Perícia

132 22 38
                                    

-O que tem Giuseppe? – Gerard se intrometeu, interessado no indivíduo citado.

Way, que tinha um instinto natural para farejar mau caracteres, sempre achou o curador uma pessoa um tanto... Reservada demais. Fora o fato de que ele se vestia como se estivesse nos anos oitenta e nitidamente escovava os cabelos loiros. Seguindo a lógica de que quem roubou entendia de arte...

Bem que ele poderia ter ajudado.

Poderia ter visto o ladrão e o dado cobertura, mantendo todos concentrados enquanto mantinha uma conversa casual sobre fazer crossovers de arte.

-Não estou com os relatórios aqui, estão na delegacia. Mas o único material genético encontrado foi o dele. E outro ponto: mandaram trocar o papel de parede. – Gabriele disse.

Frank voltou a analisar as paredes, e nada parecia modificado. Era apenas o mesmo papel de parede carmim com pequenos pontinhos brancos. E se não o falha a memória, nenhum quadro foi colocado em uma posição diferente.

-Foi apenas o do primeiro andar que trocaram? – Perguntou Frank, analisando tudo ao seu redor.

Gerard pensava. E muito. Tentou recordar algo suspeito das conversas com Giuseppe, algo que o levasse à conclusão de que ele estava envolvido nisso. Mas nada lhe surgia na mente. A não ser o fato de que ele tinha surgido do nada na sua galeria de arte, numa noite chuvosa de novembro enquanto ele trancava as portas. Ficou algumas horas conversando com ele e lhe ofereceu apoio para negociar uma exposição na terra da arte. Porém, depois do incêndio, Giuseppe não fez mais contato e reapareceu magicamente depois que Way saiu da cadeia.

-Não. Trocaram tudo. – Gabriele falou.

-E onde está ele agora? – Gerard perguntou.

-Mandei alguns policiais irem checar o endereço dele, logo teremos respostas. Já o notificamos, mas ele não apareceu na delegacia para depor formalmente.

-Já é um fato suspeito. – Frank disse, parecendo estar em outro mundo. E estava mesmo.

Pensava... Pensava que estava em meio à uma teia. Gerard lhe contou sobre o tal curador ter aparecido em sua vida e voltado exatamente quando ele saiu da cadeia. Mas, o Vadia Londrina não é um quadro famoso, e se de fato ele tivesse atraído Way para a Itália, apenas para ter seu quadro... Não fazia o menor sentido. Não era como se fosse algo pessoal.

-E as câmeras do museu? – Gerard perguntou olhando para os cantos e fitando os aparelhos disfarçadamente distribuídos no hall.

-Alguém congelou as imagens. Tanto na hora do roubo do primeiro, quanto na madrugada do segundo. – Gabriele disse, enfiando as mãos nos bolsos.

-Isso só prova que foi alguém de dentro. – Frank disse. – Alguém que tem livre acesso e de repente desapareceu. – Encarou Gerard, sugestivo. – Aposto que o Giuseppe desapareceu, não é mesmo. – Alternou seu olhar entre Gabriele e Way.

-Eu liguei várias vezes para ele. Não me atendeu. – Gerard disse, impassível.

Na verdade, ele estava se sentindo furioso por começar a achar que Giuseppe o atraiu com a promessa de uma exposição e notoriedade na arte, apenas para pegar seu quadro. Quem sabe ele até seja o chefe desse crime.

-Mas, se eles foram tão bem roubando um quadro... – Frank cortou o assunto. – Porque roubaram o seu apenas depois? Por que se arriscaram a vir aqui uma segunda vez? Tem tantas obras de arte mais caras e que poderiam ser vendidas no mercado negro... – Iero começou a caminhar. Caminhar sempre o ajudava a pensar. Mas claro. O incômodo da bengala o notificava da sua mais nova desgraça.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora