Capítulo 17 (revisado)

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-Não vou aguentar Daryl. A porta está cedendo -Gritei.

E estava mesmo.

-Consegui -gritou ele de volta.

Ele levantou de baixo do banco e sentou-se diante do volante.

Quase o vi implorar para Deus que fizesse o trailler andar.

-Merda- berrei quando uma zumbi alcançou a minha perna boa e a agarrou com as mãos.

Meu corpo estava jogado no chão contra a porta. Mas eu só tinha força em uma das pernas para mantê-la fechada e as vezes esquecia qual delas estava ferida e sem querer empurrava a errada fazendo-a latejar.

Daryl virou a chave e TCHAN o veículo ligou. Eu estava ficando endividada com Deus.

Saímos do estacionamento dirigindo lentamente e seguidos de perto por um bando de bichos.

Por um momento, antes da zumbi largar meu tornozelo, nossos olhos se cruzaram. Fiquei de coração partido quando não vi ali nenhuma humanidade. Os animais selvagens que o mundo temia, agora andavam pelas ruas na forma de homens, mulheres e crianças. Mas muito, muito mais ferozes e destemidos. Apenas em nome de sua própria necessidade de matar para se alimentar.

Mortos, humanos, animais, todos eram agora o mesmo tipo de ser. E nenhum deles era bom para o mundo. Era só a vingança da mãe natureza, que tantas vezes nos avisou do risco que corríamos ao desafiá-la.

-Você sabe para onde estamos indo? Perguntei a Daryl.

-Sei -resmungou ele.

-E?

Esperei uma resposta.

Ele continuava dirigindo.

-E ??? Perguntei de novo.

Ele olhou pelo retrovisor.

Por fim falou:

-Tem uma cidade fantasma, você deve conhecer ou pelo menos  ter ouvido falar.

-Não conheço- avisei.

-Merle e eu estávamos indo pra lá quando encontramos Elise e o grupo dela na estrada.

-Isso você já me contou. Merle ainda está no acampamento ?

-Não. O plano era pegar você e encontrar ele num cruzamento. Algum lugar daqui a uns trinta quilômetros. Ou quase isso.

-Você não tem um mapa?

Ele me deu uma encarada duvidosa.

-Eu não tive muito tempo de me arrumar pra sair e te encontrar. E você bancou a doida destemida e saiu andando. Como se eu tivesse me esforçado tanto pra te manter a salvo até agora e você resolvesse se matar.

-Eu teria conseguido.

Ele me encarou desviando por um momento a atenção da direção.

-Você estava chorando como uma garotinha.

Eu sou uma garotinha. Mas era cruel ouvir isso de Daryl que já era homem feito. Ele era pelo menos uns sete anos mais velho que eu. 

Ele fez um sinal para a mochila que estava jogada aos meus pés.

Assenti.

-Como você me achou? Quer dizer, além dos meus gritos com o cachorro. 

-Eu sou rastreador caso você não lembre.

Ficamos em silêncio por um tempo.

-O que tem nessa tal cidade fantasma? Perguntei

-Uma noite, antes de tudo ficar realmente feio Merle, Tony e eu estávamos caçando. Rastreamos algumas pessoas.

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