Capítulo 38

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"Eu não se se alguma vez vou fazer isso direito

Porque eu estou tão quebrado pela amargura da solidão

E estou com tanto medo disso

Até mesmo o mundo que ela ama

Nunca vai ser do jeito que era antes...".

The silence – Mayday Parade. 


Derek parecia muito mais leve depois que saímos da cafeteria onde sempre íamos tomar café quando treinávamos. Até mesmo sorriu algumas vezes de coisas que eu disse e curtiu com a minha cara, o que o fez levar um soco e soltar alguns palavrões costumeiros. Ele finalmente tinha colocado parte do que o incomodava para fora e isso era algo bom. Como sempre deixava uma roupa reserva dentro, tanto do Jeep quanto do carro, acabei tomando banho na academia e me arrumando por lá mesmo, ainda que tivesse que passar em casa antes de ir para o trabalho. Embora a manhã estivesse gostosa quando eu tinha saído, agora o clima estava um pouco mais fresco, o que fez eu me sentir feliz por estar usando uma camisa de mangas longas azul, jeans e botas de cano médio. Meu cabelo, por causa da trança, tinha ondas muito bem feitas que me agradaram o suficiente para que eu os deixasse solto. Poderia dizer que estava de bom humor hoje, algo um tanto raro.

D olhava de lado para mim e tinha um sorriso divertido no rosto.

—O que foi? – perguntei com a sobrancelha arqueada.

Estávamos atravessando a rua de volta para a academia e ambos tínhamos um expresso nas mãos, cada um a seu gosto feito com todo carinho por Karen, a garçonete que nos considerava seus clientes favoritos.

—Você fica diferente com o cabelo desse jeito. – comentou. – Eu até gosto.

Franzi a testa para ele.

—Bati em você com força demais hoje? – perguntei.

Foi a vez dele franzir a testa.

—Porque isso? – perguntou. - Não posso te elogiar mais não?

—Até pode, apenas não costuma fazer muito isso.

D apenas deu de ombros e tirou as chaves do carro da calça moletom.

—Ás vezes você merece ser elogiada. – falou. – Não faço isso com frequência pra você não ficar se achando.

—Não sou você não, viu. – falei estreitando os olhos. - Que tem o ego do tamanho de uma montanha.

Ele abriu um sorrisinho irritante e deu um beijo no meu rosto, me pegando de surpresa e fazendo com que eu quase derrubasse meu café. Agora era sério, eu estava começando a suspeitar que alguma coisa muito estranha ia acontecer hoje. Derek me elogiando e sendo carinhoso? Um alien me parando ali na esquina teria sido mais normal.

—Tenho uma reunião em uma hora e tenho que passar em casa ainda. – falou desligando o alarme do carro. – Então tenho que ir.

—Está me elogiando e dando beijo no meu rosto... Tem alguma coisa errada e eu não sei? – perguntei e ele aumentou seu sorriso. – Ou essa é a sua distorcida versão apaixonada?

Derek fez uma careta, mas continuou sorrindo.

—Não é só porque vivemos batendo de frente e xingando um ao outro que não posso ser carinhoso de vez em quando com a minha melhor amiga, não é?

Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora