Capítulo 13.

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Felizmente, seu cabelo era naturalmente liso, então não precisava fazer nada além de lavá-los e escová-los, pois sabia que quando chegasse ao seu escritório esta-riam secos. E mais felizmente ainda, ela podia ir direto para lá e colocar uns jeans assim que chegasse. Sempre guardava roupas lá caso precisasse.
Sua cabeça começou a doer intensamente — uma combinação de ansiedade em relação ao que Marcus po¬deria dizer-lhe sobre noite passada e a falta de cafeína, constatou Lucy, enquanto descia as escadas em seu ves¬tido de seda, exceto os sapatos de salto alto.
A cozinha de Marcus era, é claro, imaculada. Depois de pegar sua calcinha na lavanderia e rapidamente ves¬ti-la, apressou-se até a cozinha, precisando desesperadamente de uma xícara de café bem forte.
Dez minutos depois, depois de procurar em todos os armários e encontrar apenas café descafeinado, foi for¬çada a admitir que havia uma lacuna entra sua idéia do que era um café preto apropriado e a de Marcus.
Descafeinado. Ela torceu o nariz de desgosto quando se serviu de uma xícara e comeu uma banana.
O frio no estômago não estava lá apenas porque pre¬cisava de cafeína. Estava lá porque noite passada ela se¬duzira Marcus. Porque se atirara nele — e sobre ele. Seu rosto começou a queimar, não apenas pela vergonha que sentia. Sua mente poderia sentir-se culpada e envergo¬nhada, e ainda temer encontrar com Marcus, mas seu fí¬sico estava vangloriando-se do prazer, revivendo com satisfação cada carinho íntimo e cada beijo. E, com cer¬teza, não tinha intenção alguma de sentir qualquer tipo de vergonha.
Mas e o lado emocional? Lucy desejou saber triste¬mente ao sair de casa e seguir até seu escritório que fi¬cava a uma pequena distância dali. O lado emocional es-tava em meio a duas forças opostas de sua mente e cor¬po. Seu lado emocional dizia-lhe que amava Marcus e desejava que ele também a amasse. Sua mente dizia-lhe que isto simplesmente não era possível e advertia-lhe em relação à dor e humilhação. Seu físico, ao contrário, ainda estava nadando no êxito triunfante do sexo que ti¬vera com um amante que elevara a experiência a um plano até aqui desconhecido para ela, a não ser nas fan¬tasias e sonhos eróticos.
Lucy passou na cafeteria, onde regularmente obtinha sua dose de cafeína. Para seu alívio, era a única cliente.
— O de sempre? — a garota de trás do balcão per¬guntou animada.
— Por favor, Sarah... não, faça dois — disse-lhe Lucy. — E dois brownies de chocolate também.
Sarah sorriu para a Lucy.
— Cafeína e carboidrato? A noite deve ter sido boa.
— A melhor, pelo menos, o que consigo me lembrar dela — concordou Lucy sorrindo de volta. Verdade. Ti¬nha sido a melhor — e provavelmente permaneceria sendo a melhor, ela lembrou-se com tristeza pegando seus cafés e os brownies, e voltando para o sol do final da manhã.
Marcus certamente não iria querer uma reprise e, agora que suas fantasias tornaram-se realidade, teria de passar o resto da vida não apenas sabendo que nunca poderia amar outra pessoa, mas também sabendo que nun¬ca mais iria querer transar com outra pessoa.
Era terrível ter de admitir para si mesma, Lucy pen¬sou enquanto entrava às pressas no prédio onde ficava os escritórios da Prêt a Party.
Antes, os escritórios da Prêt a Party ficavam tomados pelo barulho dos toques dos telefones, cliente ligando, pelas risadas de suas duas melhores amigas e sócias. Mas agora estavam vazios e silenciosos. Fechando a porta com os pés, Lucy lutava para não pensar em como Marcus abrira a porta do quarto noite passada — e no que acontecera depois disso.
Cinco minutos depois, já de calças jeans, Lucy sabo¬reou o último gole delicioso de seu café enquanto che¬cava seus e-mails.
Não havia novos pedidos de serviço para a Prêt a Par¬ty, ela viu com tristeza. A única encomenda que tinha pendente era o lançamento de uma nova chuteira de um fabricante de artigos de esportes que aconteceria em uma casa noturna da moda.
Já estava tudo organizado para o lançamento, mas enquanto bebia seu segundo café, Lucy abriu os regis¬tros de produção para checá-los.
Ela baseara o evento inteiro no logo e nas cores do fabricante. Torcedoras vestindo uma versão altamente sexy de um uniforme de futebol entreteriam os convida¬dos cantarolando o nome dos clientes, um novo coquetel iria ser servido, e Lucy decidira que a comida iria ser porções em miniatura da comida favorita — curry e ba-tatinhas em embalagens de plástico.
Quando o telefone de repente tocou, ela olhou-o apreensivamente. Marcus. Tinha de ser! Ela atendeu-o nervosa.
— Poderia falar com a Honorável Lucy Blayne, por favor?
Que alívio! Pensou Lucy corrigindo discretamente a pessoa que ligava,
— Lucy Cardrew falando.
— Oh, oi. É Andrew Walker, seu primo Johnny... André Walker. O milagre que talvez fosse salvar Prêt a Party.
— Oh, sim, claro!
— Olha, sei que está muito em cima, mas vou ter de viajar para fora do país amanhã, então pensei se não ha¬veria a possibilidade de você estar livre para almoçar-mos hoje, e então conversarmos.
Lucy olhou para seu relógio. Já passava do meio-dia.
— Poderíamos almoçar a uma e meia? — sugeriu ela.
—  Ótimo. A brasserie na rua Pont está bem para você?
— Perfeito — confirmou Lucy. A rua Pont ficava praticamente na esquina de seu escritório, e a brasserie era um de seus lugares favoritos.
— Excelente. Então, vejo você lá a uma e meia. Colocando o telefone no gancho, Lucy olhou para seus jeans. Teria de trocá-los para algo mais apropriado a um almoço de negócios. Seu terno Armani, provavel¬mente — Lucy sempre o vestia quando tinha reuniões de negócios. E sempre que ia ver Marcus para pedir que liberasse mais dinheiro de seus fundos.

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