Sol de Luna

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Tenho passado tempo demais em casa, sozinha, sem ânimo, desocupada, numa crise, sem conseguir fazer nada, pelo menos nada que preste realmente, nesses últimos dias eu me sentia perdida de uma certa forma e não encontrava saída do labirinto que eu mesma criei para habitar, depois da visita ilustre de um bêbado desconhecido e do Vitor eu me vi sozinha quando uma conversa estranha tomou a sala e logo em seguida Vitor foi embora acompanhado do meu visitante inesperado, naquela manhã tudo que eu fiz foi dormir até que eu não aguentasse mais, no dia seguinte Túlio buscou suas coisas na casa que deveria ser nossa e me desejou felicidades com os olhos brilhantes, ele realmente estava feliz por algo.

Sabe aqueles dias que a gente acorda e logo percebe que o dia não vai dar muito certo? É exatamente esse tipo de dia em que eu me instalei a um mês para viver, todos os dias eu acordo, tomo meu café, dou uma volta pelo quarteirão sem movimento algum e volto para casa com chocolates e sorvetes, hoje o dia não seria diferente dos outros, eu me encontrava na frente da TV vendo um filme qualquer de romance enquanto comia o meu mais novo pote de sorte, até que eu me identifiquei com uma das cenas e comecei a repensar em tudo que estava acontecendo, o que eu fiz comigo mesma? E o mais importante, porquê? Eu olhei para o pote de sorvete da minha mão e despejei o mesmo em cima da pia e caminhei rumo ao meu quarto na intenção de encontrar algo bom o suficiente para vestir, já que hoje era sexta- feira o dia internacional de beber aquele choop com os amigos e acordar no sábado sem saber onde está.

IDL

Luna: Se arruma bem bonita que hoje nós vamos arrasar -- disse assim que os bips do telefone de chamada pararam
Bernardo: Minha mulher não vai a lugar algum -- ele disse rindo
Luna: Mas a minha vai -- eu ri -- Me deixa falar com ela -- pedi impaciente
Bernardo: Eu não sabia que agora eu tinha que dividir minha mulher com outra mulher -- ele reclamou
Mel: Alô -- ela disse e eu ouvi o Bernardo reclamar de um tapa
Luna: Eu vou passar aí mais tarde e nós vamos ao baile -- anunciei
Mel: Amiga que bom que você saiu da fossa mas é que .. -- ela veio com a voz de desculpas e eu a interrompi
Luna: Tudo bem, se você não for comigo eu vou sozinha -- reclamei -- Ou eu encontro outra amiga pra me acompanhar na minha nova estréia de vida -- completei
Mel: Tabom Luna -- ela respirou fundo -- só me deixa falar com o Bernardo e não se mete -- pediu
Luna: As onze estarei aí -- disse e desliguei

FDL

Essa noite pertenço a apenas eu mesma, prometo não voltar para casa enquanto não tiver beijado no mínimo três bocas diferentes, passar o numero errado para alguns babacas, só por hoje eu serei uma pessoa fictícia, apenas quem me conhece vai saber meu nome de verdade para todo o resto me chamo Nicole, Penélope, Bianca ou simplesmente sem nome, muito prazer essa noite eu serei eu. Hoje estarei comprometida com minha própria satisfação, então nada de me regular por favor, porque vou subir no palco e dançar como eu quiser e pode ter certeza que será o suficiente para ter dor nas pernas pelos próximos dias, vou fazer amizades na fila do banheiro com pessoas maravilhosas que no outro dia eu nem vou saber quem é, e por favor um open bar de tequila que é pra esconder minha timidez e ficar sóbria de qualquer normalidade possível, com meus 1,65 de altura serei esmagada pela multidão com o mesmo objetivo que o meu gastar as energias em um noite marcada pela farra, luxúria e beijos roubados, essa noite eu queo marcar os olhos com rebolados e as bocas com batom vermelho, farei de tudo para me divertir ao máximo e só volto para casa depois que eu tiver que ser arrastada pela minha amiga com o discurso que eu já passei muita vergonha por um dia, acreditem ela sempre me fala isso, mas essa eu não pertenço a ninguém, eu não sou a dona de um pet shop, não sou a modelo problema, essa noite eu sou apenas eu saboreando o gosto da loucura que a muito tempo eu não me lembrava como era mas que eu sabia que amanhã estaria em um desses blogs de fofoca, mas quem se importa já que meu plano é acordar com a ressaca mais filha da puta que alguém pode ter?

E foi com esse pensamento que eu vesti o meu vestido mais caro, calcei meus saltos camurça que ainda estavam com etiquetas esquecidos em um canto qualquer do closet e fiz uma maquiagem tão marcante quanto a noite que eu planejo ter, escolhi o perfume mais forte e quase tomei um banho daquele líquido cheiroso só para ter a certeza que todos iriam notar minha presença naquela quadra.

Peguei meu carro aposentado naquela garagem e fui rumo ao morro aonde eu estaria curtindo minha vida nas próximas horas, eram 10:35 e eu estava presa no típico trânsito da cidade grande, depois de meia hora presa no maldito trânsito cheguei ao meu destino, estacionei meu carro na rua e subi tudo andando a fim de me esquentar, cheguei na porta da Mel e não me surpreendeu muito a porta estar aberta e gritos de criança ecoando pela casa.

Pedro: Dinda -- ele gritou e veio correndo me abraçar
Luna: Oi meu amor -- abaixei e abracei o mesmo
Pedro: Dinda eu ganhei um vídeo game novo -- ele me soltou e me contou alegre
Luna: Que bom, eu vou querer jogar com você depois -- eu sorri
Pedro: Vem Dinda a Manu tá lá em cima vem brincar com a gente -- ele me puxou indo em direção ao seu quarto
Luna: A Dinda vai sair com a mamãe, cade ela? -- perguntei enquanto subia as escadas
Pedro: Está se arrumando com o papai -- disse empurrando a porta e me dando um visão privilegiada de um certo alguém sem camisa
Manu: Oi tia -- ela gritou vindo me abraçar e eu sorri sem graça mas a abracei -- Você veio brincar com a gente? -- ele me puxou pra dentro do quarto
Luna: Não, vou sair com a tia Mel -- disse simpática recebendo olhares do Vitor -- Outro dia a tia vem brincar com vocês tabom? -- eu dei um beijo em sua bochecha e ela sorriu -- Eu vou procurar a tia Mel --anunciei saindo do quarto.

Será que meus planos vão todos por água a baixo? Porque ele tem sempre que aparecer pra estragar tudo?