Borboleta Lutadora (✔)

23 • Descoberta

Aproximei-me da cerca e vi duas sombras, uma muito maior que a outra.

- Não podes estar aqui, já estás farto de saber que não podes sair do parque sem autorização!

Que estranho, não sabia que existiam monitores masculinos no parque... Pelo menos eu nunca vi nenhum...

- Não vais dizer a ninguém, pois não?

- Não, mas só desta vez. Agora vai para dentro, rápido! E que isto não se volte a repetir!

Saltei de susto quando um rapaz abriu uma porta na cerca, bem perto do local de onde eu estava a espiar. Ele passou por mim a grande velocidade, por isso nem sequer me viu.

Respirei fundo por não ter sido descoberta, mas quando me estava a preparar para abandonar o local, um rapaz musculado passou pela mesma porta e fechou-a com força. Olhei para ele aterrorizada, já à espera de uma repreensão e de uma humilhação por estar escondida a espreitar e a ouvir a conversa, mas quando ele se virou para mim, o coração quase me saltou do peito ao ver a cara dele. Lancei um suspiro que não sabia que estava a prender, ao mesmo tempo que disse:

- Gabriel?!

Ele olhou para mim fixamente e disse, no mesmo tom espantado:

- Bianca?! O que é que estás aqui a fazer?

Eu - Eu... aaah... ouvi um barulho e vim ver o que era...

Gabriel - Não, o que é que estás a fazer aqui no parque?

Não sei se é por causa de o sol lhe estar a bater no cabelo ou de ele estar a fazer um sorriso super fofo, mas hoje ele parece ainda mais giro que o normal. Ele é mesmo lindo, parece um anjo caído do céu.

Eu - A minha mãe foi viajar e mandou-me para aqui ver anjos...

Gabriel - Anjos?

Mas em que é que eu estou a pensar?!?  

Eu - Não, não!! Eu queria dizer aturar anjos! Que de anjos não têm nada, são todos uns autênticos diabos!

Porque é que a presença dele me está a desconcentrar tanto?

Gabriel - Ah, lá isso é verdade!

Eu - Mas... e tu? Que fazes aqui?

Espero que ele cá tenha vindo pela mesma razão do André, porque não me está a apetecer nada ficar aqui muito tempo a esforçar-me por ter uma conversa decente.

Gabriel - Eu estou a trabalhar, já te tinha dito que andava a tomar conta de crianças. Este é o meu emprego de verão.

Eu - Aah, a sério? Não me lembro... Mas porque é que nunca te vi aqui?

Gabriel - Eu estou a trabalhar no outro lado do parque. (Sorriu e pousou uma mão no meu ombro) Mas já que tu estás aqui, vou pedir para me transferirem para este lado.

Senti instantaneamente um arrepio a percorrer-me o corpo. Não sei se foi do toque dele ou do facto de ele me ter piscado o olho no fim de falar. Ou talvez de ele ser irresistível?

Eu - Sim, faz isso! Vai ser fantástico! Bem... não quero dizer que seja fantástico só por causa de ter a tua companhia... aaah, mas também não quero dizer que és má companhia! Bem, esquece, vai ser bom ter alguém com quem falar.

Acho melhor ficar calada.

Ele apenas me sorriu e começou a andar sem dizer nada. Fiquei um pouco a olhar para ele fixamente, completamente vidrada, mas depois lembrei-me que era suposto segui-lo.