"Não me importo
De facilmente te decepcionar, mas espere um pouco
Se não doer agora, então só espere
Só espere um pouco
Você não é o peixe grande no lago, não mais
Você é o que os alimenta...".
Ain't It Fun - Paramore.
Douglas puxou meu corpo com força contra o seu e aproximou a boca do meu ouvido, com a música alta essa era a única maneira de conversar.
-Acho que nunca vi você por aqui antes. - falou. - Com certeza teria me lembrado.
-Eu estava por aqui. - falei. - Você apenas não procurou direito.
Douglas mordeu os lábios.
-Talvez eu não soubesse bem o que procurar.
-E agora sabe? - perguntei arqueando a sobrancelha.
Com um sorrisinho ele acariciou meu pescoço com o nariz.
-Talvez eu tenha encontrado. - respondeu ao pé do meu ouvido. - Veio com alguém?
E ali estava as táticas básicas do flerte de balada, as pessoas geralmente são diretas e não escondem suas intenções, tudo é simples e rápido, perfeito para quem gosta de algo sem compromisso. Tenho que admitir que pelo menos Douglas era educado de perguntar se eu tinha vindo com alguém, esse crédito eu devia a ele, outros caras nem se dariam ao trabalho de perguntar.
-Com meu irmão, - respondi. - mas ele já deve estar muito bem acompanhando em algum canto da boate por ai. Ele nunca vai embora sozinho.
-E você vai? - perguntou sorrindo.
-Não hoje. - respondi vendo seu sorriso se alargar.
-Uma mulher direita? - falou com a malícia brilhando em seus olhos. - Gosto disso.
Usei seu corpo como apoio e comecei a escorregar me balançando no embalo da música, suas mãos deslizaram por meu corpo e tive a satisfação de ver o respirando fundo enquanto eu subia de volta, suas mãos apertando minha cintura com firmeza. Sempre gostei de provocar, isso era quase algo da minha natureza, mas no jogo da sedução eu tive aulas com a mestre. Samira era a melhor na arte de fazer os homens perderem o juízo.
-E do que mais você gosta? - perguntei.
-De mulheres que sabem o que quer.
Girei em seus braços ficando de frente para ele e levei meus lábios até seu ouvido.
-Então talvez você goste de saber que não estou atrás de compromisso, nada de amarras, satisfações ou explicações... - falei sorrindo. - Apenas a pura e simples diversão.
Vi ele mordendo os lábios e olhando para cima como se não pudesse acreditar em minhas palavras. Eu sabia bem o que ele estava pensando, caras como ele sempre tinham várias mulheres a disposição, mas a maioria delas não queriam apenas um caso de uma noite, queriam tudo mais que tivesse incluído no pacto. Então encontrar uma mulher que queria as mesmas coisas que ele poderia parecer bom demais para ser verdade. Com um pequeno sorriso ele se voltou para mim.
-Sou Douglas Mortmain. - falou.
-Olivia Brooks.
Ele olhou bem para o meu rosto como se estivesse me estudando, mais uma vez dei credito a ele, no cargo que ocupava realmente era necessário ser desconfiado. Cautela nunca era demais em qualquer aspecto da vida
-Esse é mesmo o seu nome? - perguntou.
-Acho que confirmou isso quando perguntou para o garçom quem eu era antes de se aproximar. - falei.
Ele arqueou a sobrancelha surpreso.
-Estava me observando?
-Eu observo o que me é interessante. - respondi dando de ombros.
-E como sabia que eu estava perguntando sobre você?
O garoto era esperto, sabia bem o trabalho que estava fazendo.
-Homens como você não se aproximam sem estudar o terreno a sua volta, muito menos de algo no qual tem interesse.
-Esperta. - falou um tanto admirado e pensativo.
-Sua conversa com ele foi boa?
-Ao que parece, - falou olhando bem nos meus olhos. - os Brooks são clientes frequentes, amigos próximos do dono, mas pelo que ouvi seu irmão aparece mais aqui do que você.
Se ele estava tentando me pegar numa mentira olhando em meus olhos, ia se dar muito mal. Aprendi cedo a detectar mentiras, tornando ainda mais fácil para que eu própria mentisse sem que ninguém notasse.
-Sou uma pessoa ocupada, nem sempre tenho tempo para me divertir.
-E hoje não estava?
-Abri um espaço na minha agenda. - falei sorrindo. - E parece que escolhi o dia certo.
-E o que você faz, Olívia? - perguntou.
Desconfiado era pouco para esse cretino, mas estava começando a gostar dessa brincadeira, ele não era tão bobo assim.
-Estou em um interrogatório, Sr.Mortmain? - perguntei.
-Apenas queria saber um pouco mais sobre você.
-Sou publicitaria e sei uma coisa ou outra sobre administração.
-Mulher de negócios, interessante.
Chacoalhei a cabeça e aproximei meus lábios de seu ouvido.
-Você não precisa saber da minha vida, Douglas, assim como não preciso saber da sua. - falei. - Não estou interessada em fama ou dinheiro, isso eu já tenho por mim mesma, muito menos quero algum relacionamento. Precisamos apenas terminar a noite como ambos queremos e depois é cada um pro seu lado.
Douglas olhou para mim por um tempo e depois sorriu parecendo satisfeito com meu discurso.
-Acho que tive sorte hoje. - falou se abaixando e dando um beijo no meu pescoço.
-Quando a noite acabar, sorte vai ser pouco comparado ao que você vai ter. - falei.
Ele não via o verdadeiro significado das minhas palavras, estava pensando que ia ser apenas mais uma noite de alguma transa selvagem, estava totalmente entregue a armadilha que fiz, encantado pela mulher ousada e sensual que criei. No momento que seus olhos caíram em mim na pista, eu soube que meu plano seria um sucesso. Ele pensava que era o predador, mal sabia que era a presa, caiu na armadilha direitinho e não tinha a mínima chance que eu o deixasse escapar. Estava acostumada a atuar quando necessário, não seria nenhum desperdício me aproveitar um pouco do momento. Douglas era bonito e dançava muito bem, depois do dia que tive poderia me divertir por algum tempo, mesmo que fosse com o inimigo.
Parecendo motivado com minha resposta, ele enlaçou minha cintura me puxando para mais perto de si e sem cerimônia nenhuma colou sua boca na minha. Tenho que admitir que adoro homens com atitude, ele beijava bem, seus lábios eram suaves e ao mesmo tempo intensos, o gosto de Whiskey ainda estava presente em sua boca dando um toque especial ao momento. A ferocidade com que seus lábios se moviam contra os meus mostrava a experiência que já tinha, sua língua atrevida pediu passagem e não recuei. Enterrei meus dedos em seus cabelos e o puxei com mais força contra mim.
Já tínhamos parado de dançar e eu nem me importava que estávamos parados em plena pista de dança, queria mais era aproveitar o momento, ele podia ser o que fosse, mas tinha um beijo que era de arrancar suspiros de qualquer garota. Quando já estava ficando sem ar, me afastei um pouco com a respiração ofegante, a dele não estava muito melhor do que a minha e seu rosto estava ficando vermelho, o desejo brilhava em seus olhos, os deixando um pouco mais escuros. Eu podia ver que meu trabalho não estava tão longe assim de ser terminado.
-Que tal irmos para um lugar mais reservado? - sussurrei em seu ouvido.
-Apressadinha não? - perguntou ainda ofegante, mas pude notar um leve sorriso em sua voz. - Ainda temos tempo, baby.
-Cada minuto desperdiçado é um tempo único da vida que perdemos. Quando dizem parar viver cada instante como se fosse o último, estão falando a verdade, afinal, um momento jamais será como o outro.
Ele me olhou parecendo momentaneamente impressionado.
-Uma poetisa? - perguntou.
-Apenas uma pessoa adepta a viver todos os momentos da vida, plena e intensamente, sem medo do que vira amanhã. - falei simplesmente. - Então, o que vai ser Douglas?
Vi suas pupilas dilatarem enquanto me encarava. A decisão já estava estampada em seu rosto antes que ele falasse.
-Conheço algumas salas privadas ali no corredor do banheiro, podemos ir pra lá.
Sorri satisfeita.
-Não vai se arrepender dessa decisão. - falei mordendo o lóbulo de sua orelha e puxando com os dentes.
Ele soltou um gemido baixo a apertou as mãos na minha cintura enquanto começava a me guiar rumo ao corredor. Com uma rápida olhada para o bar meus olhos encontraram com os de Derek e dei uma piscadinha, ele ainda falava com a morena, mas assim que me viu sorriu chacoalhando a cabeça e se voltou para sua companhia. Eu já estava com o comunicador, quando a última parte já estivesse cumprida bastava chamar a cavalaria. Saímos com dificuldade pela multidão até chegar ao corredor, passamos direto pelos banheiros e seguimos rumo a uma das portas que tinha perto da saída de emergência, ótima rota de fuga.
Sem hesitação, Douglas abriu a última porta e me puxou para dentro. A pouca iluminação da sala se provinha de uma grande janela que estava com as cortinas puxadas, não havia muito mobília também, apenas um grande sofá vermelho que combinava com a parede branca atrás de si, um minibar no canto, algumas prateleiras e uma mesa, fora isso não havia mais decoração nenhuma.
-Rodrigo esta pensando em fazer uma sala privada aqui, uma exclusividade para os melhores clientes. - comentou.
Abri um sorriso e o empurrei para o sofá, fazendo com que caísse com tudo.
-Talvez devêssemos ser os primeiros a testar a ideia. - falei.
Ele me olhou surpreso e ao mesmo tempo admirado enquanto se arrumava melhor no sofá. Fui lentamente em sua direção, andei como uma caçadora prestes a abater sua presa, o que no momento era realmente verdade. Montei em seu colo e apertei meus joelhos envolta da sua cintura, suas mãos foram para os meus quadris os apertando com força enquanto eu me livrava de seu blazer, já tinha feito a avaliação de tudo que precisava fazer na pista de dança. Douglas observava cada um dos meus movimentos com os olhos escuros de desejo, uma presa fácil quando você sabe a arma certa para usar.
-Ainda precisa saber quem eu sou, Douglas? - perguntei em seu ouvido.
-Quero que tudo vá pro inferno! - falou e puxou minha boca para a sua.
Afundei meus dedos em seus cabelos e os puxei com violência, o que fez com que ele mordesse meu lábio com um pouco de força enquanto suas mãos deslizavam para minha cintura, ele podia não ser um dos melhores caras, mas confessor que tinha uma pegada fenomenal. Douglas tentou me deitar no sofá, mas apertei minhas coxas a sua volta e fiz com que ficasse no lugar, ainda não era o momento, deslizei meus lábios por seu rosto até chegar a sua orelha, onde mordi.
-Gosta de comandar? - perguntei.
-Eu tenho controle de tudo que faço e de todos que estão a minha volta, sou eu quem dá as ordens. - respondeu com firmeza.
Sorri mordendo seu pescoço e fazendo com que ele apertasse mais minha cintura, ele estava tão hipnotizado que nem percebia o que eu estava fazendo. Tomado pelo impulso, ele começou a distribuir beijos por meu pescoço até o meu maxilar, o que tenho que admitir que era muito bom, soltei um suspiro e deitei minha cabeça de lado. Se aproveitando do meu aparente momento de fraqueza ele me empurrou contra o sofá, ficando por cima de mim. Assim que me viu imobilizada por seu peso abriu um sorriso vitorioso, eu podia deixar que ele achasse que estava no controle da situação, a decepção ia ser maior. Ainda sorrindo ele pegou minha perna e a enganchou em sua cintura, dando liberdade para que pressionasse seu corpo contra o meu com força.
-Vejo que você também gosta dominar. - falou mordendo meu queixo.
-Todos nós temos nosso lado controlador. - falei erguendo o pescoço para dar mais acesso aos seus lábios.
Douglas começou a dar mordidinhas no meu maxilar descendo para a garganta, em seguida cheirou meu pescoço de uma maneira que me fez arrepiar. Ele soltou um gemido rouco e me apertou ainda mais, eu podia notar o quanto ele estava afetado com toda aquela situação. Mesmo que o momento estivesse muito bom, eu não me sentia tão envolvida com deveria dado o momento. Douglas estava dominado pela luxúria e parecia mais nem prestar atenção em nada, mas eu, pelo contrário, estava com a mente totalmente clara. Eu sabia a minha missão e não eram uns amassos, mesmo que fossem muito bons, que iria anuviar minha mente, mas eu tinha que admitir que me senti um tanto frustrada pela minha falta de reação.
-Além de ser gostosa tem um cheiro de enlouquecer. - sussurrou no meu pescoço, o hálito fazendo cócegas.
Sorri e enlacei minhas pernas em sua cintura com firmeza, usando minha força e a surpresa, girei seu corpo para ficar por cima. O problema é que o sofá não era tão grande assim, mas mesmo que eu não tivesse premeditado isso, o cálculo foi perfeito. Assim que o girei, nós dois caímos no chão. Cai por cima o tento totalmente preso embaixo de mim, bem onde eu queria. Ele arregalou os olhos parecendo surpreso, não esperava que eu tivesse tanta força, mas tão logo quanto veio a surpresa se foi transformando-se em um enorme sorriso.
-Uma lutadora... Isso vai ser interessante.
-Que bom que acha isso. - falei. - Talvez seja a melhor coisa que aconteceu com você essa noite.
Apesar de estar me divertindo, eu me sentia um pouco cansada e com a cabeça pesada, talvez já fosse hora de parar com a brincadeira e agir logo de uma vez, eu já tinha conseguido tudo que precisava no momento. Deslizei minha mão até a bota e puxei a adaga, abrindo um sorriso frio me movi devagar até pressionar a lâmina contra sua garganta. Douglas demorou um momento para absorver a situação, e logo que entendeu o que estava acontecendo, seu rosto se tornou uma mistura de raiva e confusão.
-O que esta acontecendo? - rosnou.
-O que foi, baby? - perguntei sorrindo. - Não gosta de uma boa luta?
-Vadia! - rosnou.
Ele começou a se debater e tentar me empurrar de cima de si, mas apertei a lâmina com mais força contra sua garganta e ele parou
-Olha o linguajar. - repreendi.
-Quem diabos é você?
Com a mão livre puxei a peruca finalmente soltando meus cabelos e me livrando daquela coceira incomoda que estava começando a se fazer presente, como odeio perucas. Ele me encarou por um momento, seus olhos ficando maiores e assustados enquanto finalmente percebia minha identidade.
-Como conseguiu isso? - perguntou com os olhos brilhando de raiva. - Como passou pelos meus seguranças?
-Tenho que admitir que você sai muito bem acompanhado, mas nada que uma boa estratégia não possa resolver.
-Não tem como você ter enganado eles. - rosnou se debatendo novamente.
-Mas eu enganei você, então porque não enganaria eles? - perguntei.
-Cada um daqueles homens tem uma foto sua gravada na memória, você não passaria despercebida por eles. - insistiu.
Sorri de modo frio lembrando as palavras que Samira me falou uma vez.
-A sedução é uma das armas mais poderosas que a mulher tem, sorrateira, fatal e irresistível. Tudo que eu precisei foi um disfarce e uma boa interpretação, um pouquinho de dança e você estava na minha sem nem perceber. Eles não me notaram porque eu era apenas um rosto comum na multidão, eles esperavam Kyle Moore, não Olívia Brooks. Então se lembre de uma coisa, baby... - falei sorrindo. - Uma arma pode ser perigosa, mas um rosto bonito é mortal.******
Nota da autora:
Olá pessoal, graças a uma "leve" pressãozinho, estou de volta kkkkkk
A Kyle é terrivel, eu sei kkkkk Mas toda mulher deve usar e abusar do poder que tem.
Kkkkkkkkk
Não me resolvi em tudo ainda, mas não podia deixar vocês sem caps e mesmo que eu demore ás vezes, prometo postar sempre que puder.
Estamos quase chegando a 3k e estou muuuito feliz com isso. Obrigado a todos os leitores fieis, tanto os antigos quanto os novos.
Daqui duas semanas vou postar um presentinho super especial para vocês, enquanto não chega... Votem, comentem e divulguem o quanto puder.
Este cap é dedicado a Sheila_M_Alves, obrigado pelos conselhos para este cap... Samira é sempre uma ótima conselheira 😉Espero que gostem.
Boa Leitura!
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Legado de Sangue - Irmandade - Livro 1
RomanceObra registrada, plágio é crime! Em um mundo movido pelo poder e pelas mentiras, nem mesmo um inocente está salvo das sombras que seu sangue carrega. Isso é algo que Kylie Moore sabe melhor do que ninguém. Após perder toda sua família em um horrível...