Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1

Capítulo 36

"Nada nunca me deixou tão louco quanto isso

Escolho meu veneno e é você

Nada pode me matar como você faz

Você vai direto para a minha cabeça

E eu vou direto para o meu limite...".

Poison – Rita Ora.

Carter Montgomery

Virei meu copo de Whiskey sem tirar os olhos do bar. Eu não sabia se era sorte ou uma grande ironia tê-la encontrado ali, justo no dia em que eu mais precisava tirara-la do meu organismo. Talvez tivesse sido meio proposital e inconsciente da minha parte, já que eu tinha vindo justamente para o Black Dance, basicamente o lugar onde tudo começou. Eu estava sentado em uma mesa privada em um canto mais escuro da boate e que ficava com vista direta para o bar, por ser em um piso mais elevado, mesmo o mar de pessoas que se balançavam de um lado para o outro não atrapalhavam minha visão. Afrouxei a gravata e passei a mão no cabelo, o bagunçando mais. Eu tinha saído do trabalho diretamente para cá para desestressar, mas levando em conta o quanto meu corpo estava tenso, teria sido melhor ter passado umas boas horas treinando.

Olhei mais uma vez para a garota morena que virava mais um copo de tequila e ria solto para o cara que fazia uma careta ao seu lado, enquanto também virava um copo. Olhando ela ali, parecia apenas uma garota normal de vinte anos despreocupada com a vida e curtindo sua juventude. Mas Kyle Moore jamais seria normal e muito menos despreocupada. Eu a tinha visto assim que cheguei e desde então, ao vê-la tão relaxada, não consegui mais tirar meus olhos dela. O cara que estava ao seu lado sorria para ela e pelo que eu podia ver dos dois juntos, diria que já se conheciam a um tempo e possuíam algum tipo de intimidade, porque eu duvidava muito que ela ficasse tão à vontade com um estranho que acabou de conhecer. Apenas o pensamento de ver ela tão solta nos braços de outro fez meu estomago embrulhar e com que eu enxergasse vermelho.

A cada copo que virava, seu sorriso se tornava maior e ela parecia mais à vontade, de uma maneira que eu nunca tinha visto, mas que era fascinante de se observar. Seu cabelo estava solto e caindo pelas costas um pouco bagunçado, realçando seus traços que pareciam ainda mais destacados essa noite. A calça escura moldava suas curvas e a blusa, mesmo que não fosse intencional, a deixava mais sensual. Aquilo tudo parecia uma tortura para mim, ainda mais pela lembrança de tê-la apenas de lingerie e com a minha camisa encima do balcão da minha cozinha.

Fechei meus olhos e apoie o copo na minha testa. Os detalhes daquele dia ainda estavam muito claros na minha mente, tanto que eu não tinha conseguido pregar o olho e passei a noite toda me revirando na cama. Nunca xinguei tanto Silas na minha vida por ter interrompido aquele momento. Mas mesmo que as coisas não tivessem terminado do jeito que eu queria, pelo menos agora nossa relação parecia estar melhor, não que tivéssemos tido qualquer contato depois daquilo para que eu comprovasse, mas eu esperava que as coisas se tornassem um pouco mais fáceis. Silas tinha me enchido de perguntas sobre ela, o maldito sabia de tudo por trás dessa confusão e ainda tinha brigado comigo, me chamando de idiota e maluco. Eu sabia que não devia me envolver com ela e que isso provavelmente era a maior idiotice que eu faria na vida, mas quem é que manda na droga no coração?

Eu me perguntava todos os dias quando é que meu trabalho tinha se tornado tão complicado. Eu geralmente entrava onde devia, descobria o que precisava, conquistava alguma garota se necessário e saia com o trabalho feito sem maiores problemas. Sempre tinha sido fácil e era por isso que eu era considerado um dos melhores, nunca houve falhas em minhas missões. Pelo menos até agora. Kyle tinha um ponto em comum comigo, ela queria o fim dos Lordes e eu também. Tudo seria ótimo se eu não me sentisse como um adolescente despreparado cada vez que estava com ela. Eu ficava irritado, confuso, frustrado e minha impulsividade aumentava cinquenta vezes mais. Eu quase não conseguia controlar o que falava e todo aquele controle que ela tinha sobre si mesma me tirava do eixo. Inferno! Parecia que eu ficava cada vez mais confuso a cada vez que pensava nisso!