Merry Christmas II

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*Conto de Natal de Atração Sombria*

Me virei parcialmente, sem tirar a pressão no peito no bandido no chão, e olhei para o policial que estava a uns dois metros de nós. Ele devia ser pelo menos uns dois ou três anos mais velho que eu, era alto e tinha um cabelo loiro. Seus olhos eram castanhos claro e ele me encarava com desconfiança, quase como se eu estivesse assaltando o desgraçado que estava no chão. Ele vestia o uniforme completo da polícia, até mesmo o quepe e apontava uma arma na minha direção. Pelo que eu podia julgar apenas olhando para ele, não devia estar na profissão a muito tempo.

—O cara me ameaça com uma arma e tenta me roubar e você fala que nada de violência? – perguntei com a maior paciência que pude.

—Isso poderia ser uma encenação. – falou. – Desculpe, senhora, mas não seria a primeira vez que algo assim acontece.

Revirei os olhos.

—Claro, porque a máscara no rosto dele não dá nenhuma pista do que ele estava fazendo, não é? – falei. – Mostro os documentos do carro se está duvidando de mim.

—Por favor, senhora, se afaste do homem e não complique mais as coisas.

Tirei o pé de cima do peito do bandido e minha única vontade era arremessar o salto na cara daquele policial imbecil. Me afastei como ele tinha pedido e me aproximei do meu carro, mas ele não deixou de apontar a arma na minha direção.

—Se você é o símbolo da polícia nessa cidade, dá para entender porque tem tantos bandidos à solta.

Ele fechou a cara na minha direção e basicamente ignorou o cara que eu tinha derrubado e agora estava se sentando. Era brincadeira um negócio desses. Ele realmente estava achando que eu estava tentando assaltar o cara mesmo com as pistas tão obvias?

—Isso é desacato, senhora. – falou nervoso.

—Assim como não existe sentido para você estar apontando essa arma para mim, já que nem mesmo estou armada.

—Isso não parece torna-la menos indefesa.

Boa garoto! Parece que pelo menos disso ele tinha consciência. Pena que não era tão inteligente a ponto de ver que o imbecil que ele estava ignorando estava se arrastando em direção a arma dele novamente. Dei um passo à frente quando escutei duas armas sendo engatilhadas.

—Parado ai! – gritou uma voz feminina.

Olhei para o lado e vi uma mulher parada bem atrás do cara que estava quase pegando a arma. Ela apontava sua arma bem na cabeça do homem e seu olhar era furioso. A mulher era uns dez centímetros mais baixa que eu, tinha cabelos castanhos com traços avermelhados até um pouco abaixo dos ombros, grandes olhos azuis e feições que a tornavam ao mesmo tempo meiga e perigosa. Ela vestia um vestido preto e branco, saltos azuis e um sobretudo escuro. Levou um momento para reconhece-la por causa da confusão, mas fiquei satisfeita em ver um rosto amigo.

—Fica longe dessa arma e é melhor tirar logo a droga dessa máscara. – falou chutando a arma para longe. – Vai passar um tempinho na cadeia por tentativa de assalto a mão armada e se não colaborar posso estender sua pena por um tempo a mais.

O cara tirou a máscara devagar e revelou grandes e bagunçados cabelos castanhos, lábios carnudos, maxilar delineado por uma barbada raça e uma aparência extremamente jovem. Ele devia ter a minha idade. Ele não ofereceu qualquer resistência e ficou ajoelhado, os tornozelos cruzados e as mãos atrás da cabeça. Aquele era um gesto claro de quem estava acostumado a fazer visitas a cadeia.

—Williams! – falou ela chamando a atenção do policial imbecil. – Vai ficar parado que nem um poste ai ou vai prender o bandido? Pare de apontar essa arma pra mulher e pega logo as algemas.

Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora