Molly Charles

212 29 8
                                    

O destino do dia era a residência dos Charles.

Lembro, como se fosse hoje, o dia em que li o dossiê relacionado à Molly Charles...
Suicídio à bala. Pulso deslocado e com uma taça de vinho vazia ao lado de seu corpo gelado.

Eu não costumava sentir esse frio na espinha quando falava em mortes, mas estar disfarçado no meio de suspeitos, e estando em risco, sua cabeça muda um pouco. É como ser um exilado político, ou alguém que ficou perdido no deserto.
Entendam: tudo começava a fazer sentindo agora.

Eu não entendi o porque de Watson insistir em nos enfiar naquele prédio. Uma pessoa, apenas uma pessoa fora morta ali. Se o motivo fosse apenas a morte, ele teria nos mandado alugar uma casa nas redondezas da residência do Charles, ou até mesmo no mesmo andar de Ashley.

A questão, a lógica de Watson era: o green palace era o ponto central. O autor do crime das onze e meia poderia ser bom em se esconder, mas não era muito bom com distâncias. Ashley, morava na frente do GP, e foi morta lá. Logo depois que chegamos para apurar mais informações, horas depois Piper foi morta, como um sinal. Como uma mensagem do assassino.

Era como se ele estivesse dizendo...
Quente...

Você está mais quente...

Molly morava à poucas quadras do Green Palace, Catarine era uma corretora de imóveis, que por coincidência indicava moradores de vez em quando para os imóveis de Angelina Green.

Logo que nos infiltramos, as mortes pararam. Estávamos num ambiente onde um manipulador misterioso, órfão de um incêndio num circo, onde Jack Warren era sócio, onde Angelina Green era dona de uma vinha na Europa e que Jack também tinha lá sua parte, esse mesmo homem tinha uma empresa de estética fantasma que incrivelmente descobrimos que o endereço era o do mesmo recanto onde Gerard Way recitava seus poemas e o cafetão de Ashley ouvia prontamente.

Watson fora ardiloso.Mais do que eu. Ele deveria ganhar uma medalha por seu feito tão extravagante e técnico.

Houveram fatos isolados, como o corpo defeituosamente assassinado no estacionamento daquele prédio em ruínas, e Gerard andando pelos corredores com uma maquiagem de palhaço e sua ânsia em me perturbar e me constranger diante de tudo e todos assim que cheguei. O que acarretou em sonhos, pensamentos e em contato físico.

-Deveríamos ter ido lá no início da investigação...-Jamia falou, prestando muita atenção na estrada.

-Não era tão necessário. Watson fora lá antes da perícia coletar o cadáver, o marido e o filho prestaram depoimento. Mas vocês sabem que os inquéritos são sempre muito técnicos. Às vezes a gente pega o criminoso através do informal...-Falei do banco do passageiro.

-Estou tentando puxar a ficha do marido.... Mas esse cara parece um fantasma. -Alex falou digitando freneticamente o notebook.

-Deveríamos ter trazido Oliver....-Jamia olhou para Alex através do retrovisor. E sorriu.

Havia alguma coisa ali. Algo que eu não estava gostando de fazer parte.

Entramos em um bairro tranquilo. Digno de um cenário de filme dos anos cinquenta, onde crianças brincavam com as folhas secas e riam dos esquilos que tentavam subir nas árvores. Jamia olhava aquilo maravilhada. A arquitetura das casas, as pinturas... O ar frio parecia não afetar a vida que ali jazia, apesar do inevitável outono impregnado nas folhas secas ao chão.

-Não quero que pareça uma operação. Vamos ir devagar. Afinal, não avisaram a eles que viríamos.

Manobrei o carro, e estacionei fronte uma casa grande. Com um jardim quase morto. Saímos do carro, e visualizei a casa em um todo. Observei que a cortina de uma janela do segundo andar fora afastada, e um garoto me olhou. Havia muitas fezes no gramado, o que provocava um mau cheiro insuportável.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora