O mistério dos cinco dedos

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Eu algum dia poderia afirmar que minha curiosidade era meu maior mal. Mas não posso negar que ela, é uma característica excepcional para o investigador encasquetado que sou.

Naquela noite, passei quase três horas observando os Warren.

Mas até ali, nenhum comportamento estranho. Procurei símbolos estranhos pela extensão do apartamento deles, através das câmeras. Algo grotesco; algo que indicasse a prova de minhas suposições.

Mas havia o ruim e velho nada.

— Argh, meus pés estão me matando. — Jamia falou, deitando-se no sofá em que estávamos sentados e pousando seus pés em minhas pernas.

Aquele ato me mostrou de maneira incômoda, que nós poderíamos manter uma afinidade de forma saudável, sem pressupostos e indagações errôneas. Calmo e puro como um oceano.

— Você já parou pra pensar que eles podem estar nos observando também? — Jamia levantou a hipótese, bebendo a cerveja que havíamos comprado mais cedo no supermercado.

— Já.

— Achei o tal Gerard bem interessante, o que achou dele?

Olhei-a com certa raiva e desaprovação.

— Não gostei dele.

—Oh, que bonitinho, você com ciúmes da sua amiguinha. — Ela levantou-se e apertou desajeitada, uma das minhas bochechas.

— Você entendeu errado. — Justifiquei, mexendo no mouse do notebook.

— Não crie muita intimidade com ele, ele parece ser muito inteligente. E suspeito.

Na manhã seguinte resolvi olhar novamente o banheiro.

Ele era tão elegante quanto os outros cômodos. Grandes cortinas vermelhas nas janelas, uma pia grande e trabalhada em mármore, e uma banheira. Uma grande e imperuosa banheira... Artefato pelo qual tenho certa hesitação.

Lagos, praias,piscinas.Tudo que tinha forma e acumulava água, deixava desconfortável.

Me fazia lembrar dela... Daquele maldito dia...

Aproximei-me da pia e olhei o ralo escuro. Liguei a torneira para checar o curso da água, se ainda estava lento.

E para a minha certeza, ainda estava.

— Vamos ver o que você esconde, querida pia. — Agachei-me e logo apalpei o cano.

Logo no bocal de conexão com a pia havia um vazamento. Por meus conhecimentos, aquilo indicava que havia algo impedindo a passagem.

Meu eu investigativo não me largava sequer nas horas vagas.

Eu começara girar o cano do bocal cuidadosamente e logo que o desencaixe aconteceu, um cheiro podre, já conhecido por mim, exalou por todo o banheiro.

O inconfundível cheiro de gente morta.

— Jamia! — Gritei tentando tapar o nariz com o dorso da mão direita.

— O que... oh meu Deus que fedor... o que há dentro do cano? — Ela observou o cano erguido para cima na minha mão esquerda.

—  É isso que vamos ver agora.Traga as luvas e um saco de provas.

— Saco de provas?

— Não reconhece o cheiro? É cheiro de corpo em decomposição, agora vá logo.

Jamia correu e depois de instantes voltou com as quatro luvas e o saco de provas.

Tirei o saco da lixeira vazia perto de mim e abri no chão. Logo fiz menção de girar o cano.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora