O coreto da meia noite

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Ele vivia em um lugar decadente. Um violentador e suicida em série. Talvez, se não chegássemos à tempo, ele teria feito alguma loucura atípica de um skinhead. Era interessante a foma com a qual ele bufava, tentando nos intimidar com sua suposta raiva. Chegava até ser engraçado. Aquela situação me levava até uma dúvida: porque o ser humano usava da maldade para se sentir melhor e superior? O que de tão prazeroso tem na maldade, no crime, na violência? Seria loucura questionar isso? Essa é realmente nossa natureza?

Em meio todo a esse contexo, eu o algemava com todo o prazer que um ser humano poderia sentir nessa terra. Ele murmurava e xingava, e eu somente tentava compreender a razão de Jam ter se sentido atraída por aquele tipo de homem, que mais parece uma bomba relógio dentro de um saco de ossos e músculos. Ela que sempre fora aparentemente tão dócil, com uma catástrofe cheia de tatuagens e cabeça raspada...?!

O ser humano, definitivamente é surpreendente.

O levaríamos para a cadeia e se dependesse de mim, ele tão cedo sairia de lá. Pagaria por todos os seus crimes, talvez até condenado ao corredor da morte. Mas Jamia estava protegida.

Departamento de polícia de NJ

New Jersey estava cada vez mais perigosa e com isso, as delegacias lotavam como postos de saúde em época de gripe. Um vai e vem frenético de pessoas decorava aquele lugar e Watson parecia que iria ter um AVC à qualquer momento de tão estressado que aparentava estar.

Aproximei-me da recepção e Watson estava encostado no balcão ao lado de Savanna, que parecia igualmente exausta.

-Apreensão de procurado. Skinhead, crimes raciais e tentativa de homicídio são os delitos mais recentes...-Falei para a recepcionista.

-Prendeu o grandão ali?-Watson perguntou, passando a mão na testa suada e se abanando com uma pasta de inquérito policial.

-Sim, ex-namorado de Jamia, tentou nos matar esses dias...-Falei tranquilo, dando os documentos do verme.

Watson me olhou com surpresa e humor.

-Ora, ora, quanta tranquilidade depois de quase ser morto por um homem que tem o dobro do seu tamanho. Jamia está sabendo da prisão?-Ele deu aquele sorrisinho cheio de sarcasmo.

-Mandei uma mensagem para ela, avisando a prisão. Ela vai ter que vir prestar depoimentos, e depois vai ficar tudo bem...-Falei notando Watson suar muito.-porque você e Savanna estão suando tanto? Está onze graus lá fora.

-Comida mexicana. Muita comida mexicana. Chile, todo tipo de pimenta e insetos que você possa imaginar.

-Vocês almoçaram comida mexicana?

-Me falaram que era afrodisíaco, mas está fazendo mais efeito no intestino do que em outro lugar...-Ele falou se contorcendo um pouco e espremendo os olhos. Uma gota de suor escorreu por sua testa.

Eu me aproximei e sussurrei:

-Está tentando levar Savanna para cama. É isso?-Falei em tom de brincadeira.

-Sim, claro que sim! Sabe que não como cinco tipos de pimentas diferentes em vão. Não é todo dia que se acha uma ruiva como ela, toda natural...Ai...!

Eu ri, não acreditando muito naquelas baboseiras de Watson. Continuei assinando papéis, até que dois policiais chegaram e levaram o ex de Jamia para a prisão.

A porta giratória fora movida, e logo avistei Oliver, o chefe de operações cibernéticas. Claro que eu precisava dele, para descobrir onde o irmão de Gerard fora parar, se é que ainda estava vivo.

-Oliver?-O chamei quando passou por mim de cabeça abaixada ajustando os óculos.

-Ah, oi Frank...-Ele falou colocando as mãos nos bolsos e parecendo estar constrangido.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora