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Quando eu tinha uns 13 anos minha vó me disse que homem é igual a biscoito: vem um e vêm 18 e claro como toda criança de 13 anos que nunca nem tinha dado o primeiro beijo, achei graça.  Agora com 22 anos depois de três relacionamentos duradouros porém falidos e no topo da minha solteirice, eu compreendi o que a minha querida vó, meio louca, estava querendo dizer e vovó, como sempre, tinha razão.

É mais o menos da seguinte maneira quando a gente tá carente, sozinha, solteira, ninguém te quer, essa é a primeira fase, parece um tipo de rejeição da humanidade (principalmente se você acaba de terminar um relacionamento, aí ninguém te quer e você acha que o seu ex era a pessoa ideal, por favor não pensem isso), depois de todo nosso esforço para superar as refeições vamos para a segunda fase, nela a gente resolve que não precisa de homem nenhum pra ficar bem, e aí aparece um só pra contradizer nossa certeza, ele vem todo carinhoso, romântico, lindo, espontâneo, bom e aí já sabemos o que acontece, a gente baixa a guarda, começa a sair com o cara, acha ele interessante, vai saindo, conhecendo, ficando, rolas algumas vezes, e aí o acontece a fase três, a famosa Teoria do Biscoito, quando chega o momento em que você sente que a historinha tá evoluindo pra um possível compromisso, que está gostando do cara e de toda situação, mesmo que ele não seja o príncipe encantado que sempre sonhou, aí neste exato momento, TODOS os outros que te dispensaram antes começam a te ligar, te mandar mensagens, chamar para sair e cada vez é um convite mais tentador que o outro, parece que homens farejam no ar ou que combinam entre si, quando é a melhor hora de vir atrás, ou talvez a gente deva exalar algum cheiro diferente que, interpretado pelo cérebro masculino, diz “eu já tenho alguém e não estou disponível no momento" e como num passe de mágica BOOM você se torna o troféu deles, aquele objeto de cobiça que eles precisam ter mais que outros, acho que justamente por estar radiante, feliz e não disponível. Aí rola aqueles acontecimentos fantásticos que são até difíceis de acreditar, aqueles do tipo, você está nos 42 do segundo tempo com seu novo pretendente e aquele carinha que você ficou a dois meses atrás e nunca teve contato começa a te ligar, mandar mensagens e não para de ser insistente, mesmo você dizendo que não está disponível, daí um belo dia você vai pra boate sozinha e encontra aquele gato e ele te olha, te acha linda e quer ficar com você, e também tem aquele outro que era seu sonho de consumo como namorado perfeito, partidão, mas que te esnobava, esse carinha também te quer agora, ele começa a te ligar te chamando pro cinema, pro showzinho, liga para saber o que você tá fazendo ou pergunta como foi seu dia, liga só pra ouvir a tua voz. Seria o paraíso certo? Errado, tá tudo errado, isso só serve pra atrapalhar, vamos ao fatos eu só quero um monte de homens me ligando quando tô na guerra e totalmente disponível que é pra poder escolher, mas depois que eu me acomodo com apenas um eu não quero que ninguém fique me ligando pra semear a dúvida na minha mente. Mas como nada na vida é perfeito e ela adora brincar com a gente, temos que resistir às tentações e aí com tantos homens fantásticos e super gatos e cheios de qualidades te ligando, você começa a olhar pro seu pretendente atual e começa a fazer comparações com os outros, do tipo achar que ele não é tão bonito quanto o fulano, nem tão alto e gostoso como o beltrano, nem carinhoso e bem-humorado como o cicrano, você se questiona se não está com ele por pura carência, porque ele apareceu num momento de falta de opção. E aí vem a grande merda, você não resiste e dispensa o gatinho e tenta administrar todos os outros, aí a Teoria do Biscoito entra em sua última fase "quem come o pacote inteiro tem indigestão", ou seja você que tinha todos aos seus pés fica sem ninguém, todos eles somem e você fica sozinha, se perguntando como foi que deixou escapar aquele carinha tão legal com quem estava saindo, na verdade você sabe muito bem, queria todos e ficou sem ninguém. Eu decidi que agora vou dizer um sonoro “não, obrigada” para toda a fila de Doritos e ficar sim com aquele que não é tão bom de se ver como Doritos, mas é fofura de cebola, que não tem problema algum, eu amo, aquele que não é o príncipe encantado, lindo, maravilhoso, perfeito, em cima do cavalo branco, mas que é um cara real, de carne e osso, que está do meu lado e quer ficar comigo, mesmo com todos seus defeitos e erros, aquele que me diverte e me agrada e gosta das mesmas músicas que eu, que gosta de sair e beber enquanto dança agarrado, aqueles que nao vai ter tantos ciúmes de amizade mas que está sempre de olho nos amigos homens, o que me apresenta pros amigos sem nenhuma cerimônia, que fica bolando pequenas surpresas pra me fazer e que é, sim, muito lindinho à sua maneira, simples assim e se não der certo, outra vez, não deu, faz parte da vida não é mesmo? Então vem o grande ensinamento, eu não preciso comer o pacote todo de Doritos que custa 5,00 e metade é vento sabendo que um fofura de 2,50 vem menos vento e me satisfaz.

Depois de toda essa minha teoria sobre relacionamentos e biscoitos eu decidir tomar um banho e sair para almoçar e depois estudar, já que minha última semana no exterior estava quase acabando, quando na verdade acaba de começar,  essa semana eu volto a faculdade para as provas finais e se tudo correr bem eu volto ao Brasil na terça depois da minha formatura

Sol de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora