“Agora é a minha vez
Eu farei o que eu quero, porque esta é a minha vida
Aqui, agora
Vou permanecer no caminho e nunca recuarei
Eu sei no que eu acredito em meu interior
Estou acordado e estou vivo...”.
Awake and Alive – Skillet
Fiquei por meia hora dentro do banheiro ao som de Sia, gostava das músicas dela, não lembrava bem aonde tinha ouvido, mas já sabia a maioria das músicas de cor. Quando sai me sequei e peguei meu roupão, hidratei meu corpo e dei um jeito no meu cabelo o deixando com ondas, fui para meu closet escolher uma roupa, provavelmente iriamos passar no galpão primeiro então separei duas trocas, a que iria usar agora e a que eu iria para a boate. Separei tudo que ia precisar dentro de uma bolsa e peguei minhas roupas normais, jeans claro surrado e uma blusa de mangas vermelha, calcei minhas botas e escolhi um casaco qualquer. Depois de passar um pouco de perfume peguei minha bolsa, o celular e fui para a sala, tinha que fazer um lanche antes de sair ou ia acabar desmaiando de fome, a última vez que comi alguma coisa foi no café da manhã.
Joguei as coisas encima do sofá e fui para a cozinha, ela é bem espaçosa e quis caprichar aqui também já que gosto bastante de cozinhar sempre que tenho tempo, os armários são preto e branco, a geladeira é enorme e cinza, vivia abastecida de tudo que lembrávamos de comprar. O balcão era de mármore negro e tinha três banquetas vermelhas, a mesa era de madeira escura e com um detalhe de vidro, uma cesta cheia de frutas dava um pequeno toque no centro da mesa e quatro cadeiras a rodeavam. O fogão de seis bocas era em inox e ao seu lado a pia também em mármore escuro, a cozinha era o lugar de cores mais neutras da casa toda, exceto por uma parede mais lisa que era pintada de vermelho. Samira fez a escolha daquela parte onde ficou dependurado um belo quadro que comprou quando estávamos em Budapeste, que retratava o rio Danúbio.
Revirei a geladeira até encontrar o suficiente para fazer um bom sanduiche e peguei a jarra de suco, isso já ia bastar. Liguei a televisão e coloquei num canal onde estava passando um seriado qualquer, acho que era de vampiros, fiquei comendo meu sanduiche e assistindo distraidamente, fazia tanto tempo que eu não fazia algo assim, apenas sentar e relaxar sem fazer nada, depois do dia que tive hoje isso realmente era tudo que eu precisava. Quando já tinha lavado a louça e assistido pelo menos três episódios de seriados diferentes meu celular tocou avisando que Summers já estava a minha espera, olhando para o relógio vi que eram nove horas em ponto, o dia que ele se atrasar é melhor começar a se preocupar porque o mundo provavelmente vai estar no seu fim. Escrevi um bilhete para Jason e coloquei na geladeira, eu não voltaria cedo hoje, trancando a porta fui para o elevador e apertei o botão da garagem.
Quando o elevador chegou percorri a garagem com meus olhos até notar um belo Mustang preto parado em uma das minhas vagas, pelo visto alguém resolveu tirar uma de suas garotas para dar uma volta, D sempre foi apaixonado por carros. Com a bolsa pendurada no ombro andei até o carro e abri a porta do carona. D estava recostado em seu banco escutando um rock clássico que eu não sabia distinguir qual era e cantarolava baixinho, até que ele tinha uma voz bonita.
—Pronto para ir? – perguntei me sentando e fechando a porta.
—Já estão todos a nossa espera no galpão.
—Ótimo, dirija que eu vou falando.
Sem precisar falar duas vezes ele ligou o carro e logo estávamos saindo da garagem. Por ser sexta feira as ruas estavam bem movimentadas, mas por experiência Summers não tinha dificuldade em costurar pelo trânsito caótico.
—Então, qual é o seu plano? – perguntou.
—Pelo que li ele gosta muito de frequentar boates e sempre sai acompanhado por uma mulher diferente.
—Sim, dizem que ele é conquistador, gosta sempre de beber muito e escolher belas mulheres para lhe fazer companhia. Nesse ponto ele tem mais liberdade e os seguranças ficam longe.
—E se eu me aproximasse dele e conseguisse com que ele saísse da boate sem levantar suspeitas? – perguntei.
—Isso seria ótimo, mas como você conseguiria isso?
Sorri, ele geralmente era tão rápido, mas hoje estava lerdo demais.
—Ele gosta de mulheres e até onde sei eu sou uma.
Ele olhou pela janela e vi finalmente uma luz se acendendo em seu rosto quando percebeu o que eu tinha em mente.
—Uma forma bem sorrateira de se aproximar, se ele escolhê-la os seguranças nem vão desconfiar porque isso já é algo frequente, ou seja, não vão revista-la atrás de armas.
—Sempre existe um jeito mais fácil de fazer as coisas.
—Mas até onde sei todos os membros da Irmandade conhecem seu rosto.
—Não se eu estiver disfarçada. – falei batendo na bolsa enquanto um sorriso despontava em seu rosto.
—Você realmente é um caixinha de surpresas. – falou chacoalhando a cabeça.
—Não fale como se eu nunca tivesse feito isso. – falei ajeitando a bolsa no meu colo. – Lembra daquela vez na França que fingimos ser um casal em lua de mel e nos hospedamos no mesmo andar que o Júlio Farias? O garoto de recados da Irmandade?
—Como posso me esquecer? – perguntou sorrindo. – Você foi minha linda esposa por uma semana e o cara ficou tão encantado por você que nem se preocupava mais em te paquerar na minha frente. Aquilo me fez ver que você é uma atriz excelente.
Eu ri.
—Olha só quem fala, fez muito bem o papel de marido traído quando ele tentou me agarrar. Pensei que o cara fosse pular pela janela de tanto medo, você fica assustador quando esta bravo.
—Somos bons no que fazemos. – falou. - Afinal, fomos treinados pelos melhores para sermos os melhores.
—Nisso não posso discordar de você.
Seguimos o resto do caminho comigo contando tudo que eu planejava, D sorria mais a cada detalhe que eu falava. Poucas vezes eu ia para o trabalho de campo assim, minha ação era mais quando estava sendo perseguida, ficava cara a cara com os Lordes apenas quando era hora dos interrogatórios ou em momentos de extrema importância. O galpão, que na verdade era mais um prédio, ficava numa área mais afastada da cidade, perto de algumas fábricas abandonadas, a maioria era nossa e servia como um bom disfarce, mesmo escondidos eu já podia ver alguns carros estacionados. D parou atrás na parte escura mais próxima a porta e ficou para pegar as coisas e trancar o carro enquanto eu entrava e me juntava a equipe.
O galpão era um espaço gigantesco e com pintura cinza, a primeira vista era um lugar simples, mas quando as luzes estavam acesas você podia realmente ver o lugar. Grandes tatames estavam em um canto afastado que davam boa parte do espaço, no lado oposto sofás e bancos para quem assistia os treinos ou esperava a sua vez, paredes com equipamentos necessários para os treinamentos, alguns armários para os trajes habituais, uma parte que quase parecia uma sala de reuniões, com uma grande mesa e um quadro com diversas informações, era onde fazíamos a maiorias dos nossos planos. Na parede logo ao lado tinha um longo corredor, já no inicio se via uma escadaria que dava para o andar superior onde ficavam as salas de monitoração, o nosso núcleo por assim dizer, eles podiam conseguir qualquer informação, quase qualquer uma na verdade. Havia mais seis grandes portas, uma era nossa enfermaria, outras duas os vestiários e mais duas que eram alguns dormitórios, boas acomodações que ás vezes precisávamos.
A última porta do corredor era a mais velha e levava para o nosso porão, onde na verdade ficavam as selas e salas de interrogatório. Ao total tinha umas dez pessoas espalhadas ali na área central, alguns treinavam e outros faziam planos na mesa de reuniões.
—Oi pessoal. – falei.
Todos eles viraram para mim, alguns abrindo pequenos sorrisos.
—Senhora. – responderam.
Revirei os olhos para o termo, eles nunca iriam parar de me chamar assim. Uma morena baixinha se aproximou de mim, seus olhos tão escuros quanto seus longos cabelos, ela já estava totalmente trajada de preto, armas arrumadas e o cabelo preso com firmeza em um rabo de cavalo, seu rosto tinha uma expressão um tanto dura, mas um pequeno sorriso surgia em seus lábios.
—Bom tê-la por aqui, Srta.Moore.
Chacoalhei a cabeça para ela.
—Já falei para me chamar de Kyle, Susana. – falei seria.
—Desculpa, força do hábito. – falou com um pequeno sorriso. – Não sabia que iria conosco.
Franzi a testa.
—Ele avisou apenas por cima. – falou Sebastian do tatame.
Ele tem os cabelos tão escuros quanto os de Susana, mas ao contrario dela seus olhos são verdes, também é uma boa cabeça mais alto que a irmã, se não fosse por poucos detalhes era quase impossível dizer que eles tinham algum parentesco, apenas quando você convivia com eles que descobria suas verdadeiras semelhanças. Ele estava lutando com Elena, apesar de ser pequena aquela morena era tão fatal quanto uma arma quando estava em combate.
—Não abaixe a guarda, Sebastian. – o alertei.
Não resultou de muito, bastou apenas o meu aviso e Elena já tinha o derrubado, apenas chacoalhei a cabeça e me voltei para Susana.
—Vou deixar Summers explicar para vocês enquanto me preparo.
—Pode ir. – falou D aparecendo atrás de mim. – Seu quarto de sempre esta preparado no segundo andar.
—Okay.
Com a bolsa em meu ombro fui cumprimentando os que encontrava em meu caminho até as escadas, quando estávamos fazendo as reformas até quiseram colocar um elevador, mas eu não quis modificar a arquitetura principal do prédio. Subi as escadas depressa e logo já despontava em um corredor branco, diversas paredes e portas de vidro mostravam alguns membros da equipe concentrados em seus trabalhos sem nem notar minha presença, fui até as duas últimas portas do corredor, uma era de um quarto meu e outro de D, eu nunca fui seletiva e não me importava em ficar no meio do resto da equipe, mas ter um lugar quando eu precisava ficar sozinha era ótimo, ainda mais quando estava estressada. Destranquei a porta e entrei, o quarto era simples, pintado de branco sem decoração e pouca mobília, apenas uma cama, uma cômoda, um sofá e uma mesa que ficavam perto da janela que era bloqueada por uma pesada cortina escura. Na porta que ficava mais afastava era o banheiro, tinha apenas o básico também, com exceção de um lindo espelho que dava quase toda a parede.
Joguei a bolsa sobre a cama e fui retirando tudo que tinha trazido e espalhando, minha transformação seria por etapas. Tirei a roupa que estava vestindo e peguei a outra, uma calça de couro preta de cintura alta e um cropete de mangas cumpridas também preto, me vesti rapidamente e peguei meu estojo de maquiagem assim como a peruca que também tinha trazido e fui para o banheiro. Apertei o interruptor e o belo banheiro de azulejos azuis foi iluminado, tinha um Box, um vaso e uma pia com uma grande bancada, bem ao seu lado estava o enorme espelho que fornecia uma visão minha de corpo inteiro. Abrindo minha nécessaire comecei a preparar minha pele, fiz algo básico, marquei bem meus olhos com um delineador e dei uma esfumada bem de leve, escureci minhas sobrancelhas e passei uma grossa camada de rímel nos cílios, passei um pouco de pó e quase nada de blush.
Com a maquiagem quase pronta peguei a caixa com as lentes de contato e abri, as colocando logo em seguida, irritou no começo, mas com algumas piscadas eu já estava mais acostumada, elas eram de um azul profundo e que eu tinha achado muito bonito, boa oportunidade para usar. Peguei um batom cor de vinho opaco e passei em meus lábios que pareceram ainda mais ressaltados por causa da cor, sempre fui bem branquinha então cores escuras se destacavam em minha pele. Arrumei meus cabelos em um coque bem preso e comecei a ajeitar a peruca para que não ficasse com aquele efeito de ser falsa, deu um pouco de trabalho, ainda mais sem ajuda, mas consegui fazer um bom trabalho. Sempre odiei perucas, não só porque eram chatas para colocar como também coçavam pra caramba.
Depois de um tempo satisfeita com o resultado me dei uma boa olhada no espelho, Kyle Moore não existia mais no momento, eu estava fitando uma mulher totalmente diferente agora. A calça de couro era colada e se ajustou muito bem ao meu corpo destacando curvas que eu própria desconhecia, ela era de um tecido mais grosso e por isso caia perfeitamente, o cropete era do tamanho exato e valorizava os meus seios, não havia nem marca de sutiã como ficava em algumas roupas. A maquiagem deixou meus traços mais fortes e mais maduros, o batom escuro dava a impressão que meus lábios eram mais carnudos, a maquiagem marcada dos olhos faziam com que o azul parecesse ainda mais vibrante e o cabelo era uma massa de ondas negras que caiam por meus ombros e pareciam destacar ainda mais meu rosto. Ninguém me reconheceria hoje.
Coloquei meu camafeu por dentro do cropete para que ninguém o viesse e peguei dentro da nécessaire um max colar com pedras azuis para dar uma quebra no preto. Com tudo finalizado voltei para o quarto e sentei na cama, prendi minha adaga com um coldre na perna, ela seria tudo que eu iria precisar, rápida, letal e despercebida, calcei as botas que iam até os meus joelhos e me levantei organizando tudo que tinha espalhado sobre a cama, odeio deixar as coisas bagunçadas. Com tudo pronto sai do quarto fechando a porta e parti pelo corredor sem ser notada, quando sai das escadas e cheguei a sala principal todos já estavam prontos e equipados fazendo os planos da noite, era realmente uma equipe bem eficiente. D estava encostado na parede bebendo uma garrafa de água apenas observando, seus cabelos estavam de uma coloração escura e tenho certeza que ele também usava lentes, suas roupas são despojadas como de alguém que estava indo para a balada, calça azul marinho, botas e uma jaqueta de couro, mesmo de costas dava para notar que ele estava um gato, não muito diferente do habitual, não podia negar que aquele filho da mãe era realmente muito bonito.
—Vejo que já esta tudo preparado. – falei me aproximando.
Assim que ouviu minha voz, D virou na minha direção e se engasgou com a água que estava tomando enquanto arregalava os olhos, a boca se abrindo em surpresa, a expressão dele foi hilária, o que fez com que eu acabasse rindo. A comoção foi o suficiente para chamar a atenção dos outros que também se viraram para olhar para mim.
D continuava me avaliando das cabeças aos pés como um escâner, olhava para mim como se eu tivesse acabado de brotar ali na sua frente, como é bom conseguir pegar ele de surpresa.
—Como estou? – perguntei com um sorriso satisfeito no rosto.******
Nota da autora:
Oi pessoal, aqui mais um cap para vocês feito com muito carinho.
Tenho uma noticia para vocês e muitos podem querer me matar por isso kkkkkkkkk
Como falei as minhas aulas na faculdade já começaram e as coisas estão bem corridas, tenho tempo de conversar apenas no final de semana. Por isso tomei uma decisão, vou tirar um tempo para me organizar e fazer algumas coisas, sendo uma delas revisar alguns dos caps...
Vou passar no máximo um mês sem postar... Desculpem por isso, mas preciso desse tempo, minha vida ta uma confusão. O livro vai ser postado até o final sim, não se preocupem...
Quando eu voltar vocês vão ter caps revisados e outros inéditos muito melhores. E melhor que isso, vocês vão ter uma ótima surpresa que estou preparando.
Bem, deixo este cap para vocês e nos vemos em breve. Na minha ausência... Votem, leiam, comentem e divulguem para todos que conhecerem.Espero que gostem.
Boa Leitura!
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Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1
РомантикаObra registrada, plágio é crime! Em um mundo movido pelo poder e pelas mentiras, nem mesmo um inocente está salvo das sombras que seu sangue carrega. Isso é algo que Kylie Moore sabe melhor do que ninguém. Após perder toda sua família em um horrível...