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Naquela manhã, acordei com uma crise repentina de asma e a mudança brusca de temperatura era a principal culpada por essa crise, fiquei quieta por um tempo tentando normalizar minha respiração sem ter que recorrer ao remédios, o que me fez sentir como se eu fosse muito inteligente quando finalmente depois de meia hora deu certo e eu estava ótima novamente, me levantei e fui ao banheiro tomar um banho e como resultado da noite anterior marcas em meu corpo apareciam e eu tratei de esconde-las seja lá de quem for.

Luna: Bom dia -- disse assim que Vitor se sentou a cama
Vitor: Bom dia -- resmungou -- Que horas são? -- perguntou sem esperar respostas já que pegou o celular para checar -- Puta que pariu -- ele gritou e correu até o banheiro
Luna: Vitor o que foi? -- perguntei preocupada
Vitor: A Carine caiu da escada e está no hospital, eu preciso ir até lá ver se ela está bem -- disse com pressa enquanto colocava seu cinto e sua camisa
Luna: Você definitivamente não está pronto para um relacionamento agora -- eu ri e ele me encarou -- Ela precisa de você eu não -- sorri -- É melhor esquecer o que aconteceu ontem e não confundir as coisas
Vitor: Luna eu to pronto pra seja lá o que for com você -- eu neguei com a cabeça -- Olha só, ela tá grávida de um filho meu você precisa entender -- ele suplicou
Luna: Eu entendo Vitor e é por isso que ela precisa do seu apoio -- ele me encarou e pegou suas coisas -- Não to dizendo que acabou só to dizendo que não vou ser sua exclusivamente
Vitor: Caralho -- ele gritou e o celular tocou -- Eu preciso ir, mas essa conversa não acabou -- ele saiu correndo e me deu um selinho
Luna: Homens -- eu ri sozinha

Após meu café da manhã de um domingo sozinha, decidi que estava na hora de fazer algo de útil na minha vida, comecei a procurar imóveis para alugar ou vender, profissionais capacitados, fornecedores e quando toda minha pesquisa acabou eu tinha apenas uma folha toda rabiscada com algumas flores e corações desenhados nela. Verifiquei a hora e fui tomar um banho, coloquei uma calça moletom e uma blusa de alcinha, calcei meus tênis e peguei minha bolsa assim deixando meu apartamento depois de trancar a porta, fui até a portaria e peguei algumas contas que estavam lá e depois segui até a garagem, liguei o carro e fui em direção a casa da minha amiga, lá eu teria alguém para conversar e comida caseira o que pode ser melhor que isso?

Ok! Eu tenho que parar de achar que tudo vai ser nil maravilhas antes de tudo, deixa eu explicar as coisas, a minha melhor amiga simplesmente me deixou de babá do Pedro, é claro que não estou reclamando eu o amo, mas eu to aqui a duas horas e ela está trancada no quarto com Bernardo desde então, no início eu ainda dei uma força do tipo "Vão se divertir eu olho meu afilhado" mas agora eu queria estrangular eles dois. Pedro havia dormido depois da gente brincar de pique esconde, pique pega, quem pula mais alto, quem chega mais rápido na borda da piscina e pra fechar com chave de ouro depois de ver o filme do Hulk e escutar um milhão de vezes "Dinda, quando eu crescer eu vou ser igual ao Hulk mas eu vou ser laranja e não verde" eu apenas concordei mas fui totalmente contra minha mente quando ela quis soltar algo do tipo "Pedro o Hulk não existe de verdade, é só um filme e você não pode ser o Hulk" e ainda bem que não falei nada não é mesmo? Imagina se eu conto pra ele também que papai noel não existe ou talvez que a fada do dente e a Mel e o Bernardo que deixam dinheiro debaixo do travesseiro, se eu contasse eu seria a pior pessoa do mundo então eu apenas concordei e disse que quando isso acontecer eu ficaria tão feliz que também iria desenvolver meus super poderes, estranho né? Mas foi o que eu consegui inventar na hora.

Eu acabei dormindo ao lado do Pedro naquela minúscula cama do hot wheels e acordei toda torta e com dor nas costas, e pude perceber que tudo que eu aprendi após o ensino médio sobre a vida dos adultos era que por trás de um temível par de olheiras, há sempre uma noite mal dormida, e eu acho que agora eu sei do que isso se tratava, saí do quarto sem fazer barulho e desci as escadas, ainda não havia sinal nem da Mel e nem do Bernardo, se continuar assim eu terei mais três afilhados esse ano, depois de beber água eu estava retornando ao quarto do Pedro quando alguém abriu a porta de casa era o pai do. Bernardo.

Luna: Já que o senhor chegou eu vou embora, não queria deixar o Pedro sozinho -- eu sorri e voltei a subir as escadas
Eduardo: Eu quero você longe do meu filho -- falou autoritário e eu me assustei
Luna: Como é que é? -- eu ri nervosa
Eduardo: Presta atenção porque não vou repetir-- ele caminhou até o bar e encheu um copo com whisky -- Tadinha da Carine não merecia perder um bebê e a culpa foi sua -- disse irritado e pensativo -- Eu não quero você de novo com o Vitor -- ele me olhou mais sério que o normal -- Você não vai olhar, não vai falar e não vai tocar nele -- eu o encarei e ele soltou uma risada -- Caso isso aconteça a minha neta vai ser tirada dele e acho que você não quer vê-lo sofrer -- ele deu uma golada no seu whisky e me observou
Luna: Eu já entendi, mas porquê? -- Perguntei firme
Eduardo: Não importa -- ele deu de ombros -- Carine é mulher para ele, ela não o abandonou e foi curtir a vida no exterior -- ele me olhava com nojo ou algo parecido
Luna: O seu filho me traiu e você ainda acha que eu tinha que estar aqui? -- eu ri irritada e nervosa
Eduardo: Ele não te traiu -- ele negou com a cabeça e riu -- Eu fiz parecer que sim, eu queria você fora do caminho dele
Luna: Como você quiser -- eu forcei meu melhor sorriso e segurei uma lágrima das demais que queriam cair -- Eu já estava de saída -- disse firme enquanto peguei minha bolsa
Eduardo: Nunca tivemos essa conversa, entendeu bem? -- ele me segurou pelo braço e me encarou
Luna: Eu posso ser boba e ingênua em acreditar em alguma coisas maa burra eu não sou -- puxei meu braço com força e fui rumo a saída
Eduardo: Eu te admiro Luna, de verdade -- ele riu -- Uma mulher com garra e determinada que em hipótese alguma abaixa a cabeça -- ele levantou seu copo -- Um brinde a você -- disse e sorriu -- Você seria perfeita se não fosse filha de quem é -- ele negou e bebeu todo seu whisky enquanto me dava as costas e ia até a cozinha

Bati a porta com toda a força que encontrei em mim e fui até o carro, abri o mesmo e dirigi até em casa tentando não chorar para não me envolver um outro acidente como aquele, então eu não podia ficar com Vitor se não a Manu iria morrer? Que canalha. "Você seria perfeita se não fosse filha de quem é" essa frase ficou ecoando na minha cabeça até ouvir um barulho ensurdecedor de buzina atrás de mim, o sinal estava aberto e junto com ele uma pergunta que não parava de passar pela minha cabeça, tudo isso tinha haver com meus pais mas o que seria?

Sol de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora