Capítulo 6.

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Apesar disso, era jovem o suficiente para sonhar seus sonhos tolos, para fantasiar que as coisas mudariam, que um dia entraria no escritório de Marcus e ele olharia para ela como se quisesse arrancar as roupas dela e pos¬suí-la ali e agora. Passara momentos agradáveis ouvin¬do as repreensões irritantes de Marcus, pois se permitia imaginá-lo levantando-se e vindo em direção a ela, pe¬gando-a e usando sua cadeira ou sua mesa para outros fins.
Mas a realidade era que, na verdade, era ela quem queria arrancar as roupas dele. Mas um dia olhara para ele e vira a maneira como ele a olhava. E, então, deu-se conta que suas fantasias ridículas e seus ainda mais ridí¬culos sonhos românticos eram apenas aquilo. Marcus não a queria nem a amava, e nunca a amaria. Foi quando decidira que precisava achar outra pessoa — porque se não fizesse isso, um dia seus sentimentos iriam ser de¬mais para ela e acabaria se humilhando ao declará-los para Marcus.
Certamente, um marido e depois, felizmente, uma fa¬mília a impediria de fazer isso? Ela pensara. Mas seu ca¬samento fora um desastre — privada e publicamente.
Ela não era o tipo de pessoa que queria estar sozinha. Amava crianças e sempre desejou ter a sua. Sabia que um dia Marcus se casaria — e quando se casasse...um tremor de dor atacou brutalmente suas emoções.
Quando se casasse, forçou-se a continuar, esperava estar protegida do que sabia que sentiria, pela alegria e amor que tinha por outro homem e sua família. Como ela se iludira de forma tola e perigosa.
Não podia ficar ali na sala das flores para sempre, Lucy se deu conta e, com alguma sorte, Marcus poderia já ter ido embora. Dando uma última ajeitada nas flores, virou-se para sair.
Assim que abriu a porta que dava para o escritório, a primeira pessoa que viu foi seu primo Johnny, que agar¬rou seu braço e anunciou avidamente,
— ótimo. — Estive procurando por você. — Mais champanhe? — Sem esperar que ela respondesse, pe¬gou uma taça de um garçom que passava e entregou-lhe.
— Devo dizer que a velha garota não está economizando com o champanhe. Deve estar custando uma nota. Champanhe...garçons. Foi você quem organizou?
—  Sim — disse Lucy com pesar, lembrando-se o quanto sua tia barganhara em relação aos custos, e como acabou desistindo, e sugeriu que desse a sua tia Alice o serviço como presente de aniversário, contanto que sua tia desse o champanhe, as entradas e o pagamento dos garçons. O que provavelmente explicava a falta de co¬mida, calculou Lucy.
Tentou não olhar para Marcus, que estava distante, mas de frente para ela, e observando-a, podia ver, com um sorriso preso nos lábios. Ela bebeu um gole rápido e nervoso em seu champanhe e depois outro. Não podia suportar pensar no que aconteceria se Marcus algum dia soubesse da mentira idiota que dissera para o Sr. McVicar. Na ausência de um milagre, teria de dispor de um suposto investidor tão rapidamente quanto o inventara.
— Na verdade, Lucy, tem algo que gostaria de falar com você.
— O quê? — Lucy conseguiu desviar sua atenção de Marcus.
— Preciso conversar com você — repetiu Johnny com paciência.
— Precisa? Johnny, se é de um empréstimo que você está atrás — começou a adverti-lo — ainda não esqueci que você ainda me deve cinqüenta libras.
— Não é nada disso — Johnny assegurou-a honesta¬mente. — O fato é, doce prima, que um conhecido meu perguntou se eu não poderia apresentá-lo a você.
— Perguntou? — disse Lucy com precaução.
— Mmm. Pegue mais uma taça de champanhe — ele acrescentou, pegando a taça quase vazia de Lucy antes que ela pudesse recusar, e chamou um dos garçons que circulavam para que pudesse pegar para ela outra taça.
Do outro lado da sala, o foco determinado de Marcus em direção a ela transformou-se em uma frieza que fez
a mão de Lucy tremer tanto, que ela quase derramou o champanhe.
— Se ele está pensando em contratar a Prêt a Party para fazer um evento para ele... — começou, tentando virar-se para assim não ver Marcus, mas não conseguiu, pois ele também se movimentou.
— Não, o que ele tem em mente é investir dinheiro na Prêt a Party.
— O quê?
— Oh, sim. Ele é um empreendedor e tanto. Ele faz montes de dinheiro. Fornece faxineiros, cozinheiros, al¬guém para esperar o homem do gás, alguém para coletar seu lixo — todos esses tipos de coisas — para os ricos da cidade que não podem desperdiçar tempo com isto. Ele viu o anúncio na A-List Life e soube que você era minha prima e disse que a Prêt a Party é exatamente o tipo de investimento que está procurando. Então, disse que encontraria com você hoje, e que iria sondá-la.
— Johnny... — Sua cabeça estava girando e não lhe ocorreu que poderia ser o excesso de champanhe.
— Por que você não conversa com ele e deixa que ele mesmo explique o que tem em mente? Posso dar para ele o número de telefone do seu escritório...
Quando ela refletira que precisava de um milagre, nunca imaginara que aconteceria um — e certamente não um com esta magnitude. Ficou aliviada, quase tonta.
— Bem, sim, tudo bem, Johnny — concordou ela agradecida.
— Ótimo — Johnny olhou para seu relógio, anun¬ciando. — Deus, é esta a hora? Tenho de ir. A propósito, o nome dele é Andrew Walker.

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