Um doce aroma sobre a mesa

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Case-se, e morrerá.

Estava dormindo quando Gerard me ligou.

Ele nunca foi do tipo que se desesperava, mas a aflição na sua voz me deixou alerta.

Estávamos naquela havia algumas semanas: transar, beber, fumar, transar de novo e ignorar a realidade.

Honestamente, eu não estava incomodado por estar comendo um cara que estava prestes a se casar. Isso era até interessante. Às vezes ficava pensando se ela sentia meu cheiro nele, assim como eu sentia o perfume de Alex nela.

Quando percebi o que estava acontecendo, foi a primeira vez que ela parecia intrigada em me ver.

Estava no flat de Gerard, assistindo-o organizar folhas sobre a mesa e ter uma visão ampla dos poemas que havia escrito e que poderiam ser publicados. Estávamos recém banhados e satisfeitos, com os corpos moles e cansados.

A maçaneta girou e ela paralisou quando me viu, rodeada pelas suas malas.

— Frank?

Nós definitivamente não estávamos esperando por ela.

Gerard piscou sucessivamente de onde estava e mudou sua postura. Ele foi até ela e a beijou carinhosamente.

Com a boca umedecida pelo meu sêmen. Que engraçado aquilo era.

Eu também estranharia se visse meu noivo com um marmanjo de cabelo molhado as duas da manhã no meio da sala, mas Gerard parecia exercer algum poder sobre ela.

Scarlet amoleceu com seu toque e sorriu gentil para mim e foi para o quarto.

A cama estava completamente bagunçada, assim como o banheiro.

— O que aconteceu aqui? — Ela perguntou rindo lá de dentro.

— Ah, peguei Frank brincando com uma garota. — Gerard disse, docemente. Girei o pescoço na sua direção, sentindo-me surpreso. Garota.

Era essa a desculpa que ele dizia a ela para justificar minha presença tão constante em suas vidinhas de luxo. Eu queria impressionar garotas mais novas, fingindo ser um ricaço e fodê-las em uma cama king-size. Pobre Scarlet, mal sabia que as garotas mais novas era Gerard e sua gloriosa colaboração sexual.

Num todo, ela achava graça, segundo ele.

— Deveria ter nos chamado para assistir, Frank. — Ela gargalhou lá de dentro, referindo-se a si própria e Gerard tal qual uma comunidade. Uma unidade.

Na cabeça dela, eles já eram um corpo só. Como se toda sua compleição tivesse sido construída a partir da costela de Way.

Naquele instante, gostaria muito de matá-los com minhas próprias mãos.

Um tempo depois, ela voltou e se sentou no colo de Gerard, segurando-se em seu pescoço. Meu estômago embrulhou e decidi seguir silenciosamente para o único banheiro do flat.

A Necessaire dela estava entreaberta sobre a pia de mármore. Com um movimento rápido do indicador, consegui escancarar a bolsa e assim visualizar todo o conteúdo. Maquiagens, cremes da Etude, um removedor de esmaltes e uma amostra de xampu da rede de hotéis espanhol Alabastro, que coincidentemente pertencia ao grupo cujas salas de bronzeamento eram as mais requisitadas na América do Norte. Eles costumam ter um spa com câmara de bronzeamento em cada hotel espalhado pelo mundo.

Peguei a amostra e cheirei.

Eu havia sentido aquele cheiro em algum lugar. E ela estava bronzeada. Sempre estava bronzeada demais para alguém que estava sempre no Canadá.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora