Gerard... O calor de Gerard

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Eu estava definhando em minha própria lamúria.

Testava o meu próprio limite, esperando ter uma resposta concreta e determinante. Mas para os maus entendedores eu apenas estava virando um alcoólatra e iniciando um quadro de depressão.

Chovia muito, mas não fazia tanto frio. Meu apartamento estava com suas luzes desligadas e a penumbra parecia tornar o ambiente mais triste e deprimente.

Bebia a minha segunda garrafa, e enganava a minha própria mente dizendo que só bebia daquele jeito por ser muito atarefado com minha investigação- que no caso já não era tão minha assim.

Naquele dia, mais cedo, pedi encomendas na mercearia da esquina, para repor meu estoque de bebidas, cigarros e macarrão instantâneo.

Escutei a porta sendo batida novamente. Lembrei do tapa que levei de Jamia, mas mesmo assim não tomei vergonha na cara de imediato. Achei que fosse ela. Mas não era.

Abri a porta sem nem mesmo checar o olho mágico. Embriagado, quase dormindo eu me joguei.

-Oi Frankito...-Ele falou me segurando de súbito, mas sua voz era glacial.

-Olá...-Falei enrolado.

-Anda vamos entrar...-Ele falou com esforço por estar me segurando. Percebi que ele olhou para a mesa de centro e toda a bagunça que ali havia.

Gerard fechou a porta, depois com muita força, ergueu o meu corpo e passou o meu braço pelo seu ombro. Ele me arrastou, tentando adivinhar qual das portas correspondia ao banheiro.

Entramos no comodo certo, e ele ali mesmo me jogou debaixo do chuveiro gelado. Soltei um grunhido pelo choque da água fria, e ele sorriu achando graça da minha situação. Ficamos lá por alguns minutos, ele me olhando estranho com seus braços cruzados e eu o encarando envergonhado. Way só desligou o chuveiro quando eu comecei a xingar e os meus lábios começaram a tremerem.

-Ah... Agora sim você está se recuperando...-Ele soltou uma risadinha sarcástica.

Levantei lentamente, não tão bêbado, mas ainda tonto. Tirei a blusa, enrolei a toalha no quadril e só assim para eu tirar a calça na sua frente, já que ele não fez menção alguma de me dar privacidade em meio a minha vergonha.

-Vista- se, espero você na sala...-Ele ordenou frio, e tirou o casaco enquanto andava.

Depois de me vestir e estar um pouco mais normal, andei silencioso até a cozinha.

Era muito engraçado vê- lo daquela maneira, parecendo uma secretária do lar no seu primeiro dia de faxina em uma casa que não é limpa há dez anos. Ele fazia uma cara de nojo para a pia, e procurava alguma xícara usável naquela montanha de louça suja. Gerard abria o caminho das louças com a ponta dos dedos, aparentemente à ponto de vomitar. Era engraçado.

-O que está fazendo?-Perguntei cruzando os braços.

-Procurando uma xícara... -Ele respondeu sério, concentrado em sua busca.

-Já experimentou olhar no armário de cima? -Fui irônico.

Ele parou imediatamente seu objetivo na pia e me olhou emburrado. Para mim era engraçado, mas ele parecia estar chateado de verdade.

-Com a quantidade de louça suja que está na sua pia, imaginei que não teria mais xícaras guardadas. São oito xícaras sujas no total. Não tem medo da vigilância sanitária e da defesa civil vir parar na sua casa?

-Não.Eles podem tomar conta de tudo. Eu realmente não me importo.

-Enfim...-Respirou fundo e dramático. Abriu o armário de cima e pegou uma xícara azul claro.-Só não fique adoentado... Temos coisas para fazer...

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora