"Chegou a minha vez
Sou eu quem manda agora
Não vou ficar de fingimento
Não quando você cair
Pois este é o meu jogo
E é melhor você vir jogar
Eu costumava esconder meu lado louco
Agora, estou me libertando
Eu faço minhas próprias escolhas...".
Confident - Demi Lovato.
Fiquei parada esperando que ele dissesse alguma coisa, mas D continuou me encarando, Sebastian ao seu lado abriu um pequeno sorriso enquanto cruzava os braços.
-Esta gostosa. - respondeu ele e levou um cutucão de Susana. - Com todo respeito.
Sorri para ele.
-Apesar de não gostar muito do que você escolheu para ser um elogio, obrigado Sebastian.
Olhei para D que voltava a cor normal colocando a garrafa em cima da mesa e continuava a me olhar, tudo que eu conseguia fazer era rir de sua cara, a fachada de debochado foi embora.
-O que achou do meu disfarce? - perguntei. - Ainda acha que eles vão me reconhecer?
-Nem eu te reconheceria se passasse por mim. - falou voltando a sua compostura normal.
Como supus ele estava com lentes de contato da cor castanha, eu preferia o verde natural, combinava mais com ele.
-Você também não esta nada mal. - falei segurando o riso. - Quase parece uma pessoa normal da sua idade.
Ele fechou a cara para mim.
-Idiota! - resmungou
-Já estão todos prontos para ir? - perguntei o ignorando.
-Só estávamos repassando as últimas estratégias. - falou Elena.
-Ótimo, então vamos, porque pelas informações ele estará na boate as dez e não podemos chegar muito atrasados.
Assim que falei todos já começaram a pegar suas coisas e só ficamos D e eu, que ainda me encarava, mas agora com uma expressão estranha que já estava me irritando.
-Para de me olhar desse jeito, Derek, já esta me deixando estressada. - falei. - Não é como se você nunca tivesse me visto disfarçada.
Um belo sorriso se espalhou por seus lábios enquanto ele colocava as mãos nos bolsos.
-Nossa, - falou. - faz muito tempo que não escuto você me chamar pelo meu nome.
-Sabe que só te chamo pelo nome quando estou estressada.
Seu sorriso se alargou.
-Foi por isso que inventou meu apelido? - perguntou com a sobrancelha arqueada.
Revirei os olhos.
-Que você adotou e agora bem poucas pessoas te chamam pelo primeiro nome.
-Alguns trabalhos ficam melhores quando nomes não são citados. - falou quando começamos a andar. - Certas coisas é melhor guardar apenas para os íntimos.
-E você pede para as garotas que saem com você te chamarem de que? - perguntei com um sorriso debochado. - Esquece, acho que não vou querer saber.
-Porque não sai comigo e descobre? - perguntou com um sorrisinho malicioso. - Apesar de que você vai ter um tratamento mais especial do que qualquer uma delas teria.
Estreitei meus olhos para ele já nem tão chocada assim com suas palavras, estava me acostumando com isso, nem me surpreendia mais. Com um sorriso frio me virei para ele.
-Sabe Derek, esta a mais uma gracinha dessas de ter suas bolas chutadas.
-Você pode culpar um cara por tentar? - perguntou sem se intimidar.
Filho da mãe.
-Derek, porque você não para de me incomodar e vai atormentar outra garota que realmente queira isso?
Com um sorriso de lado ele apenas deu de ombros.
-Desafiar você tem muito mais graça.
-Derek Summers é uma pedra no sapato e um idiota que não tem amor a vida, pode deixar que vou anotar isso na minha agenda.
-Sublinhado que eu gosto de desafios. - falou. - Anota isso também, gatinha.
Ele foi andando despreocupadamente na minha frente assobiando enquanto eu o xingava de uns palavrões super carinhosos. A viagem de carro até a boate foi tranquila, os carros da equipe iam por outros caminhos e iriam se posicionar para não levantar suspeitas, nossa descrição e o posicionamento deles eram fundamentais para que a operação desse certo. Não demoramos muito para chegar, apesar de ser afastada a Rotary era uma das boates mais badaladas da cidade, geralmente frequentada por varias pessoas da elite. Era um prédio grande e de cor neutra, tinha todo um aspecto moderno e a grande fila que se formava na frente denunciava o movimento, mesmo de longe já era possível ouvir a batida da música alta. Derek conseguiu uma vaga duas ruas á frente em um espaço minúsculo, se não estivesse junto jamais teria acreditado que ele conseguiu manobrar o carro naquele lugar.
Assim que ele trancou o carro partimos rumo a boate, minha identidade falsa já estava no bolso e eu estava pronta, até mesmo animada para tudo aquilo.
-Você parece uma criança indo para a Disney. - comentou Derek.
-Cala boca, Summers.
-O que aconteceu no meio do dia para que você parecesse tão... Raivosa no telefone? - perguntou.
Parei um pouco e olhei para o céu, não dava muito bem para ver as estrelas, mas estava uma noite muito bonita, nenhuma nuvem arriscava estragar aquele azul perfeito.
-Bom, para começar meu dia logo que cheguei ao meu escritório eu quis matar um e depois tive que enfrentar uma sessão de quase cinco horas. - falei. - Tudo que eu queria era ter um almoço tranquilo e você não vai acreditar quem eu encontrei, na verdade, quem me encontrou.
Ele franziu a testa.
-Quem?
-Mason.
Seu rosto se fechou em uma expressão nada agradável e que poderia até dar medo em algumas pessoas, posso dizer que assim como Jason, Derek não é um dos maiores fãs do meu ex-namorado.
-Como ele achou você aqui? - perguntou.
-Ao que parece um dos amigos dele da faculdade me reconheceu de uma foto que ele ainda tem. Então ele achou que como sabia onde eu estava era uma oportunidade perfeita para "explicar" as coisas.
D bufou.
-E como terminou esse encontro? - perguntou um pouco curioso.
-Isso antes ou depois de Carter socar a cara dele?
Derek parou e se virou para mim de olhos arregalados, ele pareceu surpreso apenas por um momento, mas logo depois já mordia os lábios para esconder uma risada.
-Uou, e como isso tudo foi acontecer?
-Não tenho a menor ideia, só sei que tudo acabou com o tapa que eu dei na cara de Mason enquanto eu falava que ele, o Carter e uma vadia oxigenada que estava lá, fossem para o inferno.
-Acho que entendo agora porque você queria tanto vir junto.
-Então vamos parar com as perguntas e ir logo fazer o nosso trabalho.
Não conversamos mais o resto do caminho, o que até agradeci um pouco, não estava mais querendo bater papo. Assim que chegamos à frente da boate passamos pela fila indo direto para a entrada, escutei algumas pessoas nos xingando e outras que apenas ficaram nos encarando, algumas garotas pareciam ter criado um tique de mexer no cabelo assim que Derek se virou, ele abriu um sorrisinho torto e juro que uma das garotas quase desmaiou. Os caras basicamente me comiam com os olhos, eu apenas ignorava e agia como se nada estivesse acontecendo. D falou alguma coisa para o segurança que rapidamente foi checar a lista em sua mão, o homem era alto e negro, tinha músculos grandes e juro que o braço dele era da grossura da minha coxa. Sua roupa era toda preta, a cabeça rapada e olhos de um castanho um pouco claro, ele era enorme, talvez fosse uns dez centímetros mais alto que Derek, mas por algum motivo o homem parecia ter encolhido diante dele.
Derek sempre teve o poder de intimidar as pessoas, mesmo na escola quando erámos pequenos os meninos jamais compravam briga com ele, nisso era idêntico ao seu pai que fazia qualquer um se encolher com apenas um olhar. Um dos motivos de ele sempre me provocar era que ao contrário da maioria das pessoas, eu não tinha medo e nem me sentia intimidada por ele, na maioria das vezes o provocava e enfrentava com a mesma petulância.
-Nomes? - pediu o segurança.
-Jeremy e Olívia Brooks. - falou.
Sempre interpretávamos papeis diferentes, desde jovens recém-casados a desconhecidos, hoje seriamos irmãos, o que era até um pouco engraçado já que o máximo que tínhamos em comum eram as nossas personalidades.
-Senhor, senhorita. - falou retirando a corda. - Podem entrar.
Entrei logo atrás de Derek, ele realmente pensava em tudo, nem chegava mais a perguntar como ele conseguia nos plantar nos lugares mais difíceis. A boate por dentro era incrível e estava lotada, logo da entrada já era possível ver o bar e a gigantesca prateleira de bebidas, mais a frente estava a pista de dança onde vários corpos se espremiam ao ritmo de uma batida envolvente, o DJ estava dentro de uma cabine de vidro na parede central e ao lado grandes autofalantes por onde explodia uma música que eu não conseguia identificar. Na parte do fundo e mais escondido estava o patamar superior onde ficava a área VIP, dava até para notar a diferença de um espaço para o outro, a elegância e o luxo se faziam mais presente naquela área. Do lado esquerdo da área VIP havia uma escada que levava para o andar superior onde ficavam os depósitos e o escritório do dono, ao lado do bar o corredor que levava para os banheiros e a saída de emergência.
Tinha que admitir que era um belo lugar, a pouca fumaça que rodava pela pista de dança dava um pequeno ar de mistério ao ambiente e fazia com que entrássemos mais no clima. O centro da pista de dança era perfeito para o que eu tinha que fazer, dava uma boa vista para a área VIP e não ficava muito longe do corredor dos banheiros. Dei mais uma boa olhada em cada um dos cantos e abri um pequeno sorriso ao terminar meu estudo.
-Nove no total. - falei.
Parece que eles não estavam de brincadeira, quem estava por fora nem sonhava com quanta segurança esse lugar tinha.
-Onde? - perguntou Derek já entendendo.
-Quatro posicionados de forma padrão, os outros cinco estão a paisana. - falei dando mais uma olhada para conferir.
Derek olhou em volta achando as posições, depois franziu a testa.
-Achei apenas três dos cinco. - falou.
-O barman moreno da parte esquerda, a loira peituda no meio da pista, o casal abraçado ali no canto do bar e o de cabelos acobreados que esta cantando a ruiva.
Um sorrisinho surgiu no canto da boca de Derek enquanto ele conferia o que eu tinha falado.
-Maldita. - falou sorrindo. - Como você sempre consegue achar todos eles?
-Sou boa no que faço. - falei dando de ombros.
Derek revirou os olhos cruzando os braços e olhando para a multidão, esse sem graça que não sabe aceitar que não é bom em tudo.
-O meu trabalho requer que eu note detalhes que a maioria das pessoas ignora. - falei. - Passo tanto tempo observando expressões das pessoas atrás das câmeras que se tornou fácil lê-las.
Ele revirou os olhos com um sorrisinho no rosto que congelou quando seus olhos se focaram em alguma coisa mais a frente.
-O que foi? - perguntei de testa franzida.
-Olha o lado esquerdo da área VIP, mais no canto. - falou.
Me virei para onde ele apontava e rapidamente meus olhos capturaram o que tinha chamado sua atenção. Na parte um pouco mais afastada da área VIP havia três rapazes sentados, todos eram muito bonitos e estavam rindo enquanto bebiam, mulheres em roupas minúsculas estavam ao redor deles como abutres e mais atrás dois homens trajados de preto que pareciam observar tudo. Dois dos rapazes eram morenos, um tinha os cabelos quase negros e o outro castanhos, mesmo de longe dava para notar a barba no rosto de um deles, mas quem eu realmente queria estava sentado no meio deles. Os cabelos loiros bagunçados, rosto de traços fortes e elegantes, um quase sorriso desenhava seus lábios enquanto escutava a conversa dos amigos, vestia camiseta azul e um blazer preto que lhe caiam perfeitamente, calça jeans escura que tinha um bom caimento nas pernas longas cruzadas de forma casual, os olhos claros vagavam pela pista de dança provavelmente procurando sua próxima presa.
-Parece que achamos o nosso cara. - falei.
-Hora do seu show, gatinha.
Sorri de forma perigosa para ele.
-Vai até o bar e sente perto daquela morena, ela esta comendo você com os olhos. - falei dando uma piscadela para ele. - Aproveita um pouco a vida enquanto eu trabalho.
Escutando seus palavrões comecei a me balançar ao som de S&M da Rihanna e sai cortando caminho para o meio da pista de dança. Rodopiei entre as pessoas e deixei que o ritmo da música guiasse meu corpo, de onde eu estava tinha uma visão privilegiada da área VIP e com apenas com uma espiada pude ver o exato instante em que meu alvo colocou os olhos em mim. Dancei como se não quisesse nada, mas tendo plena consciência de seus olhos em mim seguindo cada uma dos meus movimentos, deixei as músicas passarem e continuei no mesmo embalo, vários caras tentaram se aproximar, mas eu dispensava todos, uns até pareciam uma noite que valeria a pena, mas eu estava a trabalho e não era eles quem eu queria atrair. Me virei para espiar novamente e notei que seus dois amigos estavam lá, mas ele não.
Dei uma rápida olhada para as escadas e o vi cortando caminho na minha direção pela multidão, todos se afastavam como se ele fosse o rei do local, postura dominante, olhos focados, ele era um perfeito predador e em seu pensamento eu era sua presa, pena que no meu jogo o caçador tinha virado a caça. Um sorriso vitorioso se espalhou por meu rosto e continuei dançando como se não tivesse visto nada. Meu sorriso se ampliou ainda mais quando senti suas mãos segurando com firmeza em minha cintura, parece que a primeira parte do plano esta concluída.
-Você dança muito bem. - sussurrou com a voz grave em meu ouvido. - Uma mulher tão bonita e sensual não devia ficar sozinha.
Olhei por cima do ombro e abri um sorriso de lado, ele era mais bonito de perto, seus olhos eram de um azul bem claro e as luzes coloridas se refletiam neles, sua colônia era forte e amadeirada, um aroma gostoso. Olhando bem para Douglas Mortmain eu poderia dizer que essa seria uma boa operação, eu poderia me divertir enquanto a executava, como sempre dizia Samira, nunca perca uma boa oportunidade quando ela se faz presente.
-Mas não estou sozinha, - falei com uma voz doce. - você esta aqui comigo.
Ele sorriu parecendo satisfeito com a resposta e embalou seu corpo junto com o meu quando a música seguinte começou a tocar.******
Nota da autora:
Oi gente, o combinado seria que eu só postaria daqui a um mês, mas...
Chegamos a 2k
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Eu dei saltos assim que vi e nada mais justo do que vocês ganharem um cap super especial em comemoração. A capa do capítulo também foi feita especialmente em comemoração.
Nós merecemos.
Agora, bem... Até daqui umas semanas.Espero que gostem.
Boa Leitura!
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Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1
RomanceObra registrada, plágio é crime! Em um mundo movido pelo poder e pelas mentiras, nem mesmo um inocente está salvo das sombras que seu sangue carrega. Isso é algo que Kylie Moore sabe melhor do que ninguém. Após perder toda sua família em um horrível...