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Antes que eu pudesse responder alguma coisa ouvimos batidas na porta e a voz da Dona Ana, olhei para Vitor que parecia ignorar sua mãe e sorri, caminhei até a porta e a abri

Ana: Querida desculpe eu não queria atrapalhar -- ela entrou no quarto e olhou seu filho ali e eu abaixei a cabeça -- Eu acho que sem querer atrapalhei -- ela riu e saiu do quarto
Vitor: Então Luna -- ele chamou minha atenção -- volta comigo? -- perguntou mais uma vez

Respirei fundo e comecei a pensar em tudo, desde o nosso primeiro beijo e até a nossa última briga

Luna: Lembra Vitor, do nosso começo? -- ele assentiu e então continuei -- No começo foi tudo tão maravilhoso, tão perfeito, como um conto de fadas, mas aí aos poucos isso se desgastou, não foi? -- ele suspirou e se sentou na cama -- Tudo foi motivo para brigar e quem acabava pedindo desculpas, era sempre eu, mesmo quando você fazia algo errado era eu que vou ia até você para conversar, eu que corria atrás de você
Vitor: Luna eu nunca tive a intenção.. -- não o deixei terminar
Luna: Até naquele dia que você jurou que não me traiu e eu perdoei sem pensar duas vezes -- eu o olhei brevemente e depois de alguns segundos consegui formular o fim do meu discurso -- Vai procurar aquela garota loira que estava sentada no seu colo naquele dia, procura a Carine, procura alguém que vai aturar tudo que eu aturei e acima de tudo vai te amar e nunca vai te deixar, me desculpa Vitor eu te amo mas nós não nascemos para ficar juntos -- dei de ombros e sorri

Desci as escadas e encontrei todos na área de lazer, fui até o bar do lado da estante da sala e encontrei uma bela garrafa de Whisky e foi a primeira vez que me senti bem, depois de meses. É esquisito perceber o quanto o passado pode nos afetar, algumas memórias parecem ficar presas em nosso peito como um chiclete preso em baixo das mesas de sala de aula, não importa o quanto você tente tirar sempre ficará um rastro que ele estava lá e elas seguem conosco durante toda nossa vida, ela nos prendendo ao chão e as vezes nos faz tropeçar por elas, os problemas não resolvidos acabam se tornando uma bola de neve em nossas vidas como barreiras que impedem que tenhamos um futuro feliz. De fato, chega uma hora na qual o estamos pesados demais para que possamos prosseguir, aqueles sentimentos ruins, desde a mágoa ao ódio, e nos deixam cada vez mais frágeis e desgastados, precisamos eliminar aquilo que nos puxa para baixo e manter apenas o que nos leva para cima, o passado tem que ser deixado para trás para que o futuro seja incrível.

Fui interrompida dos meus pensamentos quando a Mel me puxou para dançar, eram exatas 1 da manhã e nos estávamos no baile, todos me olhavam curiosos e espantados, depois de cinco anos eu estava finalmente de volta.

Mel: Vem amiga é a nossa música -- gritou enquanto me puxava até a ponta do camarote -- Amiga você fez tanta falta, isso aqui não era o mesmo sem você -- eu apenas sorri e dei uma golada na minha cerveja
Bernardo: Ei Mel, vem cá -- gritou sentado em uma cadeira com alguns meninos em volta
Mel: Eu já volto amiga -- disse e depositou um beijo na minha bochecha
Luna: Vai lá -- mandei um beijo no ar e observei ela se afastar

Comecei a observar as pessoas que estavam lá em baixo no meio de toda aquela gente, e um casal em particular me chamou bastante atenção, eles pareciam carregar auras azuis em volta de suas cabeças apaixonadas, estavam abraçados e riam de algo que eu não poderia ouvir, daí eu lembrei do Vitor imaginei ele com aquela voz grave, mas doce e a pele macia com todo aquele perfume único, mentalizei seu olhar abandonado de saudade na tarde de hoje, e se não era de saudade era de alguma coisa que nem ele sabe direito o que é então como eu poderia saber? Idealizei sua boca e os beijos, as mágoas, tonturas, atrofias, ciúmes ou qualquer sofrimento que justifique seu jeito dengoso, de menino carente como se fosse filho único.

Vitor: Luna -- ouvir a voz dele fez meu coração saltar
Luna: Hm -- balbuciei e me virei dando de cara com ele
Vitor: Você quer uma carona pra ir pra casa ? -- perguntou -- Quer dizer, você não veio de carro e sua irmã já foi embora e o Rio de Janeiro é muito perigoso para chamar um táxi a essa hora e talvez você não queira dormir... -- eu o interormpi
Luna: Tudo bem Vitor, você pode me levar em casa -- eu disse e ele sorriu -- Ainda somos amigos não é? -- perguntei observando suas expressões
Vitor: Eu deixei tudo que eu tinha por causa de você.. -- não deixei ele terminar e me pronunciei
Luna: Eu não pedi por isso -- me defendi e ele riu
Vitor: Na sua mensagem ainda parecia que havia esperanças para nós dois -- ele me olhou e colocou meu cabelo atrás da orelha -- Você é boa demais pra pedir que eu deixasse minha família por você mas eu não me arrependo, é você quem eu amo -- ele disse enquanto me olhava nos olhos
Luna: Tá na hora de ir para casa -- sorri e sai dali
Vitor: Me dá só um minuto -- ele pediu e eu assenti -- Vou ao banheiro -- disse e saiu andando me deixando sozinha
Luna: O que foi? -- perguntei assim que Vitor estacionou em frente ao meu prédio
Vitor: Seus olhos -- Falou me encarando e sorrindo -- Eu sempre gostei deles
Luna: Só dos meu olhos? -- Perguntei e ele sorriu alisando meus cabelos
Vitor: De você por inteiro -- ele sorriu -- sou apaixonado por cada pedacinho seu -- ele se aproximou do meu rosto

Ele encostou sua testa na minha, fechei meus olhos, e ouvi apenas sua respiração que estava tão próxima do meu rosto e nesse momento, depois de um dia todo ao lado dele eu queria e esperava por um beijo, o beijo que talvez eu tenha esperado por cinco anos.

Vitor: Eu te amo -- Ele sussurrou como se estivesse me contando um segredos -- Te amo de um modo inacreditável -- Seus dedos acariciavam meu rosto -- Nunca senti isso por ninguém -- ele me olhou nos olhos e continuou-- Eu nunca amei ninguém como amo você.

Sol de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora