Capítulo 5.

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— Meu Deus. Está realmente quente aqui! — Lucy tirou seu cashmere assim que entrou no hall do aparta¬mento da tia Alice.
— Sim. Subornei Johnson, o irmão dela, para que ele ligasse o aquecedor — sorriu Piers.
— Você deveria ter me dito isto antes — Lucy res¬mungou carinhosamente enquanto abanava-se com a mão. — Qual foi a temperatura que você pediu para ele colocar? Está igual a uma sauna aqui dentro. As flores que trouxe para tia Alice vão murchar antes de eu dar para ela.
— Deixa para lá as flores, e quanto aos meus choco¬lates? — Piers disse-lhe com tristeza.
— Piers pensou que Johnson ainda estivesse traba¬lhando em Fahrenheit — o pai de Lucy intrometeu-se.
— Então, disse a ele para colocar a temperatura a ses¬senta e oito graus. Nenhum de nós percebeu até que Johnson voltou e disse que o medidor só ia até os qua¬renta graus.
Lucy juntou-se às risadas de seu irmão, e de repente congelou quando a porta abriu e Marcus entrou.
Era sua imaginação, ou houve um pequeno silêncio
— como se não apenas ela, mas todas as outras pessoas estivessem cientes de como Marcus era formidável e imponente?
Não apenas porque era alto ou tinha os ombros largos e musculosos. Nem mesmo por causa daquela combina¬ção de cabelos grossos e escuros e olhos cinzas impres-sionantes que às vezes ficavam quase verdes.
Então, o que ele tinha que fazia com que não apenas as mulheres, mas os homens também, se virassem para olhar em direção a ele?
Poderia ter algo a ver com o fato de que ele dirigia o Banco Mercantil que estava nas mãos de sua família por tantas gerações? Por causa disso estava em uma posição de grande confiança, responsável não apenas pelo pre¬sente e futuro de seus clientes, mas, em muitos casos, também pelo segredo de seus antepassados.
Mas mesmo se tirasse tudo isto dele — mesmo se ti¬vesse entrado como um estranho — as mulheres ainda assim virariam os rostos para olhá-lo, e continuariam olhando. Lucy reconheceu. Porque Marcus era sexy. Na verdade, era muito sexy. Seu coração tentou saltar den¬tro do peito, mas depois percebeu que era tentar o im-possível e acabou tristemente caindo no chão. Ela bebeu um gole na taça de champanhe que Piers entregara-lhe como uma razão para não ter de olhar para Marcus.
Ele vestia um de seus costumeiros ternos pretos sob medida, uma camisa branca com listas azuis e gravata vermelha típicas de um banqueiro.
Ela bebeu outro gole de seu champanhe.
— Quer outro? — perguntou-lhe Piers.
Lucy balançou a cabeça. Ela não bebia muito, e em seu tipo de trabalho era essencial manter a mente sempre citara. Então, aprendera a beber um pequeno gole em sua bebida e depois abandoná-la discretamente em al¬gum lugar. O lado positivo disso é que sempre estava sóbria, sendo o negativo que seu corpo simplesmente não estava acostumado a lidar com algo mais do que uma pequena taça de algo alcoólico. Mas exatamente nesse momento, o efeito entorpecente de algumas taças de champanhe era provavelmente o que precisava para ajudá-la a lidar com a presença de Marcus, intimidadoramente perto, se não exatamente tão pessoal como seu insensato coração desejava.
— Oh, que bom. Afinal de contas, Marcus conseguiu vir — Lucy ouviu sua mãe exclamar contente para a tia de Lucy. — Charles, vai lá e pede para ele juntar-se a nós.
— Meu Deus, está quente — disse Lucy. — Acho que é melhor eu colocar estas pobres flores na água.
Seu coração estava acelerado quando saiu sem ser percebida com taça de champanhe em mãos, seguindo para os fundos do enorme apartamento.
Como Johnson e a Sra. Johnson, com a ajuda apenas de uma diarista, conseguiam cuidar de um lugar desse tamanho? Lucy perguntou-se enquanto apressava-se em um dos corredores e entrava na "sala das flores". Uma fila de vasos cheios de água já havia sido colocada na bancada. Lucy desembrulhou seu próprio presente e ocupou-se em colocar as flores uma a uma em um vaso.
Estava com tanto medo assim de ver Marcus? A mão dela tremia. Realmente tinha de se fazer esta pergunta?
Quantos anos tinha? Vinte e nove. E quanto tempo fazia desde que olhara para Marcus do outro lado da mesa do escritório dele e percebera...?
Lágrimas repentinamente embaçaram sua visão.
Oh, sim, ela, imediatamente, percebera que se apai¬xonara por ele. Mas soubera com a mesma rapidez que ele não correspondia aos seus sentimentos — que, na verdade, quanto a ele, a presença dela na vida dele era uma inconveniência e irritação que ele preferiria viver sem.

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