Capítulo 43.

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Marcus chegou em casa assim que Lucy saiu do ba¬nho. Quando ela chegou no quarto, ela enrolou-se em uma toalha e estava sentada na cama, o relógio cuidado-samente embrulhado ao seu lado.
— O que é isto? — perguntou ele.
— Seu presente de aniversário.
— Pensei que tivesse recebido de manhã.                  
— Sua gravata? Sim, eu sei. Mas isto é algo extra.
Ela começava a ter um efeito nele que não era o pla¬nejado, Marcus admitiu quando se sentou ao lado dela e desembrulhou o presente.
Ele não tinha certeza do que esperara. Mas quando tirou o papel e viu a familiar caixa de Rolex, ficou sur¬preso.
— Não é novo. Não podia... Mas é exatamente igual ao que você perdeu.
Não era — não completamente — porque o relógio que perdera pertencera a seu pai. Mas ele não lhe disse isto. Colocou o relógio sem dar uma palavra e depois a pegou e beijou-a com feracidade.
Parecia fazer tanto tempo que ele não a beijava dessa forma — embora na realidade tinham voltado da lua-de-mel há quinze dias. E se ele não fizera amor com ela tão apaixonadamente desde que retornaram era provavelmente devido ao fato de que ela não o encorajara. Lucy teve esse breve pensamento, e depois parou de pensar em qualquer coisa quando ele deitou-a na cama e conti¬nuou beijando-a.
Lucy retribuiu ao beijo ardentemente. Ela o amava tanto...
— Vocês dois estão atrasados. O que atrasou vocês? — perguntou a mãe de Lucy quando Lucy e Marcus en¬traram às pressas no restaurante.
Lucy olhou automaticamente para Marcus. Graças a Deus estava escuro demais para que alguém notasse o olhar de Marcus para Lucy.
— Marcus, você conseguiu seu relógio de volta — anunciou Beatrice em meio ao jantar.
— Na verdade, não. Lucy me deu de aniversário.
Ele olhou para ela novamente, e desta vez Lucy sus¬peitou que Beatrice vira o brilho nos olhos de Marcus e percebeu a que a entrega do presente levara, porque ela de repente sorriu e disse em voz baixa para Lucy:
— Aha — agora sei porque pelo menos uma vez fo¬mos os últimos a chegar.
Já passava da meia-noite quando os dois finalmente chegaram em casa.
— Só mais três semanas até o Natal — disse Lucy sonolenta.
— Mmm. No início do ano seria uma época boa para começarmos a procurar aquela casa de campo.
O coração de Lucy acelerou. No início do ano o casa¬mento deles teria terminado, graças a Nick e a Andrew Walker.
— O que há de errado? — perguntou-lhe Marcus.
— Nada. O que faz você pensar que tem?
— Oh, não sei. Talvez o fato de que a temperatura emocional tenha diminuído dez graus tenha a ver com isto — respondeu Marcus, o tom de voz frio. — Tem alguma coisa em sua mente, Lucy.
— Não tem nada em minha mente. Só estou cansada, é tudo —mentiu.
— Quero resolver este assunto da Prêt a Party antes do Natal — anunciou Marcus. — Acho que devíamos ir juntos encontrar com McVicar...
— Não!
— Por que não?
— Já disse a você. Prêt a Party é problema meu. E... e não quero ser intimidada a fazer algo que eu não queira.
Marcus não disse uma palavra. Não precisava. O olhar que ele deu para ela dizia tudo.
Só faltava uma semana para o Natal. Lucy fizera to¬das as suas compras. A Sra. Crabtree tirara umas férias extras para passar mais tempo com a filha e a neta.
Ele não falara sobre Prêt a Party novamente, mas ha¬via uma tensão entre os dois que a magoava.
Pelo menos, ele ainda fazia amor com ela — na ver¬dade, toda noite — com habilidade, paixão e determina¬ção. Mas não, é claro, com amor.
A campainha tocou quando estava no hall. Ela auto¬maticamente foi abrir e congelou quando viu Nick.
Ela tentou fechar a porta, mas Nick forçou-a, dizen¬do-lhe taciturnamente,
— O que você está fazendo? Achei que você fosse ficar contente em me ver. Andrew me disse que ficaria quando disse para eu vir.
— Você não deveria ter vindo aqui — protestou Lucy. — Se Marcus vir você...
— Ele não está aqui, está?
— Não, está no trabalho. Mas se estivesse aqui...
— Mas não está — interrompeu-a Nick.
— Você sabe, Lucy, Andrew está certo — não demos chance ao nosso casamento. Admito que fui um pouco egoísta...
— Não fico surpresa que você tenha se arrependido de ter se casado com Carring. Suponho que quando você o compara comigo, deve achá-lo incompleto — espe-cialmente na cama. — Nick sorriu com afetação. — Afinal de contas, a cama é a minha especialidade — lembra-se?
Lucy desejava dizer-lhe que tudo o que se lembrava era que ele tinha sido incompleto e vazio em todos os sentidos, mas é claro que não podia.
— Você foi meu primeiro amor — disse-lhe.
— Sim, e acho que você acabou acreditando que to¬dos os homens seriam tão bons quanto eu — certo? Bobinha. — Ele balançou a cabeça. — Mas deixa para lá. Logo, logo você e eu podemos compensar o tempo per¬dido. Na verdade... — Ele olhou em direção às escadas. — Por que não começamos agora?
— Não aqui — contestou ela, tentando parecer pesa¬rosa. — Talvez se eu for até você... — Nunca.
— Vir até mim? O que você acha de eu fazer você vir por mim, Lucy? E não levaria muito tempo, levaria? Posso ver em seus olhos o quanto você me quer. Ve¬nha...
— Nick puxou-a em direção a ele.
— Nick — não! Estava de saída... para encontrar com minha mãe.
— Andrew me pediu para dar um recado — disse ele, soltando-a abruptamente. — Você disse a ele que plane¬java deixar Carring, mas ainda está aqui morando com ele.
— Não posso sair assim — protestou Lucy.
— Não... — Nick olhou de forma especulativa para a casa. — Ouso dizer que você quer ter certeza de que vai ganhar uma boa fatia dos milhões dele antes de sair.
— Sim. É... é exatamente isto que estou planejando fazer — concordou Lucy. — E não posso me encontrar com Andrew neste momento, Nick. Marcus pode sus¬peitar. Na verdade, já está suspeitando do fato de eu não querer que ele seja meu sócio na Prêt a Party.
— Bem, Andrew está ficando muito impaciente — assim como os homens que o representam. Andrew dis¬se para dizer a você que se você não se livrar de Marcus voluntariamente, então vai ter de fazer isso para você. Oh, e ele disse para você nem mesmo pensar em contar para Carring o que está acontecendo, porque será como assinar a garantia de morte dele.
Lucy não tinha idéia de quanto tempo fazia desde que Nick partira. Permaneceu sentada nas escadas, os bra¬ços firmes em volta de seus joelhos. Tentava estancar uma ferida que não parava de sangrar. Ela sabia — va¬gamente — que devia ter escurecido do lado de fora, porque o hall estava na escuridão.
Pensamentos e imagens desassociados passavam por sua mente. A primeira noite que ela e Marcus passaram juntos; o fato de que esta semana decidiram procurar por uma árvore de Natal. A máquina de café expresso que ele comprara para ela — a emoção de acordar ao lado dele ali naquela casa pela primeira vez como sua esposa; o prazer que sentia só de olhar para ele.
Logo tudo isto chegaria ao fim. Tinha de ser assim. Caso contrário...

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