— O quê?
— Você me ouviu, Marcus — repetiu Lucy trêmula. — Quero o divórcio.
Ela podia ver como ele estava chocado, incrédulo e com raiva.
— Só ficamos casados durante um mês.
Ele não conseguia acreditar na intensidade da dor que o rasgava.
— Eu sei. Contei cada dia. Cada hora — disse-lhe Lucy verdadeiramente. — Não está dando certo, Mar¬cus. E não vou — não quero — permanecer em um ca¬samento que não me faz feliz. Vou achar algum lugar para morar, e então podemos começar os procedimentos do divórcio...
— Não!
Lucy olhou para ele.
— Adverti você de que quando nos casássemos esta¬ríamos nos comprometendo por toda uma vida, Lucy. Não vai haver divórcio — disse-lhe Marcus furioso.
Ele não iria deixar ela ir embora. Nunca. Ela era dele e ele a amava.
Ele a amava? Ele amava Lucy?
Mas isto não era possível, Há anos atrás ele jurara que não se deixaria apaixonar. Era como se houvesse uma imperfeição dentro dele, similar àquelas responsá¬veis pelos terremotos e suas emoções — aquelas emo¬ções que enterrara e negara, e recusava-se a admitir que podiam existir — estavam causando-lhe tanta pressão dentro dele que simplesmente não podiam ser contro¬ladas.
Dor, mágoa, ciúme e uma determinação de nunca deixá-la partir explodiram dentro dele com uma força que mandou urna onda poderosa de amor dentro dele.
Ele amava Lucy!
Sua recusa apaixonada fizera com que Lucy ficasse indecisa entre a esperança e a alegria — e terrível reali¬dade do que a recusa dele significava, Ela não esperara este tipo de reação. Esperava que ele fosse dizer-lhe que arrumasse as malas e partisse.
— Tudo bem, não se divorcie de mim então — disse-lhe mantendo a frieza. — Mas você não pode impedir que eu deixe você, Marcus, e é exatamente isso o que eu vou fazer. Nosso casamento terminou.
Marcus lutou para suprimir um desejo incomum de quebrar alguma coisa — porque algo dentro dele estava se quebrando. Seu coração?
Ele sabia que desde que voltaram da lua-de-mel, Lucy não estava feliz e acreditara que sabia o porquê. Mas não sabia quais eram seus próprios sentimentos. Ele sabia agora! Por que deixaria que Blayne a tirasse dele e arruinasse sua vida pela segunda vez? Um dia ela o agradeceria pelo que ele estava fazendo, um dia ela veria que foram feitos um para o outro.
— Não pense que não sei o porquê disso tudo, Lucy. Porque eu sei. Sei exatamente o que está acontecendo nas minhas costas.
Marcus sabia? Não podia, podia?
— É o Blayne, não é?
Ele ouviu-a soltar um pequeno arquejo de admissão.
— Vi você com ele no aeroporto. Marcus viu? E pensou...
— Foi coincidência!
O que mais ela podia dizer? Agora percebera que Marcus pensava que ela queria o divórcio porque ainda amava Nick. E não era melhor que continuasse a pensar assim?
— Uma coincidência muito infeliz, pois acredito que seu senso comum se você permitisse — continuou Mar¬cus amargamente. — Certamente você não pode ter es-quecido o que ele fez para você?
— Agora é diferente — disse-lhe Lucy. Gomo isto era verdade. — Ele mudou. — E como isto era mentira.
— Ele mudou? Você tem certeza do que quer de ver¬dade, Lucy? Afinal de contas, na cama você me queria...
— Não! Sim. Sim.
— Pensava que queria, mas não queria. Não de ver¬dade.
Sim, queria de verdade — agora e sempre. Só você e sempre você, Marcus. Isto está me matando e não con¬sigo agüentar. Amo tanto você.
— Você está mentindo e vou provar isto.
Marcus mal podia acreditar no que estava dizendo e fazendo. Era um homem fora do seu controle, levado a loucura pelo amor.
Ele pegou Lucy antes que ela pudesse detê-lo, beijan¬do-a com uma fúria masculina.
Lucy sentiu as mãos de Marcus puxarem suas roupas, e ela ficou imóvel. Ouviu o barulho do tecido rasgando quando ele puxou um botão com violência.
— Você foi para cama com ele depois que nos casa¬mos, Lucy? Foi?
Por favor, Deus, deixe ela dizer que não.
— Não. — Pelo menos aqui podia ser honesta.
— Não ainda? Mas você pretende? — Por que ele es¬tava se torturando deste jeito?
Nunca. Com ninguém se não puder ser com você, um único amor.
— Nick...
— Pare. Não quero ouvir o nome dele — disse-lhe Marcus, esmagando a boca dela com a sua para silenciar as palavras que não queria ouvir.
Lucy tremia — não de frio, e também não de medo, reconheceu ela. Embora fosse bem mais fácil estar com medo de Marcus.
Mas como podia ter medo do que desejava tanto? Uma última vez. Uma última lembrança.
Ela podia sentir a beira da cama atrás dela, e também podia sentir Marcus empurrando-a contra ela, tirando as roupas que restavam.
— Posso fazer com que você me queira, Lucy — ele advertiu-a. — E vou fazer.
— Não.
Sim. Sim, Marcus, faça... agora. Possua-me agora. Quero você.
Ele nunca a possuíra desta forma antes. Com uma paixão que rasgava e queimava, mas ela ainda reagia a ele. Sua carne, suas emoções. Todo o seu ser ainda o apreciava e o queria.
— Não!
Que diabos ele estava fazendo? O suor escorria em sua testa enquanto lutava contra o calor de sua própria raiva, afastando-a a cada batida de coração, sobrepondo a imagem selvagem de Nick com Lucy, uma imagem mais amena de Lucy sozinha.
Ele não podia — não daria lugar a esta dor impla¬cável.
— Sim!
Ela não iria deixar que ele fosse embora agora. Não quando ele a trouxera para tão perto. Lucy agarrou-se a ele e recusou-se a deixá-lo ir embora, segurando-o com sua vontade e seus músculos, mentalmente e fisicamen¬te, enquanto ele tentava deixá-la, movendo-se com ele, perto dele, sobre ele, lenta e ritmicamente, acalmando os fogos do desejo dele assim como o seu próprio. Ela o teria. Se não fosse para sempre, por agora, Lucy sabia.
Marcus observava Lucy, seu rosto delicadamente de¬senhado e seu pescoço tão magro que parecia quase de¬licado demais para suportar o peso de sua cabeça.
Ele reiterara para ela que não se divorciaria dela, e pedira a ela que não dissesse nada sobre sua vontade de acabar com o casamento dos dois para nenhum membro da família durante o Natal.
— Você esqueceu que pode haver uma criança? — perguntara ele com rispidez.
— Não tem — disse-lhe Lucy. Mas não tinha certeza se era verdade. Afinal de contas, transaram desde sua última menstruação.
Marcus vira as lágrimas escorrendo nos olhos dela, e depois novamente na véspera do Natal, quando foram à missa de meia-noite com seus pais e a mãe dele.
No dia de Natal eles se juntaram à família de Lucy para o almoço. Lucy mal falara ou comera, e Marcus percebera os olhares sorrateiros que as outras mulheres lançavam para ela, obviamente compartilhando a mes¬ma opinião que a dele de que ela estava magra e toste demais para uma recém-casada.
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NO CALOR DA SEDUÇÃO
RomanceA atraente Lucy Blayne desapareceu da mídia desde que foram reveladas as traições e as trapaças de seu marido. Mas ela está determinada a reestruturar sua vida e, para isso, conta com a ajuda do conselheiro Marcus Carring, um banqueiro rico e famoso...