Capítulo 73 (revisado)

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A noite chegou e se foi, o amanhecer trouxe um novo dia e novas expectativas.

-Talvez eles ainda estejam escondidos- disse Rony que zelava por seu grupo e não parara um minuto sequer de andar de um lado para o outro desde que chegamos. Alec estava a espreita em uma janela e Daryl estava caçando algo para comermos, na pressa, a maioria de nossos recursos foi perdida, mas pelo menos o estoque de bebidas do bar estava intacto e eu havia encontrado alguns enlatados. Agora, sentada na varanda dos fundos com uma lata de milho em conserva, eu me balançava em uma cadeira sentindo a pressão dos acontecimentos do dia anterior se esvaírem de meu corpo. 

-Como você está? perguntou Alec saindo para verificar a varanda como fazia de dois em dois minutos.

-Bem, na medida do possível.- respondi. 

-Você não dormiu bem essa noite- observou contando-me algo do qual eu já tinha conhecimento. 

-Há muitos meses eu não durmo bem- respondi com outro fato. Desde a explanação da praga eu costumava acordar com qualquer barulho, assustada ou em pânico. Mas Daryl esteve comigo na maior parte deste caminho, e ele sempre me acalmava quando eu acordava gritando. Mesmo com seu jeito bruto ele era sensível. Bem pouco. 

-Hoje foi diferente- ele afirmou sentando-se na madeira velha que cercava a varanda e colocando um cigarro na boca, ascendeu e guardou o isqueiro- Você gritou e se debateu. Rony precisou seda-la com os remédios de Ozônio. Você não lembra de nada disso? 

-Não- respondi sincera. O nó já começando a se formar em minha garganta.

-Você já enfrentou muitas coisas, muito mais do que qualquer um de nós- ele falou em voz calma com toda a sua experiência militar. Sem saber como continuar a conversa, permaneci em silêncio. Quando ele não tornou a falar, me levantei e entrei no bar, andando em direção a Ozônio que repousava em cima de um dos sofás velhos e empoeirados. Eu havia dormido no outro, distante de Daryl que não pregou o olho e não ficou perto de mim. 

-Como você está? perguntei depois de colocar um gole de água em sua boca. 

-Melhorando- ele respondeu ainda um pouco fraco- Fico feliz que você esteja aqui. 

-Eu não deixaria você- garanti a ele. Ele assentiu e pediu mais água. -Como estamos de recursos? perguntou.

-Mal- afirmei- Mas estamos sobrevivendo e vamos continuar assim. 

-E Daryl? ele quis saber. Eu desviei o o olhar. 

-Está caçando- disse.

-E por que isso te preocupa? ele pediu- Ele sabe se cuidar. 

-Não preocupa- respondi. 

-Maria...- ele disse como se entendesse que havia algo de errado.

-Espero que ele não esteja caçando o paradeiro de Carol- confessei com calma. Ozônio era meu amigo, não tinha porquê mentir para ele. 

-Ele não voltaria para buscá-la- disse- Ele não a deixaria aqui.

-Eu já não tenho tanta certeza- afirmei liberando meus pensamentos- Ele está mais distante e mais frio, mas acho que tudo bem. Os últimos dias têm sido uma sequência de desencontros e poucas palavras. Mas Daryl não é o tipo de homem que beija seus lábios antes de sair e ao chegar.

-Você não tem que dizer que está tudo bem Mariazinha. Da pra ver que não está. 

-Não, tudo bem. Sério. De verdade. Daryl é adulto e faz as próprias escolhas.

-E você acha que ele escolheu Carol? perguntou em voz alta e com um quê de irritação. Arqueei as sobrancelhas como se questionasse o porquê da exaltação. 

DIXON - No Fim Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora