Capítulo 24.

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— Marcus, você não pode comprar isto para mim — disse-lhe Lucy assim que ficaram sozinhos.
— Por que não? Você não gostou? Eu pessoalmente acho que ficaram muito bem em você.
Ele estava brincando? Não existe mulher que não gostaria de diamantes como estes.
— É claro que gosto. Mas não é essa a questão.
— Não? Então o que é? — provocou-a.
— O preço, é claro. Marcus, são muito caros. — Ela parecia tão preocupada, com a testa enrugada e os olhos ansiosos, que ele mesmo franziu os olhos. Ela era a pri-meira mulher que lhe implorava para que não compras¬se uma jóia por causa do preço.
O vendedor voltara, carregando uma pequena caixa quadrada.
— Vamos levar os brincos. Minha noiva amou — anunciou Marcus.
O vendedor sorriu radiante.
— Ah, o senhor não vai se arrepender, eu lhe garanto. E me ocorreu que vocês talvez gostariam de dar uma olhada neste bracelete, que tem o mesmo tipo de pedras. O bracelete é feito de platina e ouro branco. O design é moderno, mas delicado — disse entusiasmado, retiran¬do o bracelete da caixa para que eles pudessem ver.
Lucy teve de segurar a respiração mais uma vez. O bracelete era lindo, simples e elegante.
— Experimente — insistiu Marcus. Lucy balançou a cabeça.
— Não — disse-lhe com firmeza, levantando-se com tal determinação que ela mesma ficou surpresa... — É lindo — concordou ela, virando-se para o vendedor. — Mas eu quase não uso jóias, além do meu relógio. Os brincos já são mais do que o suficiente.                      
Lucy esperou discretamente na parte principal da| loja enquanto Marcus pagava pelos brincos, depois saí¬ram da loja. Ela tinha vontade de aproximar-se dele, pe¬gar seu braço, ou então pegar a mão dele. Mas é claro que ela não fez isso. Uma pequena e inesperada dor apoderou-se dela.
— Obrigada pelos brincos, Marcus — disse-lhe cal¬mamente, lutando contra o desejo de beijá-lo. — São lindos, mas você realmente não precisava.
Ela observou-o sacudir os ombros.
— É claro que precisava. Tem mais alguma coisa que você gostaria de olhar? Nosso carro vai chegar em al¬guns minutos.
Lucy balançou a cabeça. Se fosse sincera, o que que¬ria nesse exato momento, mais do que qualquer outra coisa, era voltar para o hotel para que pudesse ficar so-zinha com Marcus.
O desejo que começara mais cedo em seu quarto, quando ele a beijara, aumentara gradualmente de inten¬sidade toda vez que estava com ele, e era agora um de¬sejo ardente que ultrapassava qualquer outro desejo que pudesse ter. Queria Marcus desesperadamente, comple¬ta e incondicionalmente.
— O que você acha de jantarmos aqui no terraço esta noite? Podemos sair, se você quiser, ou jantar no restau¬rante do hotel. Mas pensei que como vamos voltar para Londres amanhã de manhã, no nosso papel de noivos, esta noite seria uma boa oportunidade para falarmos de qualquer preocupação que possa ter em relação ao fu-turo.
— Jantar no terraço me parece maravilhoso — disse Lucy a Marcus com sinceridade. Eles estavam na suíte dela e tinham acabado de chegar de Palma.
— Vamos falar sobre Prêt a Party, e como você vi¬sualiza o futuro dela — continuou Marcus.
Prêt a Party! Lucy percebeu chocada que ela mal pensara nisto desde que ela e Marcus entraram no avião para Palma.
— Oh, você não... — Ela começou imediatamente a assegurar Marcus de que ele não precisava se preocupar de que ela estaria esperando que ele fosse ajudá-la, e de-pois parou. Andrew Walker dissera que não queria que ela mencionasse a conversa deles com ninguém nesse estágio, e até que ele viesse novamente a ela com uma oferta certa, não havia realmente nada a discutir, havia? Se ela dissesse a Marcus agora que seus problemas em relação a sua empresa tinham terminado, e que a Prêt a Party tinha um investidor em potencial, e depois ter de dizer a ele que tinha sido desapontada, iria parecer mui¬to boba e ingênua. Assim como ela fizera quando Nick a traiu. Ainda podia lembrar como Marcus ficou zanga¬do. Não queria que isso acontecesse uma segunda vez.
— Temos de falar sobre Prêt a Party esta noite? — Lucy perguntou-lhe. — Pensei...
— Pensou o quê?
— Pensei que esta noite seria.. .para nós — sussurrou Lucy.
— Para nós? Bem, certamente seria uma boa idéia se pudéssemos falar sobre algumas questões práticas que precisam ser resolvidas.
O desapontamento preencheu-a.
— Questões práticas? — Ela queria dizer coisas do tipo contraceptivos? Se fosse, ela teria de achar as pala¬vras para dizer a ele que gostava tanto de senti-lo dentro dela, sem nada entre eles, que preferiria ser a responsá¬vel, por isso tomaria pílula anticoncepcional.
— Sim. Questões práticas — repetiu Marcus. — Tais como onde vamos morar. Preferiria continuar na Praça Wendover. Afinal de contas, é da minha família há qua¬se duzentos anos.
— É uma casa adorável — concordou Lucy —, espe¬cialmente o jardim. Mas vou querer redecorá-la. E, defi¬nitivamente, vou querer uma máquina de café expresso na cozinha — acrescentou ela de brincadeira.
— Em relação a decoração, não tem problema — res¬pondeu Marcus. — Em relação à máquina de café ex¬presso precisamos de uma conversa mais aprofundada e de uma concessão. Talvez até mesmo uma compensa¬ção. Mas gosto da idéia de ter um sítio — continuou ele,
— Mmm, gostaria também. Embora eu vá querer continuar a trabalhar, Marcus.
— É claro. Eu também — concordou ele brincando, antes de olhar para seu relógio dizendo-lhe. — Mas lembre-se, já que estamos transando sem nos prevenir, você pode até mesmo já estar grávida. Administrar um negócio e cuidar de um bebê não seria fácil. Olha, são seis horas e eu preciso de um banho. Vou para minha suíte e faço o pedido do jantar para às oito. Por que não nos encontramos às sete e meia?
— Perfeito — disse-lhe Lucy, embora estivesse de¬sapontada.
Decidiu que ela também tomaria um banho. Depois um pequeno sorriso esboçou-se em seus lábios quando olhou em direção à banheira. Pensar em aproveitar uma banheira era muito tentador, especialmente com as me¬mórias eróticas que tinha em mente.
Ela pegou o telefone e discou os números do serviço de quarto para pedir café, depois fechou as persianas e puxou a porta que separava o chuveiro e a área do ba-nheiro do resto. Ser surpreendida na banheira por Marcus era uma coisa; ter um dos garçons entrando enquan¬to estava no chuveiro era outra.
Ela não demorou muito no banho. Amava o luxo das toalhas de hotel, pensava ela, enquanto se secava.
O café chegou e ela foi até a usual mesa para servi-lo, fazendo uma pausa e enrugando a testa quando viu uma caixa embrulhada na mesa ao lado da bandeja de café. Imediatamente, reconheceu o nome gravado na fita. Era o nome da joalheria onde estiveram à tarde.
Lucy pegou a caixa e começou a desembrulhá-la. Ela era grande demais para conter seus brincos. Sua suspei¬ta virou certeza quando abriu-a e viu o bracelete que lhe mostraram na loja.
Marcus comprara para ela? Assim como os brincos? Ele estava realmente a mimando. Materialmente, sim, ele estava mimando-a. Mas ela preferiria ser mimada por seu amor.
No fim das contas, decidiram que deveriam ficar de roupão para o jantar. Não havia ninguém para vê-los e, além disso, acrescentava uma intimidade especial na noite dos dois. Lucy olhou para o bracelete que agora usava. A lua cheia iluminava o terraço. Lucy pegou um de seus camarões e mergulhou no molho de maionese, lambendo os dedos depois de ter terminado e sorriu.

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