Placebo

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Os gritos dele eram ouvidos do lado de fora. Aquilo chamou muita atenção dos moradores, deixando-os perplexos e extasiados com toda aquela cena.

Surto psicótico. Você ou alguém da sua família, ou algum conhecido terão pelo menos uma vez na vida.

Seus grunhidos eram logos, horas se debatendo, horas agonizando, mas em sua maioria acompanhado de palavras desconexas e pedidos utópicos.

A dona do prédio, acompanhava tudo horrorizada, vendo Gerard esganiçar cada palavra que fluía de sua boa. A princípio pensei ser por conta do tal afeto que ela sentia por ele, mas depois tive outra concepção.

A maior preocupação de Angelina Green era que os vizinhos vissem, e isso atraísse curiosos e mais olhares para seu edifício, afinal, aquele imóvel estava cercado de polêmicas e sua imagem que já era ruim, ficou ainda mais negativa.

Gerard era um homem fora do comum. Além de sua personalidade e de seu caráter duvidoso, ele era de hábitos não muito modernos. O que facilitou a situação para mim, já que seu telefone tinha senha e ele estava muito ocupado delirando e falando coisas sobre mim sem nexo, peguei uma agenda telefônica no criado mudo de seu quarto, e liguei para o que seria seu plano de saúde e seu médico particular.

Quando eles chegaram, agarraram ele com toda brutalidade, enquanto ele se debatia e arregalava os olhos como um louco.

Lembro-me de ele gritar coisas como "você sabe o que sinto e sabe muito bem o que sente!" "Eu me dedico demais à você, querido!"...

Eu nunca o vira assim. Sem controle, sem integridade. Ele sempre se mostrara tão sensato e ciente de tudo ao seu redor e de repente se mostrava fora dos eixos, naquele mundo escuro que ele se enfiara.

Eu me sentia, certamente, culpado. Ele vinha até mim, tirar-me a paciência, provocar... Mas talvez esse tipo de relação não fosse saudável. E eu tentara me afastar, mas ele sempre me atraía, ele sempre tinha uma carta na manga para me deixar próximo dele, e até aquele momento eu não sabia com qual intenção.

Não entendia eu, todos esses sentimentos.
Essa atração de moldes desconhecidos... Intrigava e me aborrecia.

Os enfermeiros vendo que ele estava descontrolado, enfiaram uma agulha enorme no seu braço, e ele imediatamente caiu, sendo amparado por aqueles homens esteticamente fortes e centrados.

Ver sua queda, trouxe-me uma sensação de desconforto, eu queria apoiá-lo, mas ajudar Gerard era uma possibilidade longínqua.
E eu, Frank, me revezava entre me manter calmo e não sentir pena. Afinal, Way era meu ponto fraco.

Levaram-no em uma maca, amarrado.
Não era de hoje que eu sabia que Way não era normal, mas vendo ele naquela situação...

Partia-me o coração.

E eu odiava sentir isso.

***

O ar-condicionado estava em dezesseis graus na sala da recepção. Poltronas de couro cinza, iluminação do mais alto requinte e enfermeiras circulando tranquilamente. A clinica era pequena, mas digna de um milionário.

O médico particular de Gerard já estava na clínica quando chegamos. Ele tentou apaziguar os ânimos e conversar com Way. Só que claro, analisá-lo enquanto tentava entender toda aquela situação incômoda.
E não sei como ele conseguiria tal feito, afinal Gerard é extremamente treinado, e capaz de enganar até os olhos mais treinados.

Depois de algum tempo esperando, ele veio em minha direção, esboçando uma expressão nem um pouco boa.

— Senhor Iero? — Ele perguntou.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora