talvez. Mas isso agora está ameaçado de extinção.

-E o que não está ameaçado a essa altura não é ?

Ele solta um riso frouxo.

Óxido começa a ronronar.

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora