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Bernardo: É assim que vocês querem resolver seus problemas? -- ele gritava enquanto eu estava sentada no sofá
Luna: Eu não estou te entendendo -- retruquei
Bernardo: Gritar pro morro inteiro ouvir os problemas pessoais de vocês -- ele se explicou ainda gritando -- E você -- ele apontou pra Mel -- Você ficou olhando ao invés de interferir, estavam todos olhando inclusivo a Manoela -- ele continuou gritando
Luna: E você acha que eu queria isso? -- gritei com ele e a Mel só observava
Bernardo: Não me interessa, eu não quero mais isso aqui -- falou e deu as costas indo até as escadas -- E você não pode proibir uma mãe de pegar a sua filha -- disse antes de subir
Luna: Da pra acreditar nisso? -- perguntei a Mel que estava parada ao meu lado
Mel: Ele está aborrecido, ele não quis dizer isso -- ela tentou se explicar por ele
Luna: To nem aí -- dei de ombros -- Vim pra conversar com você mas deixa pra outra hora -- me levantei do sofá -- Manu -- gritei da escada e ela desceu acompanhada do Pedro
Pedro: Dindaa -- ele veio correndo me dar um abraço e eu retribui
Luna: Oi meu amor -- dei um beijo na sua bochecha -- A dinda agora tem que ir mas no final de semana você vai lá pra casa -- ele concordou e eu me despedi
Mel: Não precisa disso -- ela disse parada na porta
Luna: Isso aqui não é um término de namoro, eu só estou indo pra minha casa -- respondi seca
Manu: E a pizza? -- ela perguntou
Luna: Vamos comer Manu -- respondi e dei as costas para a Mel e então ouvimos vários disparos -- Que porra é essa? -- gritei jogando a Mel pra dentro de casa junto com a Manu
Mel: O pai do Bernardo saiu da clínica e quer retomar o morro -- ela tentou explicar indo pegar o Pedro
Bernardo: Eu quero vocês dentro de casa no esconderijo -- ele gritou descendo as escadas e destravando a arma
Luna: Ele é seu pai e conhece os esconderijos -- disse e olhei para Mel que estava desesperada -- Eu vou com você -- entreguei a Manu para a Mel e sai em direção a porta
Bernardo: Você não vai a lugar nenhum, você está grávida -- ele gritou e me puxou da porta
Luna: To grávida e não doente -- gritei de volta
Bernardo: Que bom porque eu preciso de você aqui pra proteger três vidas -- ele olhou para a Mel e para as crianças que choravam -- Você pode fazer isso por todos nós? -- ele sussurou e eu assenti
Luna: Preciso de uma arma -- falei baixo e ele me deu a que estava na sua mão
Bernardo: Vai ficar tudo bem -- ele sussurou pra Mel e beijou o topo da sua cabeça antes de sair
Luna: Vamos pro quarto -- disse colocando a arma nas minhas costas e pegando a Manu no colo
Manu: A gente não vai mais comer pizza tia? -- perguntou quando sequei suas lágrimas
Luna: Vamos sim princesa, já já -- dei um beijo na bochecha dela e a coloquei na cama
Mel: O que a gente vai fazer? Meu Deus nós vamos morrer -- ele gritava e chorava andando de um lado para o outro
Luna: Se acalma, a dinda tá aqui a mamãe só está nervosa vai ficar tudo bem -- peguei o Pedro no colo tentando acalma-lo -- Mel para com isso vai ficar tudo bem -- ela me olhou e assentiu pegando o Pedro
Mel: O que a gente vai fazer? -- ela balançava o Pedro
Luna: Vamos esperar -- dei de ombros -- Eu não aguento mais ficar aqui -- reclamei depois de cinco minutos de um silêncio sem fim -- Nada acontece -- bufei
Mel: Fica quieta -- ela reclamou
Luna: Desde quando você ficou tão chata? -- cruzei os braços
Mel: Desde quando eu tive que criar responsabilidade por mim e pelo meu filho -- ela me encarou
Luna: E isso quer dizer o que? Que eu não tenho responsabilidade? -- nessa altura nós já estávamos iniciando nossa briga
Mel: Sim, isso quer dizer que você é irresponsável -- ela gritou -- Você sempre foi irresponsável e eu tinha que cuidar de você -- ela gritava por cima dos barulhos de tiro
Luna: Mas eu nunca te pedi nada -- gritei no mesmo tom -- Você fez porque quis
Mel: Você é muito ingrata -- ela ainda gritava
Luna: Tabom, muito obrigada por fazer e jogar na cara depois -- eu a encarei -- Quando for assim nem precisa se incomodar, eu sei me cuidar sozinha -- falei e sai do quarto

Desci as escadas e fechei as janelas e a porta da área, destravei a arma mais uma vez e me sentei no sofá, minutos depois começaram a bater na porta e eu não sabia o que fazer, me aproximei olhei pelo olho mágico e era o Bernardo, abri a porta e ele entrou feito furacão

Bernardo: Cadê a Mel? -- ele olhou pela casa
Luna: Está lá em cima -- disse meio indiferente e me sentei novamente
Bernardo: Ele tá aqui -- ele me olhou
Luna: Seu pai? Eu sei -- dei de ombros -- ele já deve saber de tudo mesmo -- olhei pro Bernardo e ele mantinha seu rosto preocupado
Bernardo: Ele não está sozinho cara -- ele falava baixo
Luna: Claro Bernardo, ninguem invade um morro sozinho -- disse como se fosse obvio
Bernardo: João Victor -- ele falou e meu corpo estremeceu
Luna: Ele quer... -- eu não terminei e o Bernardo afirmou com a cabeça -- Ele não pode -- ele negou -- O que a gente vai fazer ? -- sussurei
Mel: Será que ninguem vai me contar o que está acontecendo? -- ele apareceu e nos assustou
Bernardo: Não é nada amor -- ele olhou pra ela e me encarou pedindo ajuda
Luna: Eu preciso sair daqui -- olhei pro Bernardo esperando uma solução
Bernardo: O Vitor não me atende eu já tentei -- ele olhou pra Mel
Luna: Eu vou fazer o que é preciso ser feito -- disse e levantei subindo as escadas -- Manu? -- chamei entrando no quarto -- Vem cá Pedro -- A tia ama muito vocês -- dei um beijo em cada um -- Eu preciso fazer uma coisa, tabom? -- eles assentiram -- Eu já cou voltar -- acabei deixando uma lágrima escapar e desci novamente -- Toma -- entreguei a arma pro Bernardo que me olhou sem entender mas pegou -- Eu vou acabar com isso -- sorri de lado e coloquei um casaco com capus
Mel: Amiga não precisa fazer isso -- ela já chorava desesperadamente
Luna: Eu vou ficar bem -- eu sorri -- Vocês vão pegar ele né Bernardo? -- olhei esperando uma resposta positiva -- Na praça-- sussurei e sai logo dali quando ele assentiu

No momento em que eu sai por aquela porta minhas pernas bambearam e meu coração quase se partiu, toda minha coragem tinha ido embora mas eu precisava fazer aquilo, fui descendo com o capus na cabeça e de rosto virado para o chão ao som de disparos de armas variadas, eu não sei qual o meu problema mas eu sempre me meto nesse tipo de situação..

Sol de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora