Capítulo 7.

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Ela não terminara seu champanhe, mas colocou sua taça na bandeja quando o garçom passou e, distraidamente, pegou outra taça. Não devia ter colocado estes sapatos de salto-alto. Sapatos assim eram o estilo de Julia, não o seu.
Infelizmente, o piso não era amigável, pois estava es¬corregadio como um ringue de gelo.
Ela olhou ao redor da sala, mas não conseguiu ver nem seus pais nem seu irmão, e estava pensando em dar sua escapada quando, de repente, Marcus apareceu em sua frente, anunciando severamente:
— Você não acha que já chega?
Já chega do quê? Lucy queria perguntar-lhe. Já chega de amar você? Já chega de querer você e de sofrer por você? Já chega de sonhar com você? Já chega de saber que você nunca vai me amar? Oh, sim, já tinha o sufi¬ciente.
— Na verdade, Marcus, não. — A dor familiar estava de volta e intensificava-se a cada segundo que tinha de passar em sua companhia. A dor agonizante a enlouque¬cia de tal forma, que mal sabia o que estava dizendo.
Marcus estava olhando para ela com um desdém e uma irritação familiares. Lucy levou um susto quando alguém que estava atrás, acidentalmente, esbarrou nela. Os efeitos vertiginosos combinados aos saltos, e de Marcus, definitivamente não eram bons para seu equilíbrio, pensou Lucy miseravelmente quando Marcus agarrou seu braço com firmeza.
— Quantas taças de champanhe você bebeu? — per¬guntou Marcus.
— Não o suficiente — respondeu Lucy com petulân¬cia.
Marcus olhava para ela com uma mistura de irritação e impaciência.
— Você mal consegue ficar de pé — disse-lhe criti¬camente.
— E daí? — Lucy levantou a cabeça. Ela estava de¬safiando Marcus! O que estava acontecendo com ela? Ela não conseguia se controlar. De alguma maneira, ela precisava ver o olhar de raiva e irritação misturadas ao desdém nos olhos dele, apenas para lembrá-la da futili¬dade que é sonhar sonhos impossíveis.
— Na verdade, acho que quero mais champanhe. Es¬tou comemorando, você vê — disse de forma não carac¬terística esvaziando sua taça antes que ele pudesse pegá-la, e olhando a sua volta em busca de um garçom. Seus lábios estavam um pouco dormentes, era verdade, mas seus dedos do pé também, e eles não tinham tido contato algum com o champanhe, tinham?
— Comemorando o quê? — perguntou Marcus segu¬rando o braço dela com mais força.
— Um milagre — respondeu Lucy.
— O único milagre aqui é o fato de você ainda estar de pé — murmurou ele.
O garçom estava quase ao lado dela. Ela esticou o braço para pegar uma taça de champanhe cheia, mas Marcus chegou antes que ela pudesse levantar a taça, os dedos da sua mão livre apertando com força a sua.
— Deixe isto onde está, Lucy — ordenou ele calma¬mente.
— Estou com sede — protestou Lucy. Com sede do néctar do seu beijo, com sede de sentir o toque de sua boca, da sua pele, em todos os lugares. Ela olhou para a mão dele, para os dedos longos em volta dos dela. Que¬ria colocar sua outra mão sobre a mão dele para poder tocá-lo. Queria levantar a mão dele até sua boca para que pudesse sentir o cheiro da pele dele enquanto a ex¬plorava com os lábios e com a língua. O desejo a quei¬mava, saltava de nervo em nervo até que fosse tomada, possuída por ele...
— Acho que está na hora de irmos. — A frieza na voz de Marcus resfriou seus pensamentos superaquecidos.
— Nós? — indagou ela.
— Sim. Nós. Já estava de saída e, a não ser que você queira que os convidados de sua tia vejam você esparra¬mada no chão, acho melhor você ser esperta e sair comi-go. Na verdade, vou insistir nisto.
— Você é meu curador, Marcus, não meu guardião.
— Nesse exato momento, sou um homem muito per¬to do limite de sua paciência. E, além disso, preciso fa¬lar com você sobre Prêt a Party.
Lucy enrijeceu o corpo defensivamente.
— Se você vai discursar sobre Nick novamente... — ela começou, mas Marcus simplesmente ignorou-a e continuou como se ela não o tivesse interrompido.
— Você deve se lembrar que eu mencionei há um tempo atrás que minha irmã Beatrice quer organizar uma festa surpresa para o aniversário de cinqüenta anos do marido dela?
— Sim — concordou Lucy. Beatrice era a irmã mais velha de Marcus e seu marido George era alguém muito importante nos mais altos escalões do serviço público.
— Tenho de ver Beatrice no final desta semana e ela sugeriu que eu levasse você comigo para que pudesse falar sobre a festa com você. Acho que você vai querer checar sua agenda antes de marcarmos um encontro.
Lucy estava agradecida por ter algum trabalho agora — mesmo que isso significasse passar algum tempo com Marcus.
— Estou com a semana razoavelmente livre — res¬pondeu com o máximo de indiferença possível. A ver¬dade era que tinha uma semana completamente livre.
De alguma maneira, chegaram à porta que dava para o hall, onde sua tia já estava dando adeus para alguns de seus convidados, e era óbvio que Marcus tinha toda a intenção de arrastá-la para lá. Se ela caísse por causa dos saltos, ele a arrastaria pelo piso?

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