Capítulo 4.

2.2K 150 2
                                    

Ela não fazia idéia de que estavam tirando as fotos até que fosse tarde demais e tivessem sido publicadas. E naquela época ela e Nick eram casados.
Naturalmente, aos olhos do público, tinha de masca¬rar seus verdadeiros sentimentos e fingir que gostava da nova imagem de uma garota sensual, que topa tudo e é ávida por sexo, e que ficava simplesmente encantada em deixar que o mundo inteiro visse o quanto desejava seu novo marido. Mesmo que aquele novo marido a chamasse na intimidade de frígida e inútil na cama e passasse mais noites fora do casamento do que com ela.
Ela olhou um pouco ansiosa para seu relógio. Passara mais tempo com seu advogado do que esperara, e, ain¬da, deveria ir à festa de aniversário de noventa anos de sua tia-avó Alice.
A tia Alice morava em Knightsbridge, em um enor¬me apartamento antigo que era sempre gélido porque, apesar de ser rica, recusava-se a manter o aquecimento central ligado.
Ninguém na família queria visitá-la no inverno e, nem mesmo no verão, os espertos a visitavam equipa¬dos com camadas extras na forma de cardigan, pashminas ou coisas do tipo, para precaverem-se das ventanias gélidas que tia Alice insistia serem necessárias para uma boa saúde e que eram a razão pela qual ainda estava em perfeita forma aos noventa anos.
— Ora bolas! — O primo mais novo de Lucy, John-ny, sempre alegava: a razão dela ainda estar viva é por¬que é sovina demais para morrer. Só Deus sabe o que eu poderia fazer com a minha parte dos milhões dela.
— O que faz você pensar que vai ter uma parte? — o irmão de Lucy Piers perguntou.
— É meu destino — respondera Johnny presunçosa¬mente. — Sou o favorito dela.
— É? Bem, você certamente esforça-se o suficiente para isso — caçoou Piers.
Johnny tinha dezenove anos e, com seu estilo de vida levemente decadente, sua permanente falta de dinheiro e jeito aproveitador, tinha uma reputação dentro da fa-mília de ser alguém que estava constantemente fazendo trapaças, Lucy suspeitava que Marcus provavelmente desaprovava Johnny tanto quanto desaprovava ela.
Marcus! Mas ela não o desaprovava, desaprovava? E esta era a causa disto, se não todas, então certamente da maioria dos problemas de sua vida. Tinha sido, afinal de contas, para escapar de Marcus, e do reconhecimento de que aquele amor nunca seria correspondido, que ela jo¬gara-se nos braços de Nick. Ou era porque ainda amava Marcus, apesar de todas as tentativas de parar de amar, que ela o tratava com hostilidade e ressentimento. Este era seu escudo, sua única proteção contra a possível hu¬milhação de Marcus — ou qualquer outra pessoa — se algum dia ele descobrisse o que ela sentia por ele.

NO CALOR DA SEDUÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora